De Jordan Peele a David O. Russell, chegou a hora da terceira parte de candidatos rumo ao Oscar 2023. 

DOCUMENTÁRIO SIDNEY POITIER 

Ganhadora do Oscar deste ano com “Coda”, a Apple já mira sim a edição do ano que vem, pelo menos, em Melhor Documentário.

O estúdio adquiriu a distribuição do documentário sobre a vida de Sidney Poitier a ser produzido pela lenda Oprah Winfrey.  

Poitier está na história do evento por ter sido o primeiro homem negro a vencer o Oscar de Melhor Ator pelo trabalho em “Uma Voz nas Sombras”.

O astro ainda abriu as portas para muitos intérpretes negros, mudando a imagem dos homens negros dentro de Hollywood.

O diretor Reginald Hudlin contou com o apoio da família de Poitier em uma produção feita em sigilo ao longo de um ano.  

Tem credenciais fortes para chegar ao Oscar 2023. Só não pode ser um documentário exageradamente bajulador, algo difícil para um cara do tamanho do Poitier. 

TICKET TO PARADISE 

Longe de estarem no melhor momento da carreira, George Clooney e Julia Roberts tentarão se recuperar juntos com “Ticket to Paradise”. De “Mamma Mia 2”, Ol Parker é o diretor do segundo filme.  

A história mostra um casal divorciado que se junta e viaja para Bali para impedir que a filha deles, interpretada pela Kaitlyn Dever, cometa o mesmo erro que eles acham que cometeram há 25 anos.  

O maior peso do filme, sem dúvida, é o elenco talentoso e carismático. Porém, como acreditar na Julia Roberts e, principalmente, no George Clooney após tantos filmes decepcionantes e ruins dos últimos anos?  

NAPOLEÃO 

Hora de falar de um candidato com mais chances: “Napoleão”, épico do Ridley Scott com o Joaquin Phoenix de protagonista. 

O filme se propõe a ser um olhar original e pessoal sobre as origens do líder francês assim como a rápida ascensão dele ao poder. Tudo isso a partir da ótica da esposa dele vivida pela Vanessa Kirby. 

Em 2022, o Ridley Scott viu seus dois candidatos – “Casa Gucci” e “O Último Duelo” – fracassaram no Oscar.

O épico com o Matt Damon e Adam Driver foi ainda pior, sendo um fiasco pouco visto a ponto de ser zoado na própria cerimônia.

O diretor não encara seu melhor momento e terá em “Napoleão”, mais uma vez, a chance de dar a volta por cima.  

Pelo menos, desta vez, ele terá dois atores queridos da Academia e em grande momento como o Phoenix e a Kirby. Sem dúvida, “Napoleão” é uma verdadeira incógnita. 

 THE PALE BLUE EYE 

Christian Bale

Com quatro indicações na última década, o Christian Bale pode abrir a lista dos anos 2020 com “The Pale Blue Eye”.

O projeto é a terceira parceria dele com o diretor Scott Cooper – juntos, eles fizeram “Tudo por Justiça” e “Hostis”.  

Baseado no romance best-seller de Louis Bayard, o filme mostra uma série de crimes fictícios ocorridos em 1830 na Academia Militar dos EUA.

Chama a atenção que os assassinatos envolvem um jovem cadete que, mais tarde, viria a se tornar Edgar Allan Poe.

Christian Bale será o detetive responsável para solucionar os casos.  

Vejo o Scott Cooper em uma situação parecida com o Matt Reeves, de “Batman”: um diretor acima da média de Hollywood, capaz de imprimir personalidade nas suas obras, prestes a dar um salto para ser reconhecido em premiações.

“The Pale Blue Eye” pode ser a oportunidade perfeita para tal.  

AMSTERDAM 

Aproveitando que falei do Christian Bale, hora de “Amsterdam”, nova parceria do astro com o contestado David O. Russell.

O diretor de “O Vencedor” e “Trapaça” traz uma história ambientada nos anos 1930 sobre uma parceria inusitada entre um médico e um advogado.  

Como não poderia deixar de ser, o Russell terá um elenco repleto de estrelas: além do Bale, teremos a Margot Robbie, Anya Taylor-Joy, Robert De Niro, Rami Malek, Zoe Saldana, Michael Shannon, Mike Myers, John David Washington e até o Chris Rock.  

O Russell tem tudo para se recuperar do tropeço de “Joy” e voltar aos bons tempos de obras como “Trapaça” quando era sinônimo de Oscar. A questão que fica é saber se ele dá o salto para conseguir vencer.  

APOLLO 10 ½ 

Disponível na Netflix, “Apollo 10 ½” chega como uma possibilidade de destronar a Disney em Melhor Animação. 

Com muita nostalgia e leveza, a produção dirigida pelo Richard Linklater se passa em 1969 no meio da empolgação do planeta com a chegada do homem à Lua.

A história mostra as perspectivas dos astronautas, do comando da missão em Houston e a de uma criança.  

A questão é saber de “Apollo 10 ½” consegue ter força para se manter na corrida até o fim do ano.

Vale lembrar que o ótimo “A Família Mitchell” foi lançado no primeiro semestre de 2021 e, mesmo tendo vencido o Annie Awards, não superou o fenômeno “Encanto”. 

 DECISION TO LEAVE 

“Mr. Vingança”, “Lady Vingança”, “A Criada” e “Oldboy”.  

Definitivamente, a carreira do Chan-Wook Park é uma das mais interessantes do cinema mundial sempre com muita personalidade na narrativa e na composição visual realçando a força de tramas impecáveis.  

Muito bonito, mas, o Oscar, até agora, não deu uma mísera oportunidade ao sul-coreano.

Em 2023, a chance chega com Decision to Leave”, uma investigação feita por um detetive sobre a morte de um homem nas montanhas. No meio do caso, ele conhece a misteriosa viúva.  

O Oscar de Melhor Filme Internacional reconheceu recentemente nomes incríveis do cinema mundial como o Ryusuke Hamaguchi, Thomas Vinterberg, Bong Joon-ho, logo, já passou da hora do  Chan-Wook Park conseguir, pelo menos, uma indicação. 

 THE WAY OF THE WIND 

Colocar o Terrence Malick nesta lista de candidatos é um sinal de fé.  

Afinal, desde “A Árvore da Vida”, o recluso diretor já lançou uma série de projetos cercado de grandes expectativas, mas, que passaram longe de cumpri-las.

Porém, “Uma Vida Oculta”, o último longa de Malick, mostrou uma evolução bem-vinda em relação aos enfadonhos trabalhos anteriores.  

Quem sabe, então, “The Way of the Wind” não seja o reencontro dele com o Oscar? O tema, entretanto, não parece muito a cara da Academia ao tratar sobre vários episódios da vida de Jesus Cristo. 

Agora, se tem alguém com prestígio suficiente para driblar resistências em Hollywood este é o Malick.  

WOMEN TALKING 

Se o Malick ficou marcado por ter sido um diretor que sumiu no auge da carreira, a Sarah Polley, ainda que não tenha sido tão radical assim, também se afastou das telas em um grande momento.  

Em 2006, ela estreou na direção com o elogiado “Longe Dela” que quase rendeu o Oscar a Julie Christie. Depois, rodou “Entre o Amor e a Paixão” e “Histórias que Contamos”, em 2012. E parou.  

Dez anos depois, ela chega com “Women Talking”. A história mostra um grupo de mulheres em uma comunidade religiosa isolada tentando se reconciliar com a fé após terem sofrido abusos sexuais dos homens do local.  

O elenco dá a dimensão do prestígio da Polley em Hollywood: Jessie Buckley, Rooney Mara, Claire Foy e a tricampeã Frances McDormand.

Vale ficar de olho demais em “Women Talking”.  

NÃO, NÃO OLHE 

Para fechar esta quarta parte, temos o ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2020. 

O Jordan Peele lança “Não, Não Olhe” neste ano. O pouco que se sabe da história é que se passa no interior da Califórnia, onde os moradores da região lidam com uma descoberta assustadora vinda dos céus.

Daniel Kaluuya retoma a parceria com o Jordan Peele após “Corra”O elenco ainda conta com o Steven Yeun, de “Minari”, e a Keke Palmer.   

Houve muitas reclamações pela esnobada de “Nós” em 2019, especialmente, pela não-indicação da Lupita Nyong´o em Melhor Atriz.

Acho que isso pode fazer com que “Não, Não Olhe” acabe sendo visto com um pouco mais de atenção pela Academia.   

O lançamento no meio do ano, em pleno verão americano, é mais favorável do que o último longa que estreou no primeiro semestre.

Dependendo do sucesso nas bilheterias, pode ser uma aposta para a Academia se conectar mais ao público jovem, objetivo constante da entidade por conta da audiência.