Em 1981, o Brasil completava 17 anos de ditadura militar em um momento do avanço lento e gradual no processo de redemocratização. A fracassada tentativa de atentado ao Riocentro, entretanto, mostrava que essa etapa não seria tão segura como prometida pelo regime.
Nesta mesma época, nos cinemas brasileiros, chegava às telas “Eles não Usam Black-Tie”.
A adaptação da peça escrita por Gianfrancesco Guarnieri traz como foco uma família de operários em São Paulo. Tião, interpretado por Carlos Alberto Ricelli, almeja crescer no trabalho a qualquer custo para se casar e dar uma boa vida à namorada grávida Maria, vivida por Bete Mendes. Ele é filho de Otávio, personagem de Guarnieri, um operário focado na luta pelos direitos trabalhistas e contra a exploração do trabalhador, e Romana, dona de casa e consciente da importância da união do proletariado vivida por Fernanda Montenegro.
Esse choque de pai e filho em meio ao contexto de opressão do Estado e a luta da classe operária por melhores condições de vida movem o filme ganhador de três prêmios no Festival de Veneza em 1981 e eleito a 14a melhor produção da história do país pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Abraccine.
Por isso, o Cine Set celebra os 40 anos da estreia deste clássico nesta conversa mediada por mim, Caio Pimenta, e com as presenças de Camila Henriques e do convidado Wallace Andreoli.