De Clint Eastwood a Will Smith, Caio Pimenta apresenta as chances das principais candidatas ao Oscar 2022 de Melhor Ator.
CHANCES MÍNIMAS
Tem muita gente sem grandes chances no Oscar 2022 de Melhor Ator. Quatro deles são bastante conhecidos do público.
Estrelando o remake do excelente suspense dinamarquês “A Culpa”, o Jake Gyllenhaal deve manter o jejum do Oscar que completa 16 anos em 2022 após a nomeação por “Brokeback Mountain”. O Clint Eastwood também parece carta fora do baralho até o momento por “Cry Macho”. Desde o lançamento do faroeste no fim de setembro passando pela pouca repercussão junto à imprensa, o trabalho do astro deve ser esquecido.
O Matt Damon deve naufragar em dose dupla: por “O Último Duelo”, nem chega a ser cogitado, enquanto o elogiado trabalho em “Stillwater” pode acabar sabotado pela qualidade questionável do suspense do Tom McCarthy. O mesmo deve acontecer com o Timothée Chalamet, de “Duna” e “A Crônica Francesa”. Por mais que tenha sido bem-recebido, a sensação é que há outras e melhores qualidades nos dois filmes do que o ator para ser indicado.
Jude Hill, por “Belfast”, Cooper Hoffman, por “Licorice Pizza” e Amir Jadidi, por “A Hero”, terão que enfrentar nomes muito conhecidos do público com campanhas pesadas dos grandes estúdios de Hollywood. Para o trio, não vejo tantas possibilidades de chegarem longe.
Da turma que pode crescer, não dá para descartar o Mahershala Ali, de “Swan Song”. Afinal, ele já venceu duas vezes a categoria de coadjuvante, algo raro de acontecer em tão pouco. O próximo passo dentro da Academia pode ser justamente a nomeação a Melhor Ator.
O Justin Chon também pode subir ainda que seja mais improvável por “Blue Bayou”. Porém, vejo mais possibilidades dele em Roteiro Original. Já o Simon Rex, de “Red Rocket”, precisa de uma campanha consagradora da A24 para quebrar as muitas resistências a ele. Pode ajudar toda repercussão positiva em Cannes e da crítica.
Ainda assim, acho que não será o suficiente.
CORREM POR FORA
O segundo pelotão desta corrida traz diversos nomes – dos mais tradicionais até os inesperados.
Habitué do Oscar, o Leonardo DiCaprio pode surgir com “Don´t Look Up”. Pelo que foi liberado no trailer, será um personagem mais próximo da comédia, relembrando os tempos de “O Lobo de Wall Street”. Pode subir na bolsa de apostas à medida que mais sobre o filme for divulgado.
O Adam Driver é um dos nomes do momento em Hollywood e terá mais chances por “House of Gucci” do que “Annette” pelo estilo mais tradicional da Academia. Depende também de como o longa do Ridley Scott será recebido.
Já o Michael B. Jordan não apenas está em um filme moldado para Oscar como pode se apoiar no apelo do público de que merece uma nomeação igual alcançaram Daniel Kaluuya e Chadwick Boseman.
A questão para o Jordan será se a Sony Pictures Classics irá apostar nele ou no Clifton Collins Jr. Pouco conhecido do grande público, ele levou o prêmio de Melhor Ator em Sundance por “Jockey”, além, claro, de ter sido extremamente elogiado pela crítica. Vamos ver se ele segura esse hype e enfrenta os gigantes da indústria até as indicações que só acontecerão em fevereiro.
Entre esses atores mais populares está o Javier Bardem, de “Being the Ricardos”. O ganhador do Oscar por “Onde os Fracos Não Têm Vez” não é nomeado desde “Biutful”, em 2011, e pode se beneficiar pelo fato de viver o Desi Arnaz, figura célebre da televisão norte-americana.
Por fim, corre por fora o verdadeiro e único mito deste planeta.
Sim, senhoras e senhores, Nicolas Cage pode pintar no Oscar com “Pig”. Ok, parece improvável, mas, a elogiada atuação do astro, abraçada pela crítica e pelo público, pode representar aquela clássica história de redenção amada por Hollywood. É o candidato mais forte da Neon, estúdio responsável por tornar zebras em realidade, na categoria.
Seria incrível ver o Cage superando DiCaprio, Bardem, Damon e tantos outros para chegar ao Oscar. Repito: improvável, mas, não impossível.
GRANDES CANDIDATOS
Certamente um destes próximos citados será indicado ao Oscar. Pode ser até que dois deles estejam na disputa. O mistério é saber qual deles.
O Bradley Cooper conta com o apelo de “O Beco do Pesadelo”, um dos filmes que deve dominar a temporada de premiações, e também com o fato de ser extremamente querido na indústria. Na lista dos atores quem estão pela bola da vez para vencer o Oscar, ele está entre os primeiros dos homens.
O Joaquin Phoenix saiu desta lista recentemente, mas, nada impede de vê-lo novamente, pelo menos, entre os indicados. Os elogios por “C´Mon, C´Mon” mostram ser tranquilamente possível isso acontecer pela quinta vez.
Já o Andrew Garfield quer a segunda nomeação, desta vez, no musical “Tick, Tick, Boom”. Mesmo com pouco revelado sobre o filme até agora, a imprensa norte-americana crava o ator como grande candidato na categoria.
O Peter Dinklage completa o time com “Cyrano”: a produção não foi tão elogiada na passagem por Telluride, porém, o ator roubou a cena e se destacou com tranquilidade.
Vale lembrar que o José Ferrer venceu a estatueta pelo papel nos anos 1950 e, quatro décadas depois, foi a vez do Gérard Depardieu, conseguir a única nomeação da carreira com o personagem.
FAVORITOS
E chegamos a três nomes que estão praticamente garantidos entre os indicados. Só um milagre para isso não acontecer.
O primeiro deles é o Benedict Cumberbatch, por “The Power of the Dog”. Entre tantos elogios recebidos pelo longa da Jane Campion, quem mais conquistou público e crítica foi o intérprete do Doutor Estranho.
Pode chegar com grandes chances de vencer o Oscar da categoria caso o filme esteja em alta até lá.
Porém, o Cumberbatch terá pela frente dois astros gigantescos de Hollywood, cada um com narrativas convincentes para levar a estatueta.
De um lado está Denzel Washington, um ícone de Hollywood, referência para a indústria, especialmente, aos atores negros e uma das raras unanimidades dos EUA em tempos tão polarizados.
A sensação de que chegou a hora de premiá-lo 20 anos após a conquista por “Dia de Treinamento” cresce em Hollywood, especialmente, após a dolorosa e desconfortável derrota para Casey Affleck em 2017.
Nada melhor do que se juntar a Joel Coen e Frances McDormand em “A Tragédia de Macbeth”, adaptação consagrada na última edição do Festival de Nova York.
Porém, do outro lado, o rival será Will Smith, de “King Richard”.
O astro pode se aproveitar do filão das histórias de superação amadas por Hollywood e o apelo popular das irmãs Williams para levar o prêmio. Também seria uma forma da Academia prestigiar um de seus astros mais rentáveis e queridos de Hollywood.
Neste momento, o Denzel está na frente, mas, não duvido que o Will Smith seja capaz de virar o jogo até o Oscar.