De “Elvis”, de Baz Luhrmann, a “Don´t Worry Darling”, com Harry Styles, Caio Pimenta aponta mais 10 candidatos ao Oscar 2023.

CRIMES OF THE FUTURE 

Voltando aos cinemas oito anos após “Mapas para as Estrelas”, o David Cronenberg retorna em excelente companhia.  

“Crimes of the Future” traz no elenco a recém-indicada Kristen Stewart, Viggo Mortensen e Léa Seydoux. A história se passa em um futuro não muito distante em que a população busca se adaptar ao mundo sintético. Isso leva a uma mudança na composição biológica das pessoas.  

Cronenberg é um gigante que, infelizmente, está longe do gosto conservador da Academia. Ele mesmo nunca foi indicado ao Oscar e viu grandes filmes da carreira como “Videodrome”, “Crash”, “Cosmópolis” e o próprio “Mapas Para as Estrelas” totalmente ignorados.   

Como a esperança é a última que morre, quem sabe “Crimes of the Future” não seja o filme que irá mudar o destino? 

ARMAGEDOON TIME 

Chegou a hora de James Gray lançar o tão aguardado “Armageddon Time”. A produção concorre à Palma de Ouro.  

O filme se passa nos anos 1980 baseado nas vivências do próprio diretor na época de estudante em Nova York.

O coming-of-age explora uma história de amizade e lealdade em um EUA pronto para eleger o conservador Ronald Reagan.  

O elenco é liderado por Anthony Hopkins e Anne Hathaway com o Jeremy Strong, de “Succession”, como coadjuvante.

James Gray é, de longe, um dos grandes diretores do cinema americano na atualidade e com uma filmografia diversa e de alta qualidade.  

Assim como o Cronenberg, porém, sempre foi subestimado pela Academia. Caso “Armagedoon Time” seja um sucesso em Cannes, talvez, a situação mude no Oscar. 

THREE THOUSAND YEARS OF LONGING 

Depois de assombrar Cannes com a obra-prima “Mad Max – Estrada da Fúria”, George Miller volta à França para lançar “Three Thousand Years of Longing”.  

Protagonizado por Idris Elba e Tilda Swinton, a história remete a Aladdin mostrando um sujeito estudioso encontrando um Gênio que o oferece três desejos em troca da liberdade. A conversa transcorre em um quarto de hotel em Istambul e, claro, que alguma coisa vai dar errado.  

Diferente do Gray e Cronenberg, Miller está sempre no radar da Academia com dois filmes – “Babe” e “Mad Max” – nomeados em Melhor Filme, além da vitória de “Happy Feet” em Animação.

“Three Thousand Years of Longing” pode marcar a continuidade desta relação.  

SHOWING UP 

Também na briga pela Palma de Ouro em Cannes, “Showing Up” é a nova parceria da dupla Kelly Reichardt e a Michelle Williams. As duas já trabalharam juntas em “Wendy and Lucy” e “Certas Mulheres”.  

A comédia apresenta a vida de uma escultora equilibrando a vida entre a criatividade exigida na profissão com os dramas do dia a dia na relação com amigos e familiares.  

A esnobada a “First Cow” foi bastante sentida pela imprensa mundial e por certas alas da Academia. Isso pode ajudar a impulsionar “Showing Up” a ter um maior destaque, caso, claro, se saia bem de Cannes.  

Favorece também o excelente momento das mulheres na categoria de Melhor Direção com duas vitórias consecutivas. Quem sabe não chegou a hora da Kelly Reichardt alcançar este reconhecimento?  

Por fim, tem a Michelle Williams, uma das melhores atrizes da geração dela com três indicações na carreira, mas, que viu a grande chance de vitória ser sabotada com a fraude de categoria da Viola Davis, por “Um Limite Entre Nós”.

Vejo boas narrativas para o nome dela ser apontado como forte em 2023.  

TORI AND LOKITA 

Os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne são amados por Cannes: já ganharam oito prêmios, incluindo, duas Palmas de Ouro com “Rosetta” e “A Criança”.

O Oscar, porém, só prestigiou a dupla uma vez com a nomeação da Marion Cotillard, por “Dois Dias, uma Noite”.  

Desta vez, a dupla lança “Tori and Lokita” na França.

Novamente, os problemas sociais da Europa serão o tema a partir da amizade de um menino e um adolescente que viajam sozinhos da África rumo à Bélgica, lidando com as condições cruéis das vidas dos refugiados.  

BROKER 

Complementando aqui a lista dos primeiros candidatos à Palma de Ouro, tem “Broker”. A produção japonesa é dirigida por Hirokazu Koreeda, que venceu Cannes e foi indicado a Filme de Língua Não-Inglesa com “Assunto de Família”. 

“Broker” tem uma história pesada em que caixas são espaços onde pais deixam anonimamente seus bebês indesejados. O elenco conta com Kang-ho Song, ator que virou astro mundial pelo trabalho em “Parasita”. 

O Japão saiu da seca no Oscar deste ano graças a “Drive My Car” e pode vir forte novamente com “Broker”.

Vale lembrar como a categoria de Filme Internacional tem forte influência de Cannes com três dos últimos ganhadores saindo de lá. 

ELVIS 

Somados os quatro últimos filmes da carreira do Baz Luhrmann – “Romeu e Julieta”, “Moulin Rouge”, “Austrália” e “O Grande Gatsby” – têm 12 indicações. “Elvis” pode se juntar à turma em 2023. 

A produção mostra a relação entre o Rei do Rock, interpretado pelo Austin Butler, e o empresário dele, o coronel Tom Parker, vivido por Tom Hanks.

“Elvis” tem um caminho amplo para se dar bem na premiação visto tantas cinebiografias com gigantes da música nomeadas nos últimos anos como “Bohemian Rhapsody” e “Rocketman”.

Por outro lado, ser lançado fora de competição e tão cedo em Cannes pode enfraquecer o longa na temporada de premiações.

Caberá a Warner fazer uma campanha forte para não deixar o filme ser esquecido. 

POOR THINGS 

As esquisitices do Yorgos Lanthimos caíram no gosto da Academia com “A Favorita”, produção nomeada em 10 categorias do Oscar 2019 e vencedora de Melhor Atriz com a Olivia Colman. 

No ano que vem, o grego aposta em “Poor Things”, novo drama de época ambientada na era vitoriana. A obra traz a incrível história de Belle Baxter, uma jovem ressuscitada por um excêntrico, mas brilhante cientista.  

Ganhadora do Oscar por “La La Land”, Emma Stone retoma a parceria com Lanthimos e pode chegar à quarta indicação da carreira.

Credenciais não faltam e pode chegar forte no Oscar 2023. 

 THE WHALE 

Qual será o Darren Aronofsky de “The Whale”: o abraçado pela Academia de “O Lutador” e “Cisne Negro” ou alvo de críticas de “Noé” e “mãe!”? 

Em “The Whale”, o Brendan Fraser será um professor recluso sofrendo de obesidade grave e que tentará, pela última vez, se reconectar com a filha adolescente. 

O Aronofsky é um cara que costuma levar os protagonistas de seus filmes a indicações ao Oscar; foi assim com a Ellen Burstyn, de “Réquiem Para um Sonho”, a premiada Natalie Portman, de “Cisne Negro”, e o Mickey Rourke, por “O Lutador”.

O Brendan Fraser pode repetir este padrão e casaria com algo amado pela Academia de reconhecer atores dando a volta por cima.  

DON´T WORRY DARLING 

Para fechar a lista, temos “Don´t Worry Darling”, filme que até chegou a ser cotado para aparecer no Oscar deste ano, porém, os adiamentos impediram a estreia.  

No filme dirigido pela Olivia Wilde, a Florence Pugh e o Harry Styles são um casal vivendo uma comunidade utópica dos anos 1950. O marido, entretanto, esconde segredos pesados da empresa onde trabalha.  

O elenco ainda conta com a própria Wilde e o galã Chris Pine. Com certeza, a Warner deve reservar “Don´t Worry Darling” para algum importante festival de segundo semestre.

Pode ser uma atração mais pop da temporada.