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Canadá – Vic + Flo Viram um Urso

Estreia do diretor e roteirista Denis Cotê em longa-metragem de ficção, “Vic + Flo” traz vários gêneros dentro dos curtos 96 minutos de duração. A obra inicia como um drama de duas mulheres adultas recém-saídas da prisão e mostra o relacionamento amoroso entre as duas. Se Victoria (Pierrette Robitalle) somente deseja uma vida mais calma pela incapacidade de se relacionar com a sociedade, Florence (Romane Borhinger) sente a necessidade de viver e conhecer novas pessoas. Esse parece ser o grande tema do filme.

Eis que começam a surgir elementos estranhos àquele ambiente indicados pela trilha forte com sons de tambores e a floresta, antes acolhedora, se torna fatal. O suspense ganha contornos reais a partir da aparição da personagem da atriz Marie Brassard, grande revelação do filme. O grau de insanidade chega ao ápice na sequência final de “Vic + Flo” em um momento mais próximo das fitas de terror.

O jogo criado por Cotê em surpreender o público com os inesperados rumos da trama prende o espectador e, em nenhum momento, há tentativas para facilitar o entendimento completo do contexto da história. Não sabemos exatamente o que aconteceu na vida daquelas mulheres e qual a motivação para os atos vistos no fim da película. Somos convidados a preencher as lacunas da trama pelas reações e falas das personagens.

Tem tudo para ganhar remake em Hollywood e se tornar um suspense insosso do Supercine cheio de didatismo para não fazer o público pensar.

NOTA: 7,0

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Espanha – A Grande Família Espanhola

Chega a ser irônico assistir “A Grande Família Espanhola” logo após ao fracasso do time de Vicente Del Bosque na Copa de 2014. A comédia dirigida por Daniel Sánchez Arévalo traz a história do casamento do filho mais nova de uma família justo na final do Mundial de 2010 vencida pelos espanhóis contra a Holanda.

Os primeiros minutos do filme até empolgam ao remeter à doce ingenuidade de “O Pequeno Nicolau”. Tudo isso muda logo após os créditos iniciais quando percebemos se tratar de algo semelhante das comédias da Globo Filmes: atuações caricatas para delimitar de forma clara as características marcantes de cada personagem. Isso significa que temos um sujeito depressivo para mostrar se tratar de um fracassado, o barbudo hesitante com medo de perder a namorada para o irmão galã e triste vindo da África, o rapaz com problemas mentais e o noivo adolescente cheio de testosterona.

Exceto pela revelação feita perto do final, “A Grande Família Espanhola” traz uma série de clichês das comédias do gênero – com direito a grávida de mentira e tudo – embaladas em algumas sequências mais bem trabalhadas no campo visual. E ainda somos obrigados a presenciar uma constrangedora cena de entrada no casamento ao som de “Feel So Close” com danças patéticas dos personagens principais.

Um mico do tamanho das falhas de Casillas nesta Copa no Brasil.

NOTA: 5,5

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França – O Enigma Chinês

Continuação da história do escritor Xavier Rousseau (Romain Duris) iniciada nas comédias românticas “Albergue Espanhol” (2002) e “Bonecas Russas” (2005). O personagem agora precisa se mudar para Nova York e viver ao lado dos filhos após o término do casamento com Wendy (Kelly Reilly). Será lá que ele vai se reencontrar com Isabelle (Cécile de France) e terá uma nova chance com Martine (Audrey Tautou).

O maior acerto do diretor Cédric Kaplisch está no aproveitamento desse mundo globalizado e tecnológico inseridos dentro da grande metrópole mundial. Comunicações via Skype, o Google Maps para auxiliar a vida das pessoas, francês divorciado de uma inglesa vivendo em um bairro chinês sem saber lidar bem com a cultura e velocidade americana. Esse olhar sobre as relações modernas permite ao filme ser mais do que uma simples comédia romântica e todos os clichês trazidos pelo gênero, inclusive a corrida do macho atrás da fêmea.

Romain Duris se mostra cada vez mais confortável no papel de Xavier, enquanto Cécile de France está ousada ao se entregar sem pudor a uma personagem que lembra e muito a Samantha de “Sex and the City”. Por fim, qualquer coisa com Audrey Tautou já ganha pontos.

Sem ser memorável, “O Enigma Chinês” encerra satisfatoriamente a trilogia de Kaplisch.

NOTA: 7,0

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México – La Jaula de Oro

Histórias sobre a travessia ilegal feita por milhares de pessoas na fronteira entre o México e os EUA são mais do que comuns. Até mesmo Glória Perez na péssima novela “América” já explorou o assunto. Por isso, é tão bom assistir “La Jaula de Oro”. Dirigido por Diego Quemada-Diaz, o filme acompanha três jovens saídos da Guatemala e os percalços enfrentados durante a viagem.

O público segue a trajetória do trio de amigos esperando pelo pior. Afinal de contas, o México mostrado por Quemada-Diaz mostra uma polícia violenta e gangues criminosas dispostas a roubar e matar os viajantes. Tudo para chegar a um “sonho” que sabemos ser grande arapuca e com poucas chances daqueles rapazes de conseguir sucesso. As sequências de centenas de pessoas sob os trens ilustra ainda a miséria de toda a América Central e a falta de perspectiva de uma região pobre.

O trio formado por Karen Martínez, Rodolfo Domínguez e Brandon López carrega o filme sem sentir o peso da estreia, criando personagens de fácil identificação e marcados por uma realidade dura. “La Jaula de Oro” traz esperanças ao cinema mexicano após a geração Iñarritu-Cuáron-Del Toro.

NOTA: 8,0

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Polônia – Walesa

Misto de Lula (líder sindical) com Nelson Mandela (prisioneiro político), Lech Walesa iniciou movimentos na Polônia com consequências capazes de abalar a União Soviética nos anos 80. O cineasta Andrzej Wajda levou às telas esse momento histórico para o país europeu a partir de uma entrevista do político à jornalista italiana Oriana Fallaci.

A amizade entre Wajda e Walesa já fica clara no subtítulo escolhido para a obra: Homem da Esperança. A partir deste indicativo, o filme se desenvolve exaltando as qualidades do líder sindical como um sujeito capaz de liderar trabalhadores a greves, pai amoroso, marido sempre disposto a tirar as dificuldades com o bom humor, pacifista… Essa opção do cineasta impede com que o público assista sem ter um olhar de desconfiança sobre a versão dos fatos exibida na obra.

Robert Wieckiewicz encarna muito bem Walesa desde a composição visual até o tom da voz, enquanto Agnieszka Grochowska busca trazer humanidade ao filme ao interpretar a esposa do líder político. Vale a pena ser visto, mas, depois corra até uma livraria e pesquise mais sobre um dos homens mais importantes dos anos 80.

NOTA; 6,5