A atriz Sônia Braga, indicada ao prêmio de melhor atriz aos Prêmios Platino pela atuação em “Aquarius”, destacou em uma entrevista à Agência Efe a existência de uma “nova onda” do cinema ibero-americano e afirmou que, atualmente, o idioma não importa nos filmes, mas sim o que eles têm a dizer.

A brasileira, que estará presente na cerimônia de gala dos Prêmios Platino, em Madri, no próximo dia 22, considerou que o evento não é uma disputa, mas sim um “grande encontro” do cinema ibero-americano. “O objetivo é celebrar”, ressaltou.

“Todos os que estarão lá sabemos o quão difícil é, por muitos motivos, fazer um filme. Esse é o prêmio: participar de um filme, ter trabalho e usar esse trabalho como uma plataforma para devolvermos algo às pessoas”, disse a atriz.

Em Buenos Aires para participar do primeiro Festival Internacional de Cinema dos Países do Sul do Mundo – com filmes da América Latina, África e Oceania -, a atriz observou que o idioma, seja português ou o espanhol, deixou de ser um “impedimento” para que o cinema ibero-americano seja atrativo para o público de outros lugares do mundo.

“Agora há uma nova onda do cinema ibero-americano. Ele está muito mais presente, é muito mais querido e reconhecido. Quem faz cinema no século XII já não deve se importar com a língua ou com o sotaque, mas sim com o que quer dizer”, afirmou.

Nesse sentido, a atriz brasileira afirmou que os filmes devem apresentar como é possível resolver problemas fundamentais, como a pobreza e a falta de lugar para os deslocados por guerras.

“O cinema é bom, mas discutir a vida em um festival de cinema é melhor”, afirmou Sônia Braga, que venceu os Prêmios Platino de Honra do Cinema Ibero-Americano em 2014.

Desta vez, a atriz concorre por “Aquarius” e enfrenta na categoria a espanhola Emma Suárez (“Julieta”), as colombianas Angie Cepeda (“A Semente do Silêncio”) e Juanita Acosta (“Anna”) e a uruguaia Natalia Oreiro (“Gilda, Não Me Arrependo Desse Amor”).

“Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, também indicado aos prêmios de melhor filme de ficção e melhor direção, conta a história de Clara, uma mulher aposentada que vive em um edifício de frente para o mar em Recife, e que se nega a se mudar apesar de uma construtora ter comprado todos os apartamentos do prédio, exceto o seu.

Sônia Braga explica suas diferenças em relação a Clara, mas também fala sobre os aspectos comuns com a personagem.

“Viemos de lugares muito diversos. Sou muito intuitiva, nunca passei pela escola de atores. E Clara vem de um universo acadêmico, intelectual. Mas, quando nós nos encontramos, foi como o mar, o rio, a força das águas que se encontram e que se unem em um caminho para continuar”, afirmou.

Para a atriz, de 67 anos e que há muito tempo reside nos Estados Unidos, Clara foi uma personagem especial que permitiu que ela se reconectasse com seu próprio país.

“Quando ‘Aquarius’ entrou na minha vida me devolveu uma plataforma como mulher, como artista e como cidadã. Muita gente se admirou que eu estava envelhecendo na tela, mas não: eu estava renascendo”, afirmou.

da Agência EFE