Qual foi a melhor e a pior seleção de indicados ao Oscar de Melhor Filme de 2010 a 2021?
12. OSCAR 2019
A lista começa com o pior ano disparado do Oscar nos últimos tempos.
Em 2019, não tivemos nenhum candidato a novo clássico. “Infiltrado na Klan” e “Pantera Negra” sobravam e eram os grandes filmes da temporada.
Pela estranheza típica do Yorgos Lanthimos, o grande elenco, a direção de fotografia e figurinos, “A Favorita” estava acima da média dos filmes do gênero.
Ainda que carregue no açúcar, “Nasce uma Estrela” é um bom filme. Assim como “Green Book” graças ao talento de sua dupla de protagonistas e “Roma” que está acima da média no trabalho excepcional do Alfonso Cuáron, mas, com uma história longe de desenvolver com maior complexidade sua protagonista.
“Vice” e “Bohemian Rhapsody” eram as ovelhas negras de uma temporada esquecível.
2019 – 8 PONTOS
Novo Clássico: –
Grandes Filmes: Infiltrado na Klan, Pantera Negra
Acima da Média: –
Bons: A Favorita, Green Book, Roma, Nasce uma Estrela
Ruins: Vice, Bohemian Rhapsody
11. OSCAR 2013
Se em 2019, a gente ainda teve grandes filmes, seis anos antes nem isso.
Não fosse a mão pesada do Michael Haneke em muitos momentos até poderia melhorar a posição de “Amor” no ranking para além de acima da média.
“Django Livre” é outro grande filme do Tarantino, porém, comparado a “Bastardos Inglórios” está um patamar abaixo. “A Hora Mais Escura” e “As Aventuras de Pi” são outros concorrentes acima da média.
Na turma dos bons filmes estão o sensível “Indomável Sonhadora”, o simpático ainda que forçado “O Lado Bom da Vida”, “Lincoln” em que o Spielberg tem o Daniel Day-Lewis salvando a lavoura de uma produção chapa branca demais e “Argo”, thriller nível Supercine dos melhores com uma ótima direção do Ben Affleck. Já a versão do Tom Hopper para “Os Miseráveis” ninguém merecia e é ruim mesmo.
Uma lista insossa destas justifica o fato de “Argo” ter sido o vencedor, afinal, condiz bem com o nível dos demais concorrentes.
2015 – 13 PONTOS
Novo Clássico: Boyhood
Grandes Filmes: Whiplash, O Grande Hotel Budapeste
Acima da Média: Birdman
Bons: Selma, A Teoria de Tudo, Sniper Americano
Ruins: O Jogo da Imitação
10. OSCAR 2010
O Oscar 2010 já foi um pouquinho melhor ainda que não tenha tido mais filmes ruins também.
Com o Tarantino inspirado ao reimaginar a Segunda Guerra Mundial, “Bastardos Inglórios” era disparado o grande filme daquela temporada. Merecia ter vencido muito mais Oscars do que conquistou.
Acima da média tínhamos a maior bilheteria de todos os tempos, “Avatar”, mais uma viagem insana da mente do mestre James Cameron.
“Guerra ao Terror” não ficava para trás seja no simbolismo da direção da Kathyrn Bigelow como um olhar atento à mente dos soldados americanos na Guerra do Iraque, algo que viria a ser mais explorado anos depois em várias produções.
Completam o time acima da média “Amor Sem Escalas”, do Jason Reitman, “Distrito 9”, ficção científica com ecos de “Cidade de Deus” do Neill Blomkamp, e o fofinho “UP – Altas Aventuras” com seu o início arrasador.
Apesar de forçar a mão muitas vezes, “Preciosa” é um bom filme assim como “Educação”. Já na turma dos ruins estão o hors-concours “Um Sonho Possível” e “Um Homem Sério”, um dos mais apagados recentes dos irmãos Coen.
OSCAR 2010
Novo Clássico: –
Grandes Filmes: Bastardos Inglórios
Acima da Média: Guerra ao Terror, Avatar, Amor Sem Escalas, Distrito 9, UP – Altas Aventuras
Bons: Preciosa, Educação
Ruins: “Um Sonho Possível” e “Um Homem Sério”
9. OSCAR 2015
2015 apresentou uma lista dividida entre filmes excelentes e outros bem na média.
Caindo na linha das cinebiografias tradicionais, “O Jogo da Imitação” não sai do lugar comum e desperdiça uma história que tinha tudo para ser potente. Já “Selma”, “A Teoria de Tudo” e “Sniper Americano” podem até não serem brilhantes, mas, são bons filmes graças, especialmente, aos seus elencos.
A técnica de Iñarritu e Emanuel Lubezki aliado a melhor atuação da carreira do Michael Keaton colocam “Birdman” acima da média. Somente não é mais pelo histrionismo do roteiro.
“Whiplash” é um tesouro recente do cinema norte-americano demonstrando o perfeccionismo técnico do jovem Damien Chazelle, enquanto “O Grande Hotel Budapeste” traz o Wes Anderson no auge do seu conceito.
Para quem acompanha o canal, não deve ficar surpreso que considero “Boyhood” um novo clássico não apenas pelo desafio de ser feito ao longo de uma década, mas, também por mostrar como o cotidiano pode ser cinematográfico sim. Era merecedor daquele Oscar fácil.
OSCAR 2015
Novo Clássico: Boyhood
Grandes Filmes: Whiplash e O Grande Hotel Budapeste
Acima da Média: Birdman
Bons: Selma, A Teoria de Tudo e Sniper Americano
Ruins: O Jogo da Imitação
8. OSCAR 2018
“O Destino de uma Nação” torna um momento importante da Segunda Guerra Mundial em um mero trampolim para o Gary Oldman vencer Melhor Ator. Pelo menos, deu certo na estratégia ainda que o filme seja bem ruim. “The Post” é o Spielberg atacando novamente com o seu bom mocismo – aqui, a favor do jornalismo – mas, sendo apenas piegas. Não serve nem para passar na faculdade.
“Três Anúncios Para um Crime” pode até um grande elenco e suas reviravoltas, mas, na real, é um filme apenas bom. Não merecia metade do burburinho que causou. Declaração de amor do Guillermo del Toro à fantasia e ao cinema, “A Forma da Água” está um pouco acima da média, porém, abaixo na comparação com o maior sucesso da carreira do mexicano, o sensacional “O Labirinto do Fauno”.
O Christopher Nolan se saiu muito bem ao entregar uma experiência imersiva na Segunda Guerra e com maestria técnica típica dele em “Dunkirk”. “Me Chame Pelo Seu Nome” apresenta o cenário, o elenco, o roteiro, os diálogos perfeitos em um filme com tudo para se tornar cult.
Os grandes filmes, entretanto, eram “Corra”, um terror irônico sobre o racismo velado nos EUA; “Lady Bird”, o melhor exemplar em anos de coming-of-age, e “Trama Fantasma”, o reencontro elegante da dupla Paul Thomas Anderson e Daniel Day-Lewis.
Em um mundo perfeito e justo, “Trama Fantasma” chegaria como favorito disparado ao Oscar e não como um azarão absoluto.
OSCAR 2018
Novo Clássico: –
Grandes Filmes: Corra, Lady Bird, Trama Fantasma
Acima da Média: A Forma da Água, Dunkirk, Me Chame Pelo Seu Nome
Bons: Três Anúncios Para um Crime
Ruins: O Destino de uma Nação, The Post
7. OSCAR 2012
2012 teve de tudo no Oscar.
Foi o ano do equivocado “Histórias Cruzadas” competir ao lado de “Cavalo de Guerra”, homenagem insuportável do Spielberg ao cinema dos anos 1940. “O Homem que Mudou o Jogo” e “Tão Perto, Tão Forte” são produções no limite do correto, de se assistir e não se lembrar muita coisa tempos depois.
A coisa começa a melhorar com “Os Descendentes”, simpática comédia dramática do Alexander Payne com ótimos desempenhos do George Clooney e da Shailene Woodley. “O Artista” é aquela delícia de filme para se ver e rever sem compromisso. Entrando nos grandes filmes temos “A Invenção de Hugo Cabret”, carta de amor do Martin Scorsese ao mago George Mèliés com o melhor uso de 3D já visto nos cinemas, e “Meia-Noite em Paris”, o último grande filme do Woody Allen.
Dirigido pelo Terrence Malick, “A Árvore da Vida” foi o novo clássico daquela temporada. Entre a filosofia e a religião, o diretor proporciona ao espectador uma viagem pela história da criação do Universo, do planeta Terra e da humanidade. Para deixar Kubrick com orgulho.
Claro que “A Árvore da Vida” jamais venceria o Oscar, por isso, não me incomoda tanto assim a conquista do “O Artista”.
OSCAR 2012
Novo Clássico: A Árvore da Vida
Grandes Filmes: A Invenção de Hugo Cabret, Meia-Noite em Paris
Acima da Média: Os Descendentes, O Artista
Bons: O Homem que Mudou o Jogo, Tão Perto, Tão Forte
Ruins: Cavalo de Guerra, Histórias Cruzadas
6. OSCAR 2017
O Oscar 2017 não teve nenhum novo clássico, porém, também teve filmes ruins entre os indicados.
Mesmo não sendo um western memorável, “A Qualquer Custo” é um bom filme graças à talentosa dupla Taylor Sheridan e David Mackenzie. Mel Gibson voltou com sangue nos olhos e boas análises sobre a fé na guerra em “Até o Último Homem”, “Estrelas Além do Tempo” pode ser clichê, mas, funciona em seu recado sobre inclusão e diversidade; já “Lion” era o mais fraquinho, porém, ainda agradável de se ver, e, por fim, “Um Limite Entre Nós” encontra nos talentos de Denzel Washington e Viola Davis a forma de driblar o cansativo tom teatral do longa.
“Manchester à Beira-Mar” abre a turma dos acima da média com um drama econômico, mas, direto ao ponto e com uma interpretação incrível do Casey Affleck. “A Chegada” também está em um patamar superior aos da ficção científica em uma obra focada mais no drama da personagem da Amy Adams do que nos mistérios e segredos da ótima história.
Os grandes filmes do Oscar 2017 não tinham como não ser “Moonlight”, o drama intimista e pessoal do Barry Jenkins capaz de tocar em diversos assuntos delicados da sociedade americana sempre com muita ternura; e “La La Land”, a homenagem aos musicais repleta de cores, canções deliciosas, dois atores carismáticos ao extremo e o Chazelle novamente de uma precisão absurda.
OSCAR 2017
Novo Clássico: –
Grandes Filmes: Moonlight, La La Land
Acima da Média: Manchester à Beira-Mar, A Chegada,
Bons: A Qualquer Custo, Até o Último Homem, Lion, Estrelas Além do Tempo
Ruins: –
5. OSCAR 2021
Tanta gente reclamou dos indicados, mas, parando para pensar, o Oscar 2021 aparece bem-posicionado nesta lista.
Apesar da presença do fraco “Os Sete de Chicago”, a lista contou com os bons “Mank” – o qual poderia ter sido sim um pouco melhor para o padrão Fincher que nos acostumamos – e “Minari”.
“Judas e o Messias Negro” e “Nomadland” estão acima da média, enquanto “Bela Vingança” e “O Som do Silêncio” são grandes filmes. Nenhum, entretanto, está no mesmo patamar de “Meu Pai”, obra-prima do Florian Zeller com uma atuação arrebatadora do Anthony Hopkins e candidata fácil a futuro novo clássico.
OSCAR 2021
Novo Clássico: Meu Pai
Grandes Filmes: Bela Vingança e O Som do Silêncio
Acima da Média: Judas e o Messias Negro, Nomadland
Bons: Mank, Minari
Ruins: Os Sete de Chicago
4. OSCAR 2016
A lista de 2016 teve de tudo e mais um pouco, sendo uma das melhores dos últimos anos.
Podem não ser obras-primas, mas, “Ponte dos Espiões”, “Brooklyn”, “O Quarto de Jack” e “Perdido em Marte” funcionam muito bem dentro de seus respectivos gêneros. “Spotlight” segue à risca os dramas jornalísticos, porém, a importância do tema e o elenco colocam a produção para um nível acima da média.
Irônico e sarcástico, “A Grande Aposta” é uma aula sobre como a nossa ignorância em economia leva aproveitadores a ganharem muito dinheiro através de golpes e artimanhas do mercado. Já “O Regresso” é um drama épico como há muito não se via nos cinemas e uma atuação para consagrar Leonardo DiCaprio.
O novo clássico e melhor filme da lista não poderia ser nenhum outro que não fosse “Mad Max – Estrada da Fúria”. A loucura de George Miller promove um espetáculo de som e imagem para deixar o espectador eletrizado. Sem dúvida, o maior filme de ação desde “Matrix”.
OSCAR 2016
Novo Clássico: Mad Max
Grandes Filmes: O Regresso, A Grande Aposta
Acima da Média: Spotlight
Bons: Ponte dos Espiões, Brooklyn, O Quarto de Jack, Perdido em Marte
Ruins: –
3. OSCAR 2014
Vamos ao pódio com o ano da Copa do Mundo no Brasil.
Mistura de romance com ficção científica, “Ela” se tornou um novo clássico ao retratar os amores líquidos de Bauman, solidão e a nossa ligação com a tecnologia nos dias atuais.
Não muito atrás dele estava “O Lobo de Wall Street”, o melhor filme de Martin Scorsese na década passada e também “12 Anos de Escravidão”. Apesar de não trazer nada novo sobre o tema, o longa do Steven McQueen colocava o público em um espiral insana para retratar a desumanidade ocorrida no século XIX no sul dos EUA.
Na turma acima da média, aparecia “Gravidade” com seus planos-sequências inesquecíveis e “Nebraska”, comédia dramática melancólica com Bruce Dern em estado de graça. “Clube de Compras Dallas”, “Philomena” e “Capitão Phillips” eram bons filmes, sendo “Trapaça” o único filme que destoava da turma.
OSCAR 2014
Novo Clássico: Ela
Grandes Filmes: O Lobo de Wall Street, 12 Anos de Escravidão
Acima da Média: Gravidade, Nebraska
Bons: Clube de Compras Dallas, Philomena, Capitão Phillips
Ruins: Trapaça
2. OSCAR 2011
Muita gente só lembra do Oscar 2011 pelo resultado que não agradou muito. Porém, aquela seleção trazia diversas produções excelentes.
A temporada tinha dois novos clássicos: “A Rede Social”, olhar cirúrgico do David Fincher e Aaron Sorkin sobre o que viria a ser a geração dominada pelo Facebook, e “Toy Story 3”, desfecho emocionante e perfeito de uma série que deveria ter sido uma trilogia.
Com uma atuação formidável da Natalie Portman e o Darren Aronofsky fazendo seu trabalho mais pop e acessível, “Cisne Negro” é, sem dúvida, um grande filme assim como “A Origem” em que o Christopher Nolan demonstrava toda a sua ambição em criar histórias mirabolantes, mas, em uma época em que sabia como contá-las.
O ganhador “O Discurso do Rei”, “Bravura Indômita”, “127 Horas”, “Minhas Mães e Meu Pai” e “O Vencedor” são bons filmes. O legal é perceber como essa foi uma seleção diversa indo do faroeste à ficção científica passando pela animação até chegar aos dramas de época.
OSCAR 2011
Novo Clássico: A Rede Social, Toy Story 3
Grandes Filmes: A Origem, Cisne Negro
Acima da Média:
Bons: Bravura Indômita, 127 Horas, Minhas Mães e Meu Pai, O Vencedor
Ruins: –
1. OSCAR 2020
Não tinha como ser diferente: o Oscar 2020 reuniu a melhor seleção de indicados dos últimos anos. E foi com tranquilidade.
Afinal, ter três novos clássicos como “Parasita”, “Era uma vez em Hollywood” e “O Irlandês” é muito raro de acontecer.
“Coringa” também era um grande filme daquela temporada ao trazer uma atuação visceral de Joaquin Phoenix e um reflexo da nossa doentia sociedade repleta de ódio.
O Sam Mendes cria uma experiência de imersão acima da média vista nos filmes de guerra com “1917”, enquanto Greta Gerwig vai ao passado para falar de dilemas atuais vividos pelas mulheres na ótima adaptação de “Adoráveis Mulheres”.
“Jojo Rabbit”, “Ford Vs Ferrari” e “História de um Casamento” eram outros bons filmes, especialmente, o drama romântico da Netflix. Saudades do último Oscar antes da pandemia.
OSCAR 2020
Novo Clássico: Parasita, Era uma vez em Hollywood, O Irlandês
Grandes Filmes: Coringa
Acima da Média: 1917, Adoráveis Mulheres
Bons: Jojo Rabbit, Ford Vs Ferrari, História de um Casamento
Ruins: –