Sérgio Andrade

Responsável pelo premiado “A Floresta de Jonathas”, Sérgio Andrade deve voltar aos sets de gravações neste ano. Com duração prevista de 90 minutos e a ser rodado em Manaus, “Antes o Tempo Não Acabava” é o título do próximo projeto do cineasta. “O roteiro trabalha os conflitos entre tradição e modernidade no ambiente das comunidades nativas urbanas. As etnias indígenas mais populosas se instalam na periferia da metrópole e formam um mundo alternativo, em que suas culturas não encontram respaldo pleno nos programas culturais e nas iniciativas sócio-educacionais”, disse o diretor.

O protagonista de “Antes o Tempo Não Acabava” será um jovem saterê de 20 anos morador de uma região periférica de Manaus. “Ele vive nesse contexto geográfico e passa por um processo de rompimento com as tradições arcaicas indígenas. Após entrar em choque com os rituais de sua tribo, ele parte para o centro da cidade, passando a enfrentar uma nova realidade. Terá que lidar com conflitos não só internos, mas com o novo ambiente e pessoas que o cercam, num processo que culmina no seu amadurecimento”. As filmagens, segundo Sérgio, devem acontecer entre setembro e novembro de 2014 e terá o apoio do Petrobras Cultural e do Ibermidia.

O cineasta amazonense considera que 2013 foi o ano de colher os frutos de “A Floresta de Jonathas”. Participação em mais de 25 festivais ao redor do mundo fez Sérgio acompanhar a repercussão do longa para cada plateia diferente. “No Canadá, por exemplo, perguntaram se o filme era brasileiro mesmo. Pelo que entendi, eles trataram como um filme sem pátria, sem regionalismo. Nos EUA, essa compreensão da Amazônia mais universalista também foi sentida, juntamente com elogios à qualidade técnica do som e da fotografia. Na Alemanha, e o que predomina também na Europa, foi tido como um filme “arthouse”, feito na floresta. Já na Índia, mostrar um filme para uma plateia lotada e alvoroçada é como ver um filho fazer um gol na decisão do campeonato. Os indianos respeitam cinema, tem uma adoração por filmes e também tem fascínio pela natureza como algo sagrado”.

Quanto ao cenário do cinema local, Sérgio se disse orgulhoso dos resultados obtidos e da evolução artística de Aldemar Mathias, Emerson Medina, Rod Castro, Bárbara Umbra (montagem), Keila Serruya e Ricardo Manjaro, além do trabalho de produção de Carolina Fernandes, Marcos Tupinambá, Chicão, Elenise Maia e Sidney Medina, e a contribuição de Yure Cesar na fotografia. “Se houver mais formação, mais esforço, menos fofoca, mais união e mais incentivo, com certeza, teremos resultados ainda maiores. E quero contribuir pra que tenhamos uma sala de cinema de arte na cidade”.

Filme favoritos de 2013: “Azul é a Cor Mais Quente”, “O Som ao Redor” e “Um Estranho no Lago”

Rafael Lima

Vencedor dos prêmios de Melhor Diretor e Filme de Ficção no Amazonas Film Festival, Rafael Lima pretende focar no design e um curta-metragem de animação para concorrer no Anima Mundi. “Não abandonei a arte, mas a verdade é que fiz “Germes” porque tive aquela ideia há algum tempo e acreditei fortemente nela, mas ainda não senti isso por nenhuma outra das ideias que tenho guardadas na manga até agora. Atualmente, estou ajudando colegas em outros projetos cinematográficos”, disse.

Orgulhoso do material produzido em 2013 e surpreso pelo sucesso de “Germes”, Rafael admite já sentir pressão pelo próximo trabalho. “Não esperava vencer nada dentro do Amazonas Film Festival e sinto que isso gerou uma expectativa das pessoas em relação ao meu próximo projeto”.

Quanto ao cinema amazonense em geral, ele considera o caminho trilhado pelos artistas da região promissor. “Acho que as pessoas estão se arriscando cada vez mais dentro do cenário local e produzindo coisas de maneira independente. Ainda falta muito pra se tornar um cenário ideal, mas estamos no caminho”.

Filmes favoritos de 2013: “Django Livre”, “Gravidade” e “O Lugar Onde Tudo Termina”. PS: “Breaking Bad” foi a melhor coisa que vi em 2013. A última temporada com certeza superou tudo que assisti nos cinemas no ano passado.

Rod Castro

Nome responsável por uma série de curtas do Amazonas, Rod Castro já possui dois novos projetos engatilhados para este ano: a participação como produtor de “Nascer, Crescer, Negar”, de Emerson Medina e “Al Dente”, parceria com Leonardo Mancini em que será diretor do filme. Além disso, ele pretende colaborar nas novas obras de Diego Nogueira, Érika Guedes e um possível curta de Moacyr Massulo. Ufa!

Sobre “Al Dente”, Rod afirmou ser tratar de um projeto antigo que se tornará realidade em 2014. “O curta traz a história de um cozinheiro local que, por toda uma trama que contada no filme, acaba se vendo em uma situação limite: se livrar de uma surra que vai levar em seu ambiente de trabalho. Ou seja, a cena final é uma luta em uma cozinha”. Previsto para ser rodado no final de fevereiro e início de março, a obra terá no elenco Diego Nogueira, Márcio Braga, Moacyr Massulo, Érica Guedes, Erismar Freitas e Diego Bauer (eu mesmo!).

Somente em 2013, Rod participou de cinco curtas-metragens amazonenses: “A Lista” (diretor ao lado de Leonardo Mancini), “Papo de Elevador” (trilha sonora), “Germes” (roteiro e produção executiva), “Quando um Homem Diz Amém” (roteiro e trilha sonora) e “Mau Hábito” (roteiro e produção executiva). “Gostei muito de tudo, acho que os resultados finais foram excelentes. E acho que não sou refém do que produzo como curta. Explico: fiz o filme – leia-se: tá pronto pra exibir – eu o abandono. Deixo ele viver sua vida, e nunca ponho muitas expectativas, o que vier, é lucro”.

Rod considerou positiva a recepção de “A Lista” no Amazonas Film Festival, exaltando os elogios recebidos pelo crítico de cinema Celso Sabadin e o diretor de “Mataram Meu Irmão”, Cristiano Burlan. “Tudo isso nos incentiva. É óbvio que você ouve elogios e também críticas. Praticamente todas – as críticas – recebo com sorriso no rosto, ouço e na sequência debato as razões que nos fizeram ter optado por um estilo, um enredo e até mesmo um final. Na maioria das vezes a pessoa acaba concordando. Pois é muito fácil criticar ou dar outra ideia quando o produto final está lá. Mas na hora de gravar e com as condições – todas elas possíveis – que você teve de gravar, será que aquela pessoa faria realmente melhor?”.

Sobre os trabalhos de outros diretores locais, Rod exaltou Aldemar Matias com o curta “Anos de Luz”, Emerson Medina com “Papo de Elevador” e Everton Macedo de “Watyama”.

Filmes Favoritos de 2013: “A Caça” (“tema contemporâneo: injúria e difamação”), “Gravidade” (“tira os pés do chão da realidade”) e “Killer Joe” (“Friedkin mostra o mestre que ele é com uma atmosfera densa, interpretações magistrais e um final impactante”).

Anderson Mendes

Conhecido pelos sucessos de “A Incrível História de Coti” e “Picolé do Aranha”, Anderson Mendes coordena o núcleo de cinema do Amazon Sat. O projeto do segundo concurso de roteiros da emissora deve produzir neste ano 20 curtas-metragens no estado, sendo 18 ficções e dois documentários. “O desafio maior será trabalhar algumas obras que vão exigir efeitos visuais. Nossa meta é melhorar a qualidade dessas produções em comparação à primeira edição. A previsão é que rodemos dois curtas por mês, de fevereiro até novembro. Vamos fazer seleção de elenco pra cada filme também”.

A primeira edição do concurso de roteiros realizada em 2013 terminou com 14 curtas-metragens produzidos. O resultado mais expressivo foi alcançado por H2O. Dirigido por Moacyr Massulo, o filme participou na Argentina do Festival Internacional de Cine de Derechos Humanos. Mesmo assim com tanto êxito, Mendes busca melhores resultados. “Como trabalhamos com prazo apertado, algumas dessas obras não tiveram o resultado conforme o planejado. Se pudesse, teria refeito alguns curtas e algumas cenas. Mas, no final no conjunto da obra, a produção de foi bem positiva”. Para o produtor audiovisual, o projeto é pioneiro na região e deve render ainda mais frutos. “Talentos foram descobertos e lapidados. Os filmes assistidos na TV e internet. Tivemos alguns casos onde os atores eram reconhecidos na rua pelos seus papéis”.

Para Mendes, o desenvolvimento técnico da produção amazonense chama a atenção do realizador. Ele ainda destacou dois nomes da atual cena do cinema do estado. “Gostei muito do trabalho do Rummenigge Wilkens com o “Histeria”. Também não posso deixar de citar o trabalho e a paixão do Seu Moacy Freitas pela sétima arte, ao me proporcionar trabalhar em seu último filme “Sonhos e pesadelos””, destacou ainda revelando aprovação aos documentários da última seleção do Amazonas Film Festival.

Filmes Favoritos de 2013: “Círculo de Fogo”, “Gravidade” e “O Hobbit – A Desolação de Smaug” (“Sou nerd, cinema para mim é diversão”).

Francis Madson

Com o surpreendente “Jardim de Percevejos”, Francis Madson foi uma das revelações do Amazonas Film Festival 2013. O diretor já está com dois projetos prontos para serem filmados neste ano. “Descafuçuzado” será gravado no primeiro semestre de 2014. e “trata-se de um trabalho derivado a partir de algumas questões sobre identidade, intolerância, sujeito, território”. Já “No Céu Da Boca Cresceu Saturno” terá como tema central o canibalismo. Ambos seguem sem elenco definido e data para gravação.

Madson evitou entrar no debate sobre a evolução ou não do cinema amazonense. “Exercito uma relação de aos poucos tentar não ser leviano quando o assunto é tratar o fazer-dizer do outro, mas, sim, entender as formas que o outro fala sobre o mundo e permitir que essa produção atravesse e faça contato com as minhas experiências e afetos”. Ele ainda declarou que espera um 2014 de radicalidade e transgressão.

Filmes Favoritos de 2013: “O Som ao Redor”, “Amor” e “Sanã” (curta-metragem)