Conheça os filmes da vida de pessoas conhecidas e anônimas neste especial de Caio Pimenta para o Cine Set.


Carlos Barbosa – fundador da Leão do Norte

Filme Escolhido: O Sexto Sentido

“Pra mim é sempre muito engraçado quando me perguntam qual é o meu filme preferido ou música preferida e por aí vai, porque eu NUNCA sei responder. Isso é um reflexo da minha memória, que não é muito boa e por eu não saber eleger muito minhas preferências (risos). Mas “O Sexto Sentido” é um filme que me marcou muito e também me traumatizou. Eu era muito medroso e meu irmão vivia me dando sustos. Lembro de ir na locadora com a minha tia e meu irmão e eles alugaram esse filme. Assistindo ao filme eu me tremia todinho de medo. Depois da cena em que ele vai fazer xixi no banheiro e uma mulher/morta passa atrás dele na porta, eu desisti de assistir e subi a escada da casa da minha tia chorando. O trauma de ter que ir fazer xixi depois de lembrar toda vez que uma morta passava atrás dele ficou na minha cabeça por anos (claro, que depois eu vi ele completo). Fora o trauma, é um filme que abriu portas para eu entender um pouco de elementos narrativos, diga-se, por exemplo, as o uso da cor vermelha no filme, que sempre aparece nos momentos sobrenaturais”.



Dante Graça – editor-chefe do Portal A Crítica
Filme Escolhido: Forrest Gump – O Contador de Histórias

“Muitas perguntas sobre cinema podem ser difíceis, mas essa é bem fácil. Forrest Gump mudou minha percepção sobre cinema, sobre a arte e sobre a vida. Me ensinou que com bom coração, tudo pode dar certo. Vi mais de 30 vezes e sei várias falas decoradas. Entrei para o meu casamento com o tema de abertura do filme e um dia ele estará tatuado na minha pele”.



Guilherme Leslat – organizador do Mundo Geek

Filme Escolhido: A Princesa Xuxa e os Trapalhões

“Foi o primeiro filme que vi no cinema, no extinto cine teatro Guarany; tinha 8 anos na época e fui levado pelo meu tio. Através dele comecei à ficar aficcionado por filmes de diversos países e gêneros, me tornando assim um grande fã da sétima arte”.



Kátia Brasil – co-fundadora da agência Amazônia Real

Filme Escolhido: Limite

“O filme mudo “Limite”, de Mário Peixoto, lançado em 1931, foi o filme que marcou minha vida de cinéfila ao assisti-lo em 1988, no cineclube da faculdade de jornalismo Hélio Alonso, no Rio de Janeiro. Depois tive a chance de revê-lo no Cine Estação Botafogo, que nos anos 80 fazia a maratona de filmes na madrugada. “Limite” me deixou chocada com as histórias de submissão, amarras e desespero que as duas personagens contavam de seus casamentos em um barco à deriva no oceano. Elas, e mais um homem, eram náufragos. É do barco que as cenas, em preto e branco, surgem contando as histórias pessoais de cada uma. O filme foi rodado na pacata cidade de Mangaratiba, no litoral do Rio de Janeiro, entre os anos de 1930 e 1931. Mário Peixoto (1908-1992) foi o roteirista, diretor, produtor, montador, entre outras funções do filme. A fotografia e a trilha sonora, com Eric Satie e Debussy, são inesquecíveis. “Limite” se tornou um clássico do cinema brasileiro. A obra, que foi restaurada pela Film Foundation, de Martin Scorsese, está disponível no YouTube”.



Priscila Diógenes –  historiadora

Filme Escolhido: “Amor” 
“Assisti “Amour” em meados de 2013, um grande amigo me apresentou. É um genuíno enredo sobre o amor, retrata a solidão do processo de envelhecimento, que me remete à minha avó”.


Tammy Rosas
– criadora do blog Circo Literário
Filme Escolhido: “Moulin Rouge”

“Quando leio “filme da minha vida” penso em inúmeras animações, como Atlantis, que foi o primeiro longa que vi no cinema, ainda no Centro de Manaus. Penso em Jurassic Park por ser minha franquia favorita e ter certa relação com minha profissão atual. Mas no meio desse caos cinematográfico, o vermelho se destaca. O filme da minha vida é “Moulin Rouge: Amor em vermelho”. A primeira vez que assisti esse filme foi em VHS na casa de minha avó, pois na época tínhamos uma locadora (Bonsai) e creio que o que mais me impressionou foi a forma como o filme começa. Veja bem, eu era uma criança e logo no início ele (Ewan McGregor) já me diz que o amor dele morreu. Pra mim era uma novidade, estava acostumada com finais felizes. Some isso a toda a história, a parte musical baseada em três óperas/operetas, as cores e a edição genial e temos o filme da minha vida”.



Mariah Brandt – jornalista

Filme Escolhido: “Que Horas Ela Volta?”

“É muito difícil escolher O Filme da Minha Vida, questionar sobre a minha vida que eu acho que tenho, a que eu quero ter e as que eu já tive foi o primeiro passo. Porque nós somos muitos, os filmes são muitos, as experiências com cada um deles também podem ser. Sempre vi o cinema pra além do entretenimento, consegui entender isso melhor depois de lidar com cinema academicamente, no curso de Jornalismo.

Os meus filmes preferidos são brasileiros, quando criança assisti muito o filme do Cazuza, O Tempo Não Para. Queria entender porque tinha uma piscina cheia de ratos, queria saber como aqueles ratos tinham ido parar lá, se eles viriam um dia pra minha piscina. Mas esse ainda não é o filme da minha vida, mas ok, no filme da minha vida a cena mais marcante acontece numa piscina, de fato.

Piscina é um sonho de consumo de muita gente. Desde criança até adulto, quem não tem quer e quando tem deixa pra lá. É um exemplo incrível pra explicar vários bens de consumo nossos que a gente acha WOW PRECISO! E no Filme da Minha Vida a piscina é exatamente isso: um objeto de apelo social.

A personagem da Regina Casé entra na piscina quando descobre que a filha passou pra Arquitetura na Federal, meus olhos já embaçaram de lágrimas só de lembrar dessa que é a cena mais marcante do filme. Eu poderia escolher um filme preferido brasileiro de algum ator como o Selton Mello ou Wagner Moura, que são figuras geniais. Só que o cinema pra mim não é somete sobre entretenimento, como eu falei antes. E nem é preciso ser cinéfilo pra entender o que tá acontecendo com a figura feminina no cinema mundial.

Assistir a Regina Casé em “Que horas ela volta?” pra mim foi libertador. Porque eu sei da bagagem dela através da TV Futura mas também sei que pra muita gente a TV aberta transformou ela na apresentadora chata das tardes de domingo. Vê-la num papel tão representativo como o da Val foi inspirador.

Vi pela primeira vez “Que horas ela volta?” sozinha, talvez esse seja um dos motivos também pra ele ter sido o escolhido. Quando se é indeciso assistir um filme sozinha já é uma experiência de realização. Ele representaria o Brasil no Oscar na categoria filme estrangeiro e eu fui esperando pouco, mesmo sabendo que o Oscar é um excelente indicador.

Minha mãe precisou sair de Manaus quando eu tava no segundo ano do ensino médio, quando eu já vivia a correria de querer passar no vestibular pra Jornalismo. Ela não viveu comigo a pressão nem a emoção. A Val deixou a Jéssica em Pernambuco pra buscar uma vida melhor como babá em São Paulo. Quando a Jéssica foi encontrar com ela na capital paulista ela já tava crescida, cheia de certezas.

Ver minhas situações mega pessoais naquele personagem foi dolorido e eu tava sozinha vendo o filme na programação do Telecine, foi uma olhada pra dentro de mim através da tela da TV. A convivência das duas é estranha porque elas não sabem muito bem como lidar e é notório o quanto as duas esperavam por aquilo. Meu irmão mais velho vai casar e a minha mãe me contou hoje que vem ficar um mês antes do casamento com a gente, agora eu já sei “Que horas ela volta”, por isso elegi esse como o filme da minha vida”.