septimo_f02cor_2013111736Argentina – Sétimo

Quantos filmes de suspense começam com uma imagem aérea da cidade onde a história vai se passar com o noticiário do rádio aos fundos?

Quantos filmes de suspense trazem um personagem de caráter duvidoso, mas gente boa que irá passar por uma experiência de redenção?

Quantos filmes de suspense trazem nos primeiros minutos uma série de pequenas situações que serão pistas, falsas ou verdadeiras, durante o decorrer da história?

Quantos filmes de suspense trazem o protagonista correndo por entre carros no meio de um engarrafamento para achar uma pista e resolver o problema que o atormenta?

Quantos filmes de suspense trazem problemas com o carro e o celular?

Quantos filmes de suspense trazem reviravoltas que eram para ser surpreendentes, mas, são óbvias desde o início?

Quantas filmes de suspense jogam tudo nas costas do seu ator excelente para compensar o roteiro e direção fracos?

Quantos filmes de suspense como este “Sétimo” serão produzidos até que o público perceba se tratar da mesma coisa sempre?

NOTA: 5,5

SaintLaurentFrança – Saint Laurent

A primeira adaptação sobre a vida do estilista francês a chegar aos cinemas brasileiros soava como uma cinebiografia competente, mas insossa. Nada muito diferente do que acontece com genéricos espalhados ao redor do mundo como “Ray” ou “Tim Maia”. Já em “Saint Laurent”, o diretor Bertrand Bonello consegue ir um pouco mais fundo nos conflitos do personagem aliado a qualidade impecável.

Muito da força deste “Saint Laurent” está na constante sensação de incompletude do protagonista em conseguir encontrar paz. Mesmo rodeado de amigos, uma relação estável com Hommes D’Affaires Squibb (Jérémie Renier) e o sucesso por trazer novos conceitos à moda feminina entre os anos 60 e 70, o estilista está sempre infeliz vagando por caminhos incertos. A situação muda com a chegada do sensual Jacques de Bascher (Louis Garrel), porém, as condições em que o romance se dá leva o artista para a degradação física e profissional. O excelente trabalho de Gaspard Uliel contribui para a força do filme.

A verdadeira sedução dessa visão da história do estilista, entretanto, está presente nas escolhas de Bornello ao se concentrar em uma narrativa mais lenta ao contrário daquela série de situações contadas de forma linear. Trechos mais longos como o encontro de Saint Laurent e Bascher na boate com a câmera acompanhando essa tensão entre os dois permitem o desenvolvimento com mais riqueza de nuances. Fora a sequência com a passagem de tempo entre 1968 e 1971 somente por um desfile de roupas é um achado inteligente e elegante.

E claro: que direção de arte e figurinos lindos. “Saint Laurent” pode não ser perfeito, mas entrega uma obra interessante de ser ver.

NOTA: 7,0

a_thousand_times_goodnight_2_nikolaj-coster-waldau_juliette_binoche_c2a9paradoxSuécia – Mil Vezes Boa Noite

A barbárie na África ou os conflitos do Oriente Médio em contraste com a civilidade da Europa. A fotógrafa de guerra Rebecca vive no meio destes dois mundos, porém, retornar para casa após ver as injustiças do mundo afora se revela um desafio muito difícil de conciliar.

Como de praxe, Juliette Binoche está excelente ao trazer esse mundo antagônico para dentro da personagem. Mesmo que algumas vezes colocada de forma idealista como no destemor durante um tiroteio na África, Rebecca traz a inquietude de tudo soar artificial quando exposto à violência extrema. Papos com vizinhos, um jantar no restaurante com amigos, a apresentação das filhas nos colégios; tudo fica pequeno e insignificante perante o caos reinante.

Dirigido com muita segurança Erik Popper capaz de prender o público tanto pela tensão na sequência inicial como em momentos mais reflexivos, “Mil Vezes Boa Noite” deve se tornar um filme obrigatório para cursos de jornalismo.

NOTA: 7,5