A temporada de premiações 2018 ficou marcada pelo ativismo do movimento feminista ganhar força em Hollywood com o #MeToo e o ‘Time´s Up’. Coincidência ou não, a categoria de Melhor Atriz apresentou uma das melhores disputas dos últimos anos. Margot Robbie se superou em “Eu,Tonya”, Saoirse Ronan mostrou ser a mais talentosa intérprete feminina da sua geração com “Lady Bird”, Sally Hawkins cativou o mundo inteiro com força e doçura em “A Forma da Água” e Meryl Streep emprestou um pouco de dignidade ao fraco “The Post”.

Nada disso impediu o domínio absoluto de Frances McDormand na categoria de Melhor Atriz. Levou Globo de Ouro, SAG, Bafta e o Spirit Awards. A estatueta dourada deste domingo junta-se a conquistada em 1997 com “Fargo”, de Joel e Ethan Coen. A pergunta que fica é: como uma vitória tão esmagadora assim perante rivais tão qualificadas?

Muito disso deve-se à brilhante personagem Mildred Hayes. A protagonista de “Três Anúncios Para um Crime” é quase uma força da natureza ao permanecer na luta para tentar prender o assassino e estuprador da filha adolescente. Diferente do visto em diversos dramas, o sofrimento da personagem é carregada de um ódio que a impede, muitas vezes, de chorar ou se desesperar como seria comum. Por vezes, tais sentimentos descambam para falas inapropriadas e atitudes impensadas. Frances McDormand consegue transmitir tudo isso sem exageros com uma atuação contida, transitando entre o drama e o humor sarcástico.

O Oscar está em boas mãos!