Há mais de 100 anos, quem poderia imaginar que o cinema chegaria ao patamar que se encontra nos dias atuais? Nascido em meio aos burburinhos da sociedade moderna com a proposta de entreter operários em feiras populares, ele expandiu sua própria experiência e se tornou uma arte, quase inseparável do homem pós-moderno. A necessidade do homem de contar histórias é um dos principais ingredientes que impulsionou esse mercado, fazendo a indústria cinematográfica, que valia menos de um centavo, partir para as milhões de cifras que vale atualmente. É inegável então a capacidade do cinema de contar histórias e conectá-las aos mais variados tipos de pessoas.

O cinema se tornou uma fala – uma experiência que vai muito além do que se vê na tela, que conta e possibilita àquele que vê, imaginar o futuro, o passado ou momentos que jamais poderiam ser vividos. O cinema é emoção e ele faz parte de vários momentos que um dia vão se tornar histórias, das mais tristes às mais alegres, talvez. Ele faz parte da vida, e é por isso, que o Cine SET continua missão de revelar quais filmes fazem parte da história das pessoas. Entre estudantes e uma galera que vive imersa no mundo da comunicação, “O Filme da Minha Vida” de hoje te leva a uma jornada cinematográfica de descobertas. 


Valdeniza Vasques – “Férias Frustradas de Verão” (Adventureland), de Greg Mottola

Para Valdeniza Vasques, “Férias Frustradas de Verão”, dirigido por Greg Mottola foi filme responsável por fazer despertar nela, pela primeira vez, um sentimento de identificação com o cinema. “Eu poderia dizer: se eu fosse um filme, eu seria esse filme. Toda a história é melancólica, nostálgica e engraçada; eu me reconheci em traços de vários personagens, desde o otimismo e a arrogância juvenis até a insatisfação e o desconforto com o mundo que são tão mais fortes na adolescência”, disse ela.

O filme, que se passa no verão de 1987, conta a história de James Brennan após descobrir que seus planos para a tão sonhada viagem à Europa foram por água à baixo porque seus pais não tinham dinheiro para pagar os custos da viagem. Vasques comenta que o filme é uma forma de refletir sobre si mesmo, principalmente através da trilha sonora. “Eu sempre revejo o filme para me redescobrir, sem contar que a trilha sonora é uma das mais lindas possíveis. A cena dos fogos de artificio com Don’t Dream It’s Over tocando ao fundo sempre me faz sentir um pouco mais otimista sobre o que ainda tem para ser experimentado na vida e no mundo”, afirmou.


Luana Nobre – “Tomates Verdes Fritos” (Fried Green Tomatoes), de Jon Avnet

A jornalista Luana Nobre é da geração que todo fim de semana corria até a locadora para alugar vários filmes. Passava horas lendo as sinopses e escolhendo minuciosamente cada filme. Nessa época, descobriu muitas coisas, entre elas: gêneros, trilhas sonoras, diretores, atores etc. E acabou descobrindo também o filme que viria a marcar sua vida: “Tomates Verdes Fritos” (Fried Green Tomatoes), de Jon Avnet. “O filme é de 91, mas a temática ainda é tão atual. Ele fala sobre amizade e sobre o preconceito da sociedade em que estamos inseridos”, afirmou.

Tomates Verdes Fritos, que é um conto em forma de filme tem em seu cenário interiorano personagens seletos que dividem um espaço por igual e mostram que seus papéis são importantes, sejam mulheres ou negros – tão discriminados naquela (e na nossa) época. Para Luana, o filme parece transmitir uma ótima mensagem sobre a moral e a amizade, mas que também vai muito além disso. “O filme toca em diversos assuntos polêmicos, como a violência doméstica, o racismo e o machismo, de maneira sutil, porém intensa, além de contar com personagens femininas muito fortes e inspiradoras”, comentou.


Flaíze Viana – “Lion – Uma Jornada Para Casa”, de Garth Davis

A assessora da polícia civil, Flaíze Viana, sempre gostou mais de comédias românticas e filme bobinhos, mas quando assistiu “Lion – Uma Jornada Para Casa”, de Garth Davis, sentiu uma emoção de conexão com a história e com o cinema. “Fiquei muito sensibilizada pela história de vida do pequeno Saroo. O filme retrata a fascinante relação familiar, numa Índia pobre e superpopulosa. A mensagem do filme fala da esperança em reatar laços, de buscar a verdade sobre si e principalmente sobre o amor que conduz nossas vidas”, relatou.

A emoção e a reflexão que o filme pode trazer foi o que mais marcou Flaíze e tornou a experiência cinematográfica um marco para sua vida. “Eu como boa admiradora de histórias reais com finais felizes, fiquei encantada. A cena na qual as crianças aparecem cantando uma música, uma espécie de mantra no orfanato, é de uma beleza única. Morri de chorar! ”, comentou.


Bruna Marcela – “Em nome de Deus” (The Magdalene Sisters), de Peter Mullan

A estudante de enfermagem, Bruna Marcela, sempre foi uma romântica assumida e sempre amou filmes com finais felizes, mas não estava acostumada com filmes que retratassem de forma tão verossímil a história. Isso porque, para ela, geralmente os filmes mostravam uma heroína diferente e pouco autoconfiante que encontra num homem tudo aquilo que faltava em si, inclusive o amor próprio. Mas, foi em “Em nome de Deus” (The Magdalene Sisters), de Peter Mullan, que a estudante viu que o amor, por mais verdadeiro é puro que fosse, era visto como um pecado e digno das mais severas punições, como castração a sangue frio, por exemplo. “Era a primeira vez que me deparava com este tipo de abordagem, o que, surpreendentemente, fez com que amasse ainda mais o filme e a história”, contou.

Para Marcela, esse é um filme lindo que mostra o quanto o amor de verdade é forte e atemporal. “Além de ter cenas explícitas, o filme retrata bem as punições exercidas pela igreja às pessoas que cometeram o simples deslize de se apaixonar perdidamente por outro alguém. Isso me impactou bastante e, embora já façam 3 anos que eu o assisti, as cenas exibidas permanecem nítidas na minha mente”, contou.

O filme marcou a vida dela porque descobriu que as coisas eram bem diferentes do que a indústria cinematográfica mostrava. “Pesquisei ainda mais sobre convenções da aristocracia no século XVIII e hoje este um dos assuntos pelo qual mais me interesso em saber e discutir”, afirmou. 


Izamir Barbosa – “A Viagem de Chihiro” (Spirited Away), de Hayao Miyazaki

Para o assessor de comunicação da Fundação Amazonas Sustentável, Izamir Barbosa,  A Viagem de Chihiro” (Spirited Away), de Hayao Miyazaki, é sem dúvidas, o filme que não existe época para reassistir e vibrar novamente em nostalgia. “Assisti em 2001, na época eu tinha apenas 9 anos e ainda não conseguia sintetizar o significado por trás de desenhos animados completamente, mas lembro que Chihiro me fez concluir que, mesmo sendo tão pequeno e com tão pouca idade, eu era capaz de superar quaisquer dificuldades e que, se eu quisesse, poderia voar para qualquer lugar”, contou.

O filme marcou tanto na vida dele que é uma forma de se sentir otimista sobre os desafios da vida.  É um filme que me dá forças para seguir em frente”, afirmou. 


Débora Cruz – Psicopata Americano (American Psycho), de Mary Harron

A administradora, Débora Cruz, sempre gostou de filmes de terror e filmes B dos anos 80. Mas, foi com o Psicopata Americano (American Psycho), de Mary Harron, que ela teve uma onexão com o cinema e deixou na sua memória uma experiência marcante.  “Esse foi o filme da minha vida porque fiquei encantada com a atuação maravilhosa do Christian Bale. O personagem, Patrick Bateman, é fascinante. A história prende e você nunca entende muito bem quem é quem dentro da cabeça maluca do protagonista”, contou.

A emoção de ver o filme marcou tanto que levou Débora a pesquisar mais sobre o assunto e hoje é muito mais engajada com psicologia e áreas afins. “Depois de ver este filme passei uns bons meses sem conseguir ver qualquer filme que exigisse um pouco mais de atenção, porque fiquei muito obcecada pesquisando tudo o que podia sobre o filme e a psicologia”, contou.