No Oscar de muitas barbadas, Melhor Ator Coadjuvante não podia ser diferente: Daniel Kaluuya, de “Judas e o Messias Negro”, é o grande vencedor da categoria.
Essa era a segunda indicação dele: a primeira vez aconteceu com “Corra”, em 2018.
Interpretando o líder dos Panteras Negra, Fred Hampton, no fim dos anos 1960, Daniel Kaluuya consegue criar uma figura complexa no envolvente filme do Shaka King.
Afinal, ao mesmo tempo, que apresenta o líder carismático a ponto de unir supremacistas brancos nas causas do movimento negro e toda sua eloquência nos enérgicos discursos, Kaluuya também aborda o lado mais intimista de Hampton nos medos e amores dele para com a esposa, o futuro filho, seus companheiros de luta e a comunidade negra nos EUA.
SÍMBOLO DE UMA NOVA GERAÇÃO
Junto com o Michael B. Jordan e o saudoso Chadwick Boseman, o Daniel Kaluuya se tornou um dos símbolos da nova e atual geração de atores negros dos EUA.
O legal é ver como eles não esquecem de quem veio antes e prestam um carinho e devoção enormes para Sidney Poitier e, especialmente, ao Denzel Washington, um mentor para essa turma.
Além disso, há o simbolismo da premiação ao Fred Hampton no ano seguinte à morte do George Floyd.
A Academia demonstra que, apesar de retrocessos conservadores como “Green Book”, busca uma renovação mirando no campo progressista, sendo um contraponto forte a um EUA retrógrado marcado pelo racismo que ainda insiste em surgir sem qualquer constrangimento e, às vezes, até apoio por seus líderes.