Depois da divulgação de ameaças com insinuações terroristas divulgadas ontem pelos hackers do grupo “Guardiões da Paz” – leia mais aqui – o estúdio Sony deu a opção para as principais cadeias exibidoras americanas de não exibirem a comédia “A Entrevista”, se não quiserem. O resultado foi o esperado: ao longo do dia, as redes Regal, Cinemark, Cineplex, Carmike e AMC Theatres decidiram não exibir o filme.

Além disso, a pré-estreia do filme, programada para ocorrer em Nova York, também foi cancelada, assim como várias sessões de exibição para a imprensa agendadas pelo país. A decisão da Sony, segundo vários analistas, abre um precedente perigoso, pois pode incentivar outros tipos de ameaças on-line de vários grupos, o que poderia levar à censura prévia de outros filmes.

“A Entrevista”, comédia estrelada por James Franco e Seth Rogen, é considerada como a produção responsável por todos os problemas que o estúdio Sony vem enfrentando desde o final de novembro, quando seus sistemas de computação foram invadidos pelos hackers do “Guardiões da Paz”, um grupo ainda não identificado. Suspeita-se que esses hackers sejam ligados à Coreia do Norte, que não viu com bons olhos o enredo de “A Entrevista”, no qual uma dupla de produtores de TV se envolvem numa trama para tentar assassinar o presidente do país. Desde então, os hackers vazaram na internet filmes do estúdio, e-mails que deixaram executivos da Sony em saia-justa, documentos e informações confidenciais da companhia. A Coreia do Norte não apoia oficialmente as ações dos hackers, mas chamou suas atividades de um “ato justo”.

O site da Variety também noticiou que a Sony está estudando a possibilidade de disponibilizar o longa on-line em várias plataformas, já que o lançamento nos cinemas está comprometido.

ATUALIZAÇÃO: Em comunicado lançado no final do dia, a Sony Pictures anunciou que cancelou o lançamento do filme, originalmente planejado para estrear nos Estados Unidos neste Natal. O comunicado diz: “Em virtude da decisão de não exibir ‘A Entrevista’, tomada pela maioria dos nossos exibidores, decidimos não prosseguir com nossos planos de lançamento nos cinemas neste 25 de dezembro. Respeitamos e compreendemos a decisão dos nossos parceiros e, obviamente, compartilhamos do seu interesse na segurança de funcionários e espectadores.

A Sony Pictures foi vítima de um ato criminoso sem precedentes contra nossos funcionários, clientes e negócios. Aqueles que nos atacaram roubaram nossas propriedades intelectuais, e-mails privados e material, e desejam destruir nosso espírito e nossa determinação – aparentemente com o desejo de impedir o lançamento de um filme de que não gostaram. Estamos muito tristes por este esforço para impedir a distribuição de um filme, e no processo prejudicar nossa companhia, nossos funcionários e o povo americano. Apoiamos nossos cineastas e seu direito à liberdade de expressão, e estamos profundamente despontados por este resultado”.