O Oscar 2019 está chegando: em sua 91ª edição, a premiação mais aguardada do cinema acontece mais uma vez no próximo domingo (24), no Teatro Dolby, em Los Angeles, reunindo a nata de Hollywood para se autocelebrar e descobrir quem são os premiados do ano pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS).

Este ano, filmes nada empolgantes na temporada de premiações e uma série de decisões equivocadas da Academia não são lá muito estimulantes pra quem já não está muito disposto acompanhar as longas três horas de cerimônia. Seria mais fácil então não ligar a TV e acompanhar a festa? Até poderia ser, mas Oscar é Oscar, e o Cine Set separou 10 motivos para você não perder a premiação de 2019.


A falta de apresentador e os cancelamentos e “descancelamentos” da cerimônia

Entra Kevin Hart e sai Kevin Hart: depois do ator se recusar a não pedir desculpas por tuítes antigos homofóbicos, a Academia decidiu não substitui-lo como apresentador. Porém, a última vez que o Oscar não teve um apresentador foi um dos maiores fiascos da história da cerimônia: como a gente já lembrou na nossa lista de momentos constrangedores do Oscar, a premiação de 1989 contou com os 11 minutos embaraçosos de um número musical em clima de teatrinho escolar, estrelado por Rob Lowe e Branca de Neve (?!).

Trinta anos depois, a cerimônia de 2019 ainda nem aconteceu e já teve: apresentador cancelado sem substituto e muita polêmica; categorias que seriam cortadas da transmissão, até que grandes nomes da indústria se revoltaram e assinaram uma carta aberta; a polêmica das apresentações musicais que também não aconteceriam; e toda uma série de tentativas frustradas da Academia em reduzir o tempo do evento ao máximo. Se formos levar em conta esse cenário, tudo conspira para o Oscar 2019 ser uma verdadeira bagunça generalizada, mas, olhando por outro lado, ninguém pode dizer que uma bagunça é entediante, não é mesmo? O dueto Rob Lowe e Branca de Neve e o momento La La Land “quase” vencedor do Oscar que o digam.

A consagração de Glenn Close

Depois de sete indicações, finalmente chegou a hora: Glenn Close está praticamente com o Oscar de Melhor Atriz nas mãos por seu desempenho em A Esposa. A atriz já abocanhou uma série de prêmios, incluindo o SAG, principal termômetro para o Oscar de atuação, e, a não ser que um cataclisma sobrenatural aconteça e Olivia Colman leve a estatueta por A Favorita, essa será a consagração da carreira de Glenn, que já contou com indicações por filmes como Atração Fatal (1987) e Ligações Perigosas (1988). Se o discurso de vitória da atriz for tão emocionante quanto o que ela fez no Globo de Ouro desse ano, já valeu a pena ficar acordado.


Queen, Gaga e os shows da noite

Entre as várias decisões erradas desse ano, a Academia resolveu cortar algumas das tradicionais apresentações musicais dos concorrentes a Melhor Canção Original, o que causou revolta imediata entre o público e artistas como Lady Gaga, que, segundo boatos, se pronunciou e fez pressão contra nos bastidores. Assim, a premiação não só voltou atrás como incluiu ainda mais uma apresentação, no maior estilo Grammy: ninguém menos que Queen, com a presença de Adam Lambert como vocalista. A decisão ainda não faz muito sentido quanto ao motivo – in memoriam, talvez? – e nem com o discurso da Academia de que precisava reduzir o tempo do evento – como incluir um show a mais ajuda nisso? –, mas a apresentação já deve garantir um gás a mais na cerimônia e chamar a atenção de fãs do Queen e a torcida pelo Oscar de Bohemian Rhapsody.

Além deles, ficam confirmadas também as apresentações dos concorrentes na categoria de canção: Jennifer Hudson, pelo documentário RBG; Bette Midler, em uma grata surpresa, substituindo Emily Blunt na música de Mary Poppins; Gillian Welch e David Rawlings, compositores do tema de A Balada de Buster Scruggs; e Lady Gaga e Bradley Cooper com o superhit “Shallow”, de Nasce Uma Estrela. De fora, apenas Kendrick Lamar e SZA, que cantariam a música-tema de Pantera Negra, desistiram de participar por conta de problemas de logística.


As participações de alto escalão

Whoopi Goldberg, Jennifer Lopez, Daniel Craig, Brie Larson, Charlize Theron, Awkwafina, Constance Wu, Tina Fey, Amy Poehler, Chris Evans, Maya Rudolph, Amandla Stenberg, Tessa Thompson, Helen Mirren, Michael B. Jordan, Pharrell Williams, Danai Gurira, Paul Rudd, Michelle Yeoh e Michael Keaton: esses são alguns dos nomes confirmados como apresentadores durante a noite do Oscar 2019. Em tempos de movimentos #OscarsSoWhite e #MeToo e na falta de um anfitrião para conduzir toda a cerimônia, a estratégia da Academia para atrair público e demonstrar que preza sim pela diversidade, pelo visto, vai ser reunir grandes celebridades de todo o tipo se revezando no palco do Teatro Dolby. Se isso terá algum grande impacto na audiência em um tempo em que grandes atores estão a um clique de distância no Instagram, só saberemos no dia da premiação.


A disputa de Melhor Filme

Mais uma vez, o principal prêmio da noite ainda não está inteiramente definido: se, por um lado, Roma parece ter todas as chances e pode fazer história ao ser o primeiro filme estrangeiro a levar a estatueta principal, por outro, o vencedor do PGA foi Green Book – O Guia, que se torna então um forte oponente na disputa. Para os fãs de heróis esperançosos, correndo por fora ainda temos Pantera Negra, que levou o principal prêmio do SAG Awards e cairia bem para a Academia em tempos de #OscarsSoWhite, além da tentativa frustrada de criar uma categoria a mais para “filmes populares”. Mas e se o sistema de votação também acabar favorecendo A Favorita? Como está difícil prever, bom acompanhar esse momento definitivo da noite ao vivo.


Spike LeeEnfim, um Oscar para Spike Lee?

Não é o Oscar que queríamos, mas pode ser o Oscar que teremos (ou não): embora Infiltrado na Klan merecesse muito mais prêmios na cerimônia, a estatueta que parece mais provável para o filme é a de Roteiro Adaptado. O longa de Spike Lee já ganhou nessa categoria no BAFTA, mas perdeu no prêmio do sindicato, o WGA, o que dificulta suas chances. Porém, o vencedor do WGA, Poderia Me Perdoar? parece ser um filme sem muito fôlego na disputa principal e, caso Infiltrado vença, esse seria o primeiro Oscar da carreira de Spike Lee, que já tem duas indicações no currículo e um Oscar honorário – e o diretor é o tipo de pessoa que não esconde que sim, ele se importa com o prêmio.


O Aranhaverso em alta

Sucesso absoluto de críticas e vencedor de premiações importantes como o Annie Awards e o PGA, Homem-Aranha no Aranhaverso é o franco-favorito na disputa pela estatueta de Melhor Animação. O que isso significa? Antes de tudo, se vencedor, o filme se consagra como a primeira animação de super-heróis a ganhar o prêmio. Além disso, representa um sinal vermelho para a Disney e Pixar e seu investimento tórrido em sequências irregulares, deixando para trás Os Incríveis 2 e Wifi Ralph, ambos passando bem longe da inventividade de Aranhaverso.


Revolta Cinéfila

Se você tem um amigo cinéfilo sabe o quanto ele, muitas vezes, fica insuportável na época do Oscar: além de obrigá-lo a assistir todos os filmes da temporada de premiações (inclusive, aqueles que você não quer), ele AMA reclamar do Oscar, fala que os filmes estão fracos todos os anos, que a premiação é comércio… Então, prepara-se que hoje haverá uma revolta daquelas casos dois filmes saiam vencedores: “Bohemian Rhapsody” e “Green Book”. A cinebiografia do Queen é considerada uma produção fraca, longe de fazer jus ao Queen e ainda conta com um diretor acusado de pedofilia, enquanto o segundo é o tradicional feijão com arroz da temporada de premiações. O Twitter explodirá se eles levarem Melhor Filme.


In Memoriam

A morte de Stanley Donen, diretor do clássico “Cantando na Chuva”, deve ser uma adesão de última hora à lista do In Memoriam. Veremos homenagem a Milos Forman, Stan Lee, Bruno Ganz, Albert Finney, Carol Channing, Michel Legrand, Burt Reynolds, Charlez Aznavour, Margot Kidder e Nicolas Roeg. Há boas chances do mestre brasileiro Nelson Pereira dos Santos também ser lembrado.



Novidades na transmissão brasileira

O Oscar 2019 será o primeiro em quase quatro décadas sem a presença de Rubens Ewald Filho. O crítico brasileiro mais conhecido do grande público cometeu diversas gafes na cerimônia do ano passado e, após protestos das redes sociais, acabou sendo sacado da transmissão da TV neste ano. A TNT terá a dupla Michel Arouca e Bruna Thely. Já na Globo, a jornalista Maria Beltrão e o crítico Artur Xexéo terão a atriz Dira Paes como convidada especial. Na emissora aberta, o público terá de esperar a “importante” escolha do paredão do BBB para acompanhar a cerimônia.