Com o passar do filme, sentimos uma espécie de déjà vu, pois é inevitável não lembrar de outros títulos, como o fraco 1408 (2007), e os ótimos Os Outros (2001), Ilha do medo (2010) e O Sexto sentido (1999). Assim como acontece nesses filmes, vemos as certezas do protagonista diminuírem com o tempo, dando espaço a uma série de fragilidades.

E o que mais acontece no decorrer da história é a dúvida: será que o fantasma realmente existe? Será que ela está enlouquecendo? Alguém está armando tudo aquilo?

E infelizmente parece que o diretor preferiu não permitir que o filme permanecesse com essa dúvida no ar, pois preferiu seguir o caminho dos sustos óbvios e completamente previsíveis, que enfraquecem a tentativa de desenvolver um suspense psicológico, ao qual o filme parecia se propor no início.

O trabalho de Rebecca Hall é competente, embora apresente falhas, principalmente impostas pelo fraco roteiro. Mostrando-se, a princípio, como uma ateia cética, que não acredita em fantasmas, vida após a morte e qualquer coisa que remeta ao sobrenatural, Cathcart vai mostrando muitas fragilidades no decorrer da trama, causadas principalmente pela perda de uma pessoa. É claro que não há problemas em o personagem passar por uma transformação no decorrer da história, mas da maneira como ela é feita no filme, soa artificial, e rápida e fácil demais. De um minuto para outro, ela é a pessoa mais assustada da história. A impressão que fica é de que ela não era tão cética quanto parecia, e isso é um defeito grave que quase põe o filme a perder, pois mostra a fragilidade com a qual a personagem foi construída.

Os coadjuvantes do filme desempenham um competente trabalho. O destaque fica para Imelda Staunton, que vive a empregada Maud Hill, que dá interessante complexidade ao seu personagem, apresentando uma surpreendente surpresa no final. Também merecem destaque o jovem Isaac Hempstead Wright e Joseph Mawle, que apresentam um marcante trabalho. Dominic West também faz um bom papel, mas demonstra certas falhas, como a suposta gagueira que apresenta no início do filme, que desaparece no desenrolar da história.

O diretor de fotografia, Eduard Grau faz um bom trabalho criando um clima apreensivo e hostil para seus personagens, trazendo uma fotografia sempre escura e sombria. Outro fator ótimo do filme é a sua competentíssima direção de arte, em que a diretora Fiona Gavin apresenta cenários muito bem construídos e críveis, alem de optar acertadamente por cores mais sóbrias para ilustrar o momento vivido pela Europa durante aqueles anos.

Apesar de possíveis defeitos e escolhas duvidosas, O Despertar apresenta um desfecho interessante, que deixa o espectador com uma pontinha deliciosa de dúvida na cabeça no final, fazendo até com que relevemos certas falhas que vimos anteriormente.

Talvez poderia ter sido muito melhor do foi se não tivesse optado por escolhas tão fáceis pelo caminho, mas o filme não ofende a inteligência do espectador, e digamos que consegue se salvar nos últimos instantes.

Nota: 6,0