Bridget Jones (Renee Zellweger) encantou o cinema em 2001 ao apresentar em seu divertido diário a luta contra a balança, o desejo de ser uma profissional bem sucedida e seu coração dividido entre o mulherengo, mas atencioso, Daniel Cleaver (Hugh Grant) e o gentleman, porém frígido, Mark Darcy (Colin Firth). Quinze anos depois, a solteirona inglesa está de volta. Com um diário virtual, FaceTime, uma carreira estável, peso ideal e, mais uma vez, dividida, dessa vez em quem será o pai de seu bebê.


Os questionamentos de Jones

Com 43 anos, Jones se tornou uma mulher madura, segura de suas escolhas e que não vê mais a presença de um homem como o centro de sua vida. Desta forma, embora clichê, o filme acaba por levantar questões relacionadas a mulheres que engravidam já em idade avançada e as convenções sociais e biológicas.

Os primeiros diálogos do filme giram em torno da maternidade, da própria pressão que a sociedade faz em cima das mulheres para que gerem descendentes. Se anteriormente, Bridget representava a mulher acima do peso, solteirona, ela ainda representa a mulher solteira, mas agora sem filhos. Em um dos diálogos, a personagem afirma que ficou para titia, como os padrões sociais rotulam uma mulher que chegou a casa dos 40 sem um parceiro emocional e filhos.

O filme ainda tenta passar, mesmo que discretamente e quase imperceptível, o discurso em prol das minorias frente ao conservadorismo, visto na figura pública paroquiana de Pâmela Jones e nos clientes de Mark Darcy. O próprio discurso da personagem é revisto no decorrer da película.


Trilha sonora

Bridget Jones sempre marcou pelo humor causado por suas inseguranças e equívocos, o visual londrino e a trilha sonora. Ela consegue imergir de um Elton John a Robbie Williams e, neste último filme, não é diferente. Ele caminha sobre os sucessos das solteironas dos anos 90 com Celine Dion até o topo da Billboard, Rihana e Ellie Goulding.

O filme consegue atualizar a personagem e este é um dos grandes atributos de “O Bebê de Bridget Jones”: ele cresce junto com o seu público. Há elementos que há 15 anos não seriam possíveis utilizar e que se tornaram importantes no mundo contemporâneo e também para o dia a dia de Bridget Jones. O humor aproveita-se para ser construído usando-os como ferrramenta.

Une-se a atualidade a trilha sonora e temos o Festival TomorrowLand e a presença unânime de Ed Sheeran.


Os parceiros de Bridget Jones

Colin Firth mais uma vez entrega um Mark Darcy frígido, sério, um ótimo advogado e apaixonado por Bridget Jones. É nítida a entrega do ator ao personagem e aqui se destaca a cena em que ele descobre a possibilidade de ser o pai da criança, a expressão facial é contida, como a personagem é construída, mas os traços de felicidade estão lá. Você pode sentir, mesmo que faltem as palavras e expressões concretas.

É neste filme, também, que fica clara a inspiração da personagem no homem perfeito construído por Jane Austen. Além do nome, Mark FRITZWILLIAM DARCY, as atitudes dele o tornam próximos de seu referencial e, assim como Bridget é importante para a obra, ele também é um dos nomes que torna a franquia ainda atrativa.

Junto a ele temos Jack Qwant (Patrick Dempsey), um matemático, programador multimilionário, conhecido por desenvolver um algoritmo do amor. Esse algoritmo invade o roteiro quando a química de Jack e Bridget é bem mais eficaz que a dela com Daniel Cleaver. A demonstração de afeto do o galã de Grey’s Anatomy é mais funcional e chega a conquistar a plateia. Mais uma vez, o roteiro mostra uma personagem madura isso reflete na escolha de seus pares, mesmo que os métodos não sejam convencionais.


O tempo de Bridget Jones

O filme é cômico, leve e carrega alguns clichês sociais como todas as comédias românticas contemporâneas.  Mas o trio Dempsey-Zellweger-Firth consegue nutrir a mesma química, e talvez até mais, que havia nas sequências anteriores com Grant.

Ao pensar no tempo que levou para finalmente a franquia produzir este filme, fica a indagação se era realmente necessário uma continuação e se supriria os 12 anos de hiato, conseguindo transpor a personagem carismática de Zellweger. Após tantas especulações, como a saída de Hugh Grant do elenco, as mudanças estéticas, principalmente faciais, de Renée Zellweger, se torna impossível pensar numa Bridget sem ser ela.