Como tornar comédias românticas nada criativas mais interessantes?

A atual fórmula encontrada pelos estúdios de Hollywood é reunir um elenco repleto de grandes atores com jovens sensações do cinema americano. O objetivo é conseguir disfarçar os graves problemas de roteiro das obras. Assim, saíram filmes como “Estão Todos Bem”, “Noite de Ano Novo”, “Idas e Vindas do Amor”. Nesta temporada, o longa da vez é “O Casamento do Ano”, o qual reuniu Robert De Niro, Susan Sarandon, Amanda Seyfried e, claro, as onipresentes das comédias românticas: Katherine Heigl e Diane Keaton.

O fiapo de história envolve o tal casamento de Missy (Seyfried) e Alejandro (Ben Barnes). Adotado quando criança pelo ex-casal Ellie (Keaton) e Don (De Niro), o noivo vai tentar manter a aparência de normalidade à família norte-americana quando a mãe biológica dele, uma colombiana católica, vai à cerimônia. Paralelo a isso, a trama ainda mostra o drama da crise de casamento de Lyla (Heigl) e o romance entre Jared (Topher Grace) e Nuria (Ana Ayora).

Exigir das comédias românticas originalidade é pedir demais, como demonstra a sinopse acima. O problema que torna “O Casamento do Ano” insosso é a incapacidade do diretor e roteirista Justin Zackham (“Antes de Partir”) de conseguir extrair humanidade dos personagens. A história para realizar o triângulo amoroso entre De Niro-Keaton-Sarandon sai de uma situação forçada, piorando à medida que a história se desenvolve pelo excesso de subtramas como, por exemplo, o draminha da personagem de Heigl (sempre no mesmo papel) ou no insosso casal principal. Para fazer gracinhas, a obra ainda apela para situações embaraçosas como vômitos, queda em piscina ou rios e personagem apanhando a todo momento. Fica a sensação que todos os personagens assim como o público são tontos e desprovidos de algum tipo de inteligência, precisando apelar para risos fáceis e momentos sentimentalistas.

Infelizmente, se alguma coisa fica de memorável em “O Casamento do Ano” é o lamentável estereótipo aos latinos durante toda projeção. Engraçado como a decisão de afastar a personagem de Sarandon do convívio familiar para passar a impressão de família americana normal já é carregada de um pré-julgamento da colombiana mesmo antes dela entrar em cena, como se não fosse capaz de entender conceitos como separação de casais em pleno século XXI. A construção feita pela atriz Patricia Rae, com o terço sempre nas mãos, a roupa mais do que comportada e o exagero carregado em olhares, somente piora a situação. Já a filha desta também vinda da Colômbia consegue ser rídicula: uma ninfomaníaca disposta a fazer sexo com o primeiro que passa pelo caminho e disposta a ficar nua na frente de qualquer pessoa, sendo o necessário o conselho Keaton para que se valorize mais.

Preconceito é pouco.

Apesar disso, “O Casamento do Ano” é tão fraco que será esquecido logo depois que os créditos subirem. Você não lembrará do começo, meio e fim na primeira vitrine do shopping. O fato se torna triste de verdade por reunir atores talentosos e históricos para o cinema. A fórmula, porém, fica aberta para mais um estúdio picareta contratar grandes nomes e realizar a nova comédia romântica do momento.

NOTA:5,5