Caio Pimenta traz o duelo entre Will Smith e Benedict Cumberbatch no Oscar 2022 em Melhor Ator e comenta as chances de Andrew Garfield e Denzel Washington.

BENEDICT CUMBERBATCH 


O britânico de 45 anos chega ao Oscar de Melhor Ator pela segunda vez após concorrer por “O Jogo da Imitação”, em 2015. Neste ano, ele chega por “Ataque dos Cães”.
 

Estar no favorito do ano é um ponto para lá de positivo para Cumberbatch. Afinal, a produção disponível na Netflix será vista por quase todos os votantes e, caso confirme mesmo ser o preferido da Academia, muito da consagração poderá recair sobre o ator.  

Além disso, trata-se de um personagem dificílimo, indecifrável, misterioso, calado, repleto de segredos em um constante conflito interno que domina “Ataque dos Cães” movendo as peças daquele jogo. Vale destacar também que temos um britânico interpretando um caubói americano raiz em um delicado trabalho para conter o sotaque e imprimir um jeito próprio de falar. 

Cumberbatch traz a admiração da indústria pelo talento, versatilidade e, claro, o carinho do público, afinal, estamos diante do Doutor Estranho da Marvel e de Sherlock Holmes.

O trabalho em “Ataque dos Cães” foi abraçado pela crítica – ele foi eleito Melhor Ator do ano pelos críticos de Nova York e ficou em segundo lugar junto aos de Los Angeles. 

Para completar, deve ter o apoio da ala britânica e chegar com força junto aos membros internacionais da Academia.

Uma vitória no Bafta é capaz de dar um impulso semelhante ao que ocorreu com o Anthony Hopkins no ano passado. 

WILL SMITH

O grande favorito, entretanto, é Will Smith. Ele chega ao Oscar de Melhor Ator pela terceira oportunidade: foi nomeado em 2002 por “Ali” e com “À Procura da Felicidade” cinco anos depois. Bons motivos não faltam para vê-lo sair premiado no dia 27 de março. 

Smith é, de longe, o astro mais popular entre os cinco indicados. Desde o início dos anos 1990 na televisão até os blockbusters dos dias atuais, tornou-se uma estrela pop importante para a indústria e reconhecida mundialmente pelo público – ainda que faça muitas porcarias.  

Chega nesta edição com a maior chance da carreira de, finalmente, ganhar o Oscar graças a uma produção e atuação que, apesar do protagonista polêmico dividir opiniões, é moldada para vencer o prêmio.  

Também não dá para esquecer que a última vitória de um negro em Melhor Ator aconteceu há 15 anos com o Forest Whitaker, por “O Último Rei da Escócia”, logo, esse fator histórico pode pesar. Ainda mais no ano em que perdemos o fantástico Sidney Poitier, primeiro homem negro a levar uma estatueta nas atuações. 

Mesmo com o Globo de Ouro cada mais irrelevante, não dá para negar o retrospecto bom do prêmio em relação ao Oscar: neste século, somente em três ocasiões que quem levou Melhor Ator na Academia não havia vencido junto à Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood. 

Acredito que o SAG irá consagrá-lo pela votação em peso da comunidade norte-americana de atores e ainda vejo muitos membros internacionais apoiando o Will Smith pelo carisma e popularidade. 

ANDREW GARFIELD E DENZEL WASHINGTON 

Tirando o Javier Bardem que não tem a menor chance de vencer o Oscar e já está satisfeito de ter sido indicado, ainda há possibilidades para Andrew Garfield e Denzel Washington saírem premiados. 

Para o Andrew, seria a consagração de um ano inesquecível após participar da maior bilheteria de 2021 e dois candidatos ao Oscar em gêneros diferentes.

O astro também tem um carisma capaz de conquistar qualquer votante da Academia, interpreta de forma apaixonada e com alto grau de fidelidade nos gestos e expressões o Jonathan Larson em “Tick, Tick… Boom” e vai bem no drama, humor e na parte musical. Atuação extremamente bem executada. 

Por outro lado, “Tick, Tick…Boom!” é um longa que não vingou nem perante público muito menos junto à indústria, ficando de fora da categoria máxima. E aqui vale destacar que a última vez em que um intérprete venceu Melhor Ator sem o Filme nomeado foi o Jeff Bridges, em 2010, por “Coração Louco”. 

A mesma estatística vale para o Denzel Washington, por “A Tragédia de Macbeth”. 

Porém, aqui estamos falando de uma lenda da história do cinema norte-americano com, agora, nove indicações e empatado com gigantes como Spencer Tracy, Al Pacino e Paul Newman. Denzel ainda alcança longe de ser visto rotineiramente: um ator negro interpretar uma personagem de William Shakespeare – com maestria de sempre, diga-se.  

Pode ajudar também o fato de que a última vez que venceu Melhor Ator foi há 20 anos com “Dia de Treinamento” em uma cerimônia das mais importantes da história que, entre outras coisas, homenageou Sidney Poitier. Ainda há o fato da quase conquista em 2017 quando levou o SAG, mas, perdeu o Oscar para Casey Affleck. 

Neste momento, Will Smith surge na frente com o Benedict Cumberbatch atrás seguido pelo Andrew Garfield e Denzel Washington. O SAG, entretanto, pode mudar a corrida no dia 27 de fevereiro, justamente quando faltar um mês para o Oscar.