Amado por uns, odiado por outros, o Christopher Nolan, agora, tem um Oscar para chamar de seu. O londrino conquista Melhor Direção por “Oppenheimer”.
Caio Pimenta traz os quatro fatores que o levaram para esta vitória.
1. A QUALIDADE DO FILME – 50%
Diferente da maioria dos filmes que lançou até aqui, o Christopher Nolan obteve uma rara unanimidade em torno de “Oppenheimer”.
Exceção a algumas vozes que se posicionaram contra o filme, o drama foi muito bem-recebido pelo público, crítica e a própria indústria. E muito disso se deve à direção dele.
Metade desta estatueta está na conta do trabalho excepcional do Nolan. “Oppenheimer” é o mais ambicioso de uma carreira de obras ambiciosas.
Ele consegue transformar uma obra sobre a vida de um físico, focada em diálogos e termos científicos em algo simplesmente alucinante de três horas de duração que pretende o espectador do início ao fim.
Isso tudo orquestrando um roteiro complexo, a excelência ao máximo dos aspectos técnicos e um elenco grandioso.
Praticamente impossível não o premiar.
2. OUSADIA DO BARBIENHEIMER – 20%
Ganhar um Oscar, entretanto, vai muito além de apenas a qualidade de qualquer trabalho.
Há uma série de fatores que contribuem para a conquista. 20% da vitória, por exemplo, vai para a conta da determinação de Nolan em lançar “Oppenheimer” na data prevista.
Mesmo com o risco de ser engolido por “Barbie”, ele persistiu e criou um fenômeno cinematográfico não visto desde o hit de “Vingadores – Ultimato”.
O ‘Barbieheimer’, aliás, foi o maior capítulo de um sujeito obstinado pela experiência sala de cinema e que ainda não se dobrou totalmente ao streaming.
3. PRESTÍGIO NA INDÚSTRIA – 15%
O Christopher Nolan é um dos raros diretores de Hollywood a conseguir levantar milhões de dólares para projetos originais hoje em dia.
Desde que saiu de Batman, emplacou uma superprodução atrás da outra com as principais estrelas do cinema mundial e todas a partir de materiais que não eram baseados em continuações ou franquias super conhecidas.
Ser premiado em Melhor Direção é uma forma da Academia reconhecer este feito em uma indústria cada vez menos disposta ao risco.
4. HORA DE PREMIÁ-LO – 15%
Também dá para colocar esta conquista na conta de que chegou a hora de premiá-lo após tantos dissabores. Havia quem defendesse uma estatueta já pelo roteiro de “Amnésia”.
Depois, veio a dolorosa esnobada por “O Cavaleiro das Trevas”, responsável, aliás, pelo aumento no número de indicados a Melhor Filme. “A Origem” e “Dunkirk” foram pequenos acenos da Academia, mas, longe do ideal.
A sensação era de que o Oscar estava em dívida com Nolan. “Oppenheimer” sanou isso com juros e correção monetário em uma situação semelhante ao que ocorrera com Steven Spielberg com “A Lista de Schindler” e James Cameron com “Titanic”.