Com a proximidade do final de 2016, há o tradicional balanço dos ganhadores e perdedores no cinema e na TV. Este ano, podemos dizer que a média de qualidade esteve mais presente nas séries que apresentaram ótimos índices de audiência e virtudes nas suas temporadas.  O cinema, por sua vez entre os blockbusters, praticamente não conseguiu refletir estes aspectos: financeiramente foi um ano preocupante com diversas superproduções faturando abaixo do que o estimado inicialmente. É claro que tivemos belos sucessos – A Disney até o momento, é o estúdio vitorioso com lucro de 7 bilhões –, mas diferente de 2015 que apresentou um equilíbrio nas bilheterias, 2016 evidenciou o desequilíbrio notório entre as produções milionárias. É importante lembra que esta lista por ser subjetiva, poderá ser injusta ou polêmica em alguns casos, por isso sintam-se à vontade para enumerar na área de comentários, os seus principais ganhadores e perdedores do cinema e na TV.

Os Perdedores

WOODY-ALLENCrisis in Six Scenes – O perdedor renegado pelo próprio pai

2016 realmente não foi dos melhores para Woody Allen. Em Cannes, seu novo trabalho Café Society foi recebido friamente pela crítica e o diretor ainda viu reacender o episódio controverso na qual é acusado de abusar sexualmente de menores. Na Tv o panorama não mudou: em sua primeira série de televisão, lançada diretamente para plataforma da Amazon Prime, Crisis in Six Scenes representou uma total perda de tempo, com piadas de sarcasmo um tanto quanto inadequadas. É preferível assistir os seus trabalhos mais ordinários do cinema do que aguentar os 6 episódios desta primeira temporada. Não é à toa que ele próprio não aprova sua experiência “Espero nunca mais ter de fazer isto enquanto estiver vivo”, disse em recente entrevista. Concordamos com você Woody.

ben-hurBen-Hur – O remake perdedor que nem Jesus salva

Pessoalmente não acho o remake do clássico filme de 59 tão ruim, até porque há boas cenas de ação perdidas em um roteiro raso, sem contar que o cinema lançou coisas bem piores este ano. Porém, o remake dirigido Timur Bekmambetov deu um prejuízo de R$120 milhões para MGM e Paramount já que obteve uma pífia bilheteria de R$ 54 milhões (custou mais de 100 milhões). Sinal que em tempos tão apocalípticos (politicamente e socialmente), nem a presença de Jesus Cristo como personagem do filme, conseguiu salvar a produção da tragédia.


Vinyl – O Encontro do Pop-Rock da Chatice

A reunião do maestro do cinema Martin Scorsese e do gênio do Rock Mick Jagger para realizarem juntos uma série que mostrava o panorama do rock na década de 70, tinha tudo para ser um sucesso, ainda mais pelo fato de ter o canal HBO envolvido na produção e milhões de dólares disponíveis. O resultado final é de uma chatice absurda. Vinyl é arrastada, burocrática e sem vida em traçar o seu olhar sobre a efervescência do Rock nos bastidores.  Nem mesmo o Diabo, considerado como símbolo máximo da música, saiu sem entender como uma reunião como esta conseguiu a proeza de ser tediosa.

o bom gigante amigoO Bom Gigante Amigo – Quando até os Deuses erram

Quem imaginaria que o Walt Disney do cinema Steven Spielberg, seria um dos grandes derrotados de 2016? Responsável por criar na década de 70 o próprio cinema blockbuster com Tubarão, o cineasta viu seu novo trabalho O Bom Gigante Amigo ser um filme-família desastroso que rendeu abaixo do esperado: Os analistas acreditam que o filme vai gerar um prejuízo entre 90 a 100 milhões aos estúdios envolvidos. O resultado final pífio até para um fã de Spielberg como eu mostra-se indefensável: BFG é uma fábula desarmônica, que apesar das suas boas intenções de encenar uma história de solidão e inadequação infantil, não consegue conectar o espectador a uma emoção mais genuína.

The Walking DeadThe Walking Dead – O perdedor da sonolência e enrolação

Sou fã de zumbis, das HQs escrita por Robert Kirkman e sempre tolerei os recursos maniqueístas utilizados pela equipe The Walking Dead durante as sete temporadas. Contudo, 2016 representou o fim da paciência quanto a estas manobras: a sexta temporada foi marcada por cliffhangers ordinários e excessivos referentes ao destino de vários personagens. A sétima por sua vez, até começou bem e sangrenta, com indícios de que teríamos na teoria, uma ótima temporada para explorar os vários caminhos narrativos que o seriado iria oferecer. Pena que a atual temporada tenha transformado esta qualidade em sonolência pura. Episódios arrastados, enroladores, com o tédio imperando e um vilão como Negan, que apesar da atuação forte de Jeffrey Dean Morgan se tornou uma caricatura de si mesmo. Não é a toa que a audiência nesta temporada, caiu consideravelmente.

Os Ganhadores

'Stranger Things'Stranger Things – O Vencedor mineirinho-cult

Quem disse que o famoso boca a boca não funciona em tempos atuais? A série da Netflix foi o “bom mineirinho”: comeu pelas beiradas até se tornar a sensação cult de 2016. A série agradou tanto o público mais velho e a geração recente, jogando ambos aos nostálgicos anos 80. Com uma ótima ambientação e climas essencialmente “spielberguiano” e “carpeteriano”, Stranger Things fez o público viajar pelo coração da aventura, da ficção científica e do horror com uma qualidade impressionante, cativando as pessoas através de um elenco infantil genial e ressuscitando a carreira de Winona Ryder.

Procurando-dory1Procurando Dory – O vencedor feijão com arroz nostálgico

Mesmo o tempo elevado de 13 anos de lançamento em relação ao primeiro filme (Procurando Nemo), não impediu que Procurando Dory fosse à animação mais lucrativa na terra do tio Sam, sem contar a maior bilheteria americana. Por mais que falte a originalidade e qualidade que a Pixar já ofereceu em diversas outras produções, a jornada de Dory soube ser nostálgica e mexer com o sentimentalismo do público, provocando a emoção genuína. Serve para comprovar que mesmo blockbusters de animações milionários podem fazer um feijão com arroz eficiente.

people-v-oj-simpson-american-crime-storyAmerican Crime Story: O Povo Contra  O.J.Simpson – O vencedor dramaticamente intenso

Longe dos histerismos de suas outras séries, Ryan Murphy encontra o tom ideal em American Crime Story: O Povo Contra O.J.Simpson para trabalhar o drama, homicídio e racismo. A minissérie que funciona em formato de antologia (cada temporada temos um novo arco de histórias) explora bem uma das principais problemáticas da vida americana, o racismo, através do julgamento do astro O.J.Simpson. O resultado é uma novela atraente, muito bem construída dramaticamente e que apresenta um exuberante elenco no melhor das suas interpretações na televisão: Sarah Paulson, Courtney B. Vance, John Travolta, Cuba Gooding Jr e David Schwimmer, entre outros.

Invocação do Mal 2Invocação do Mal 2 – O vencedor em custos e benefícios

Se 2016 foi um ano ótimo para o terror, pode-se dizer que Invocação do Mal 2 representou isso tanto comercialmente – é a bilheteria mais rentável de filmes de terror – quanto na aprovação por parte da crítica. Como uma boa obra assustadora, ofereceu ao público, medos repletos de vitalidade, onde o horror e o lúdico se encontram na produção da catarse de sustos. Não deixa de ser um produto de qualidade que se comunica muito bem com o cinema pipoca comercial da grande massa e que ainda deixa uma importante marca de como faturar dentro da relação custo-benefício.

WestworldWestworld – O vencedor que tinha cara de derrotado

A escolha da HBO para suceder Game Of Thrones, Westworld tinha a cara de ser uma daquelas superproduções grandiloquentes que tem todas as variáveis para dar errado. Só que a série soube muito bem alinhar sua temática de ficção científica e mistério com os elementos filosóficos que funcionam dentro das várias facetas narrativas. Tanto os personagens quanto a trama em si são envolventes e não tem como não fazer associações com a clássica Lost.

O Meio Termo – Ganhador e Perdedor

suicidesquad-700x350Esquadrão Suicida – o Dr Jekyll e Mr Hyde

Esquadrão é praticamente o Dr Jekyll e Mr Hyde da equação. Fez uma ótima bilheteria nos EUA, indicando ser o ganhador diante o público. Contudo, foi massacrado pela crítica se tornando um perdedor mediante a esta. Como diria Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”.