Não bastasse toda a devastadora segunda onda da COVID-19 em Manaus, a classe artística da cidade ainda precisou lidar com uma notícia preocupante nesta quinta-feira (20). O Diário Oficial do Município confirmou a nomeação de conhecidos nomes ligados à política amazonense para cargos importantes da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).
Seriam indicações políticas naturais se não fossem de pessoas com pouca ou nenhuma ligação com o setor cultural da cidade: Elias Emanuel será o novo diretor do Departamento de Grandes Eventos, Reizo Castelo Branco assume a direção do departamento de difusão e Carlos Portta ficará como gerente do Café Teatro.
Temendo que a Manauscult se torne um cabide de empregos para políticos derrotados nas últimas eleições municipais – somados, Elias, Portta e Reizo tiveram apenas 6.371 votos -, a reação de repúdio da classe artística foi imediata nas redes sociais:
FETAM – Federação de Teatro do Amazonas
CASARÃO DE IDEIAS
ATELIÊ 23
O OUTRO LADO
O Cine Set entrou em contato com o titular da Manauscult, o também ex-vereador Alonso Oliveira. Ele informou que estava em reuniões com a equipe da pasta e não poderia falar com a reportagem. Mais tarde, voltamos a procurar a assessoria do secretário que disse que Alonso não se pronunciaria; somente a secretaria de comunicação da Prefeitura se manifestaria sobre o assunto.
Já Elias Emanuel conversou com a equipe do Cine Set e disse que recebeu o convite do próprio prefeito David Almeida e de Alonso Oliveira. O ex-vereador salientou que, na Câmara Municipal, realizou contribuições para a cultura de Manaus.
“Fiz uma lei que criou a Semana Municipal de Bandas e Fanfarras, um trabalho de ser resgatado que vou levar como sugestão para a nova administração. Recentemente, aprovei o tombamento do Quilombo de São Benedito, na Praça 14 como patrimônio imaterial de Manaus, incluindo também a festa do quilombo, ocorrida todo dia 4 de abril, no calendário da cidade. Isso valoriza a negritude da nossa cidade a partir de uma comunidade vinda do Maranhão”, disse.
Segundo Elias, apesar da pandemia da COVID-19, nada impede que o ano de 2020 seja de planejamento para a realização de futuro eventos. Ele também garantiu a realização de novas edições do Passo a Paço. “Manaus é um celeiro enorme da cultura e de grandes eventos. Para que as coisas funcionem, será necessário conversar com todos os participantes da cena cultural. A gestão pública só se consolida através do diálogo e da troca de ideias”.
Perguntado sobre quais obras do cinema, teatro ou da música amazonense mais chamaram sua atenção nos últimos anos, Elias declarou: “Para mim, o que há de mais importante nos últimos tempos é a reconstituição do patrimônio histórico de Manaus. Então, eu entendo que a revalorização destes patrimônios que temos é fundamental. Por exemplo, o trabalho que comecei com o quilombo de São Benedito na Praça 14. A cultura precisa caminhar e valorizar no sentido da identidade do seu povo”, disse. Refizemos a pergunta e a resposta: “Por exemplo… eu posso te falar de várias coisas que aconteceram por aqui: temos o Festival de Jazz e Ópera, realizados pelo governo estadual. Teve também os vários festivais de cinema na cidade de Manaus. Há obras muito boas do Márcio Souza, da polêmica do boto, do trabalho feito dele sobre a Amazônia”.
O Cine Set entrou em contato com Reizo Castelo Branco, mas, a assessoria informou que ele estava em reuniões e não poderia atender. Caso haja respostas, atualizaremos nesta matéria.