Você é um produtor/diretor de cinema e quer que seu filme saia da sala de projeção direto para os tapetes vermelhos das premiações mundo afora. Sim, você está botando os pés pelas mãos. Mas vamos ignorar isso. O assunto do post de hoje é algo que muita gente só para pra prestar atenção lá para janeiro ou fevereiro, quando os filmes ‘do Oscar’ começam a ficar mais conhecidos.

No entanto, quem acompanha o mundo do cinema sabe que até a estatueta dourada chegar, são muitas e muitas sessões para a imprensa e a indústria. E uma das etapas mais importantes para fazer o filme ‘ficar falado’ é a presença em um ou mais festivais de cinema. O segundo semestre tem quatro grandes eventos desse tipo, que acabam responsáveis por ‘fazer ou quebrar’ a carreira de um filme: Veneza, Toronto, Telluride e Nova York.

Para te deixar por dentro do que esperar para os próximos meses, o Cine Set preparou um guia supimpa. Continua lendo e vamos viajar pelo mundo!

Veneza

A primeira parada é daqui a algumas semaninhas. Para muitos o ‘primo pobre’ do Festival de Cannes, Veneza é tão antigo quanto o seu colega francês e, junto a ele, se estabilizou como uma das duas partes da ‘trinca sagrada’ dos festivais (Berlim, que acontece no início do ano, é o terceiro). “Cisne Negro”, “A Rainha”, “Gravidade” e até mesmo Jennifer Lawrence (que ganhou prêmio de atriz revelação lá em 2008) têm muito a agradecer à recepção obtida na ilha italiana de Lido.

Neste ano, o festival pode representar a primeira chance de ouro para o novo filme de Tom Hooper, “The Danish Girl” – que traz mais uma transformação de Eddie Redmayne. Charlie Kauffman divide a cadeira de diretor com Duke Johnson em “Anomalisa”, um filme em stop-motion concretizado graças ao Kickstarter. Depois do sucesso de “True Detective”, Cary Fukunaga retorna às telonas com “Beasts of No Nation”, que tem Idris Elba no papel principal e produção do Netflix (!!).

O festival conta ainda com filmes novos de Aleksandr Sokurov, Amos Gitai, Atom Egoyan e Luca Guadagino, que volta a dirigir Tilda Swinton, dessa vez em inglês.

Telluride

‘Imprensado’ entre Veneza e Toronto está o festival que virou queridinho dos cineastas e críticos de cinema. Muitos inclusive preferem ir ao evento realizado no estado norte-americano do Colorado do que encarar a imprensa europeia na Itália.

Sem badalação e nem tapete vermelho, as sessões são cheias de mistérios – só se descobre o que vai passar em Telluride quando se chega lá. Entre os filmes que começaram as suas carreiras no Colorado, estão produções como “Veludo Azul”, “Fale Com Ela”, “Quem Quer Ser Um Milionário” e muitas outras.

Toronto

Em setembro, os olhos do mundo cinéfilo se voltam para o Canadá. Mais intimista que Veneza e Cannes, o Festival de Toronto, assim como o de Telluride, é a chance que muitos filmes independentes têm de se destacar e conseguir um lugar ao sol. Foi assim como o nosso “Central do Brasil”, que passou em Sundance e Berlin, mas foi em Toronto que ele começou a carreira super vitoriosa que teve. “Beleza Americana” e “Brokeback Mountain”? Também estrearam primeiro no Canadá.

Para 2015, a curadoria do festival selecionou títulos que já vem sendo comentados há tempos.

Tem Bryan Cranston saindo da pele de Walter White e vivendo um roteirista que entrou para a Lista Negra de Hollywood na história real “Trumbo” e Jake Gyllenhaal sendo dirigido por Jean-Marc Valee (o novo diretor-ímã de Oscar) em “Demolition”. Stephen Frears dirige a polêmica história da queda do ciclista Lance Armstrong, vivido aqui por Ben Foster. Sensação em Sundance, o romance “Brooklyn” promete vender Saoirse Ronan como uma nova Carey Mulligan; Johnny Depp tenta a redenção da carreira em “Black Mass”, do mesmo diretor de “Coração Louco”. E vai ter aquele suspense de ‘o Ridley Scott finalmente acertou?’ com a exibição de “The Martian”, novo filme do diretor.

O filho de Alfonso Cuarón, Jonás, dirige “Desierto”, com Gael Garcia Bernal. Julie Delpy apresenta a comédia “Lolo”, escrita, dirigida e estrelada por ela. Pablo Larrain viaja a Toronto com “The Club”, filme que promete tocar na ferida das acusações de pedofilia na Igreja Católica. Outro nome de destaque na lista de Toronto é o de Hany Abu-Assad, que leva a vida do cantor árabe Mohammad Asaf às telonas em “The Idol”.

Da safra de Veneza, “Anomalisa”, “The Danish Girl” e “Beasts of No Nation” ganham repeteco em terras canadenses. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, “Deephan”, de Jacques Audiard, também será exibido em Toronto, assim como “Louder Than Bombs” (Joachim Trier), “Youth” (Paolo Sorrentino), “Sicario” (Dennis Villeneuve) e “The Lobster” (Yorgos Lanthimos), aclamados na Riviera francesa em maio deste ano.

Nova York

Por fim, um festival mais compacto e nem sempre tão atraente quanto os citados acima. Ainda assim, o NYFF consegue produções que outros festivais provavelmente adorariam ter em seus ‘line-ups’. É o caso de “Steve Jobs”, filme de Danny Boyle que tem a difícil missão (cof cof) de nos convencer de que Michael Fassbender é melhor que Ashton Kutcher. Brincadeira. “Steve Jobs” será exibido como a “centerpiece” – ou seja, no meio do festival, sem abri-lo ou fechá-lo.

Para iniciar o NYFF, foi selecionado o novo filme de Robert Zemeckis, “The Walk”, baseado no documentário “Man on Wire”. O encerramento ficará por conta de “Miles Ahead”, cinebiografia do músico de jazz Miles Davis, vivido por Don Chadle, que também estreia na cadeira de diretor.