Pense rápido: qual a melhor atriz em atividade do cinema americano?

Meryl Streep, provavelmente, deve encabeçar a lista da maioria dos cinéfilos e não-cinéfilos. Cate Blanchett, Helen Mirren, Kate Winslet, Tilda Swinton e Marion Cotillard compõem as outras mais fortes opções de escolhas de boa parte do público.

A ausência de Nicole Kidman chama atenção para quem acompanhou o cinema no início dos anos 2000. A atriz era bola da vez em Hollywood. A versatilidade para ir de blockbusters como “O Pacificador” a “Batman Eternamente” até conseguir roubar a cena em produções de diretores consagrados como Stanley Kubrick (“De Olhos Bem Fechados”), Lars Von Trier (“Dogville”), Jane Campion (“Retratos de uma Mulher”) e Anthony Minghella (“Cold Mountain) a colocavam no primeiro time de Hollywood.

Após muito perseguir em “Moulin Rouge” e “Os Outros”, Nicole Kidman precisou apelar para as famosas interpretações de extrema mudança física em “As Horas” para faturar o Oscar de Melhor Atriz. Daí por diante, a então estrela seguiu o rumo de outras ganhadoras do prêmio (Natalie Portman, Halle Berry, Reese Whiterspoon, Renée Zellweger) ao resolver participar de produções sem maiores ambições (“Mulheres Perfeitas”, “A Intérprete”, “A Feiticeira”, “A Pele”, “A Bússola de Ouro”, etc).

Aliado ao fato dos problemas enfrentados pelas dificuldades enfrentadas pelas mulheres acima dos 30 anos no cinema americano exposto nos últimos meses, Nicole Kidman nunca mais conseguiu atingir o elevado patamar alcançado no início dos anos 2000, quando responder à pergunta colocada no primeiro parágrafo teria ela como opção.

Veja agora a lista com as melhores e a pior atuações da carreira de Nicole Kidman:


5 – Reencontrando a Felicidade

A fase não andava boa para Nicole Kidman. Depois dos fracassos de “Nine”, “A Bússola de Ouro”, “Invasores” e “Austrália”, a atriz passava pelo pior momento da carreira. Justo quando escolheu o projeto menos ambicioso de todos, ela conseguiu o melhor desempenho. “Reencontrando a Felicidade” nada mais é que um drama, como tantos outros lançados a cada nova temporada, da luta de um casal tentando se reerguer após a perda trágica do filho. O que diferencia o filme, entretanto, é a forma sóbria com que lida com o assunto. Kidman atua de forma econômica, mas, não menos dolorosa e sofrida. Não há berros nem cenas desesperadoras; há uma angústia contida e inquietante vinda de dentro da personagem dela, algo que somente grandes intérpretes são capazes de externar. O reconhecimento foi uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz em 2011 e a esperança de caminhos mais bem sucedidos.

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4 – Um Sonho Sem Limites 

Nicole Kidman chegou estourando em Hollywood com “Um Sonho Sem Limites”. Apesar de já ter sido indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante três anos antes pelo trabalho em “Billy Bathgate – O Mundo a Seus Pés”, foi no filme de Gus Van Sant que ela realmente começou a se destacar. A atriz explora toda a beleza e o lado ingênuo/cômico para uma personagem ideal a esses dois quesitos: uma jornalista sem talento que busca se manter no topo a qualquer custa. Mesmo não tendo sido indicada ao Oscar, Kidman recebeu a estatueta de Melhor Atriz em Comédia/Musical do Globo de Ouro, além de despertar todos os holofotes para a então jovem estrela.


3 – Moulin Rouge

Satine era a cortesã mais cobiçada do maior cabaré da Paris no final do século XIX. E assim como o jovem poeta Christian (Ewan McGregor), bastava vê-la pela primeira vez para nos apaixonarmos. No musical mais amado e odiado dos anos 2000, Nicole Kidman hipnotiza o espectador com ao mesclar encanto e sensualidade. Ao soltar a voz, a atriz não decepciona e mostra ser para lá afinada ao interpretar clássicos como “Diamons are the Girls Best Friend” e a inédita “Come What May” no desfecho do longa. O atestado de versatilidade estava lá.


2 – Dogville

Por melhor que seja, aguentar as loucuras de Lars Von Trier não deve ser fácil. Nicole Kidman nunca admitiu nem negou as desavenças com o cineasta dinamarquês, porém, a decisão de não retornar para interpretar Grace Margaret Mulligan em “Manderlay” mostra o quão difícil deve ter sido as gravações de “Dogville”. Independente disso, não há como negar o brilhante trabalho de ambos nesta obra experimental e de difícil execução. Vinda de duas indicações seguidas ao Oscar, inclusive dona da estatueta de Melhor Atriz por “As Horas”, Kidman se despe de qualquer vaidade e se entrega à dura e humilhante trajetória de uma personagem que escancara a falácia do bom-mocismo americano. Tudo para culminar na chocante sequência final. Um projeto ousado para encerrar o melhor momento da carreira da atriz.

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1 – Os Outros

“Os Outros” tinha tudo para ser mais um suspense sobrenatural com uma reviravolta no final. Era moda no início dos anos 2000 quando estourou um certo M.Night Shyamalan. Havia, entretanto, duas diferenças: o talento do cineasta chileno Alejandro Amenábar, responsável pela direção e roteiro capaz de criar a atmosfera sufocante do projeto, e o excelente elenco. Tanto as duas crianças quanto Fionnula Flanagan estão muito bem, mas, é Nicole Kidman quem consegue elevar a obra um patamar acima dos demais filmes do gênero. A capacidade em criar uma personagem aterrorizada em meio a situações incapazes de serem explicadas pela razão e o temor pela segurança dos filhos levam o público a temer pelo destino daquelas pessoas, diferente de 99% das obras do gênero em que não estamos interessados no que vai acontecer. Chega a ser incompreensível como a Academia de Hollywood deixou esse trabalho excelente de Kidman passar batido para ficar com o desempenho mediano dela em “As Horas”, no qual a maquiagem e, claro, o nariz chamam muito mais atenção do que o desempenho dela.

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O pior – Os Invasores

Mais disputado que escolher o melhor trabalho é eleger qual a pior atuação de Nicole Kidman nos cinemas. “Mulheres Perfeitas”, por exemplo, serve apenas para saber como ela ficaria em um filme da Barbie, já em “Nine”, a atriz fica completamente apagada perante Penelope Cruz e Marion Cotillard, enquanto “Reféns”, “Esposa de Mentirinha” e “A Feiticeira” são vergonhas puras. “Os Invasores”, entretanto, traz algo terrível para qualquer ator: o piloto automático. Se nos projetos citados acima, ainda se vê uma mísera tentativa de se construir um personagem ou apenas a busca por trocados a mais, nesta ficção científica estrelada ao lado de Daniel Craig, Kidman parece ter aberto mão do filme e apenas faz caras e bocas de assustada, fora o corre-corre típico desse tipo de filme. Era o fundo do poço em um momento nada bom para a atriz.