Robocop – O Policial do Futuro (1987) é um daqueles maravilhosos casos em que mudamos de opinião acerca de algo. Antes de rever este filme, minha memória de infância me dizia que ele era um filme cafona dos anos 80, mais um título dos macho-movies, em que só aconteciam tiroteios e frases de efeito sem parar.
Anos depois fui pego de surpresa quando vi vários críticos de cinema que não se cansavam de elogiar o filme de Paul Verhoeven, classificando-o como um dos grandes trabalhos da década, e coisas do tipo. Revendo este longa, realmente pude ver todas as suas qualidades e características que realmente o tornam um trabalho muito, muito acima da média, e que pode-se dizer, facilmente, que ele jamais seria realizado da mesma maneira nos dias de hoje.
Dito isso, deve-se ter bem claro na cabeça que comparar o filme de José Padilha com o de Verhoeven é algo… inadequado e injusto, visto que estamos em um momento completamente diferente, e o sistema de produção Hollywoodiano de hoje tem muito mais restrições do que o de antes, visto que hoje em dia, se um filme quiser se sair bem nas bilheterias, tem que seguir a risca todas essas regras de bom mocismo.
Talvez este seja o maior empecilho para que o filme de Padilha bata com força, como o de Verhoeven já fizera.
Na trama, conhecemos o eficiente policial Alex Murphy (Joel Kinnaman), que está investigando um caso que pode prender pessoas influentes da polícia de Detroit. Porém, Murphy sofre um atentado, e fica praticamente sem vida. Isso se torna um prato cheio para a OmniCorp, dirigida por Raymound Sellars (Michael Keaton), que criou um sistema de robôs policiais, que já funciona em vários países, mas que ainda não tem a liberação nos Estados Unidos. Com isso, Sellars quer colocar um elemento humano dentro da máquina para que a opinião pública passe a ver este policial com outros olhos, e assim ter um policial imbatível, que seria implacável contra o crime na cidade.
Como já era de se esperar, o tempo fez bem ao visual deste projeto. Os efeitos visuais funcionam de maneira excepcional, bem como o desenho de som, que consegue facilmente convencer o espectador de sua eficiência. E sei que muitos saudosistas podem reclamar do fato da armadura do Robocop ser toda preta, e não mais preta e prateada como outrora, mas o filme consegue deixar convincente a mudança do visual, e acredito que ela conversa com a “evolução” tecnológica na qual o filme está envolvido.
Se a tecnologia auxilia, o material humano contribui ainda mais, com a presença dos craques, sempre presentes nos trabalhos do diretor, Lula Carvalho e Daniel Rezende. A fotografia de Carvalho casa muito bem com a proposta do filme, dando uma verdadeira aula para Michael Bay e seus wannabes de como utilizar com inteligência a câmera tremida nas cenas de ação e enquadramentos próximos do corpo dos atores para criar maior tensão. A ágil montagem de Rezende, que trabalhou junto de Peter McNulty, sela essa bem sucedida parceria que agrega um bom ritmo ao filme, dando a ele uma cara mais própria, diferente do blockbusters padrão, com excelentes cenas de ação, mas com uma montagem envolvente entre os momentos mais agitados.
Mesmo com essas qualidades, somadas a sempre eficiente direção de José Padilha, falta algo de diferente no filme, pra que ele fique na nossa memória. E isso se deve a suavização a que o filme teve que se submeter para poder alcançar mais salas de cinema. Essa história pede um tom mais cru para que se possa ver sua violência furiosa e o seu cinismo, pede muito mais culhão do que se pode exigir de um filme para maiores de 14 anos.
Infelizmente, este filme virou um programa para a família no domingo, para que todos vejam um filme divertido, e voltem ilesos para suas casas com sua cota de entretenimento semanal preenchida.
Evidente que o tom crítico ao capitalismo cego de poder, à mídia e à sociedade americana continua lá, explorado de boa maneira, em alguns momentos menos, e outros mais, como na excepcional cena final; temos atuações surpreendentemente muito boas de Gary Oldman, Michael Keaton, e principalmente do protagonista, Joel Kinnaman que criam pessoas de verdade, longe das caricaturas propositais do filme de Verhoeven, mas ainda assim, este trabalho está a quilômetros de distância do filme de 87, no qual, por exemplo, víamos, sem cortes, uma pessoa ser assassinada a sangue frio dentro de um contexto muito mais sujo e realista.
Apesar do que possa parecer, este Robocop não é, nem de perto, uma tragédia como já vi muita gente anunciando por aí. Analisando friamente é fácil perceber que trata-se de um eficiente filme de ação, com cenas marcantes, eficiente tecnicamente, com bons profissionais envolvidos. Mas infelizmente o projeto pedia mais, e nem me atrevo a dizer que a culpa é de Padilha, visto que o diretor tentou incessantemente deixar o filme com uma classificação mais adulta, o que permitiria ousar mais. Infelizmente não foi assim, e por conta disso, vimos um, apenas, filme eficiente.
Adorei esse blog. Apresenta uma boa crítica. Mas, discordo quanto a nota dada ao filme de Padilha. O filme é psicologicamente pesado. É uma crítica forte ao “neofacismo” Euro-Americano que já está presente inclusive no Brasil. Acredito que temos que levar em conta a busca de Padilha por uma discussão sobre as políticas de segurança e as politicas econômicas que vem sendo orquestradas pelas corporações e que vem deixando as instituições democráticas no chinelo. O filme mostra também o poder de um mídia que patrocinada pela iniciativa privada consegue aprovar qualquer coisa. O filme, em sua base política, gira em torno da aprovação ou não de uma lei sobre segurança que Padilha conseguiu colocar em destaque sem que o filme perdesse em dinamismo. E, se além de tudo isso, ele consegue agradar por ser um filme de ação, será que uma nota mediana como 6,5 é válida? Qual nota você deu a série Matrix?
Vamos falar a verdade, o filme Robocop é muito fraco ! Realmente esses filmes tem que ser da Marvel . Ficou no nível do Homem de Aço muito fraco também.
O filme é muito bom prq conseguiu fazer refletir sobre situações complexas sem ser pesado ou demasiadamente tenso.
O q mais gostei é que a direção simplesmente excluiu aquele foco exagerado que o americano tem, tipo: Olha, agora ele vai enfrentar um robo bem maior!!! – Nao. As cenas e sequencias se desdobram com naturalidade. As doses de humor sao otimas. Realmente um filme com “alma” brasileira.
Esse robocop dirigido pelo brasileiro é ótimo, essa critica idiota não sabe de nada.
O ruim de assistir a seriados na tv de categoria muito superior, como Game of Thrones e True Detective, é que simplesmente não dá para não ficar revoltado com o roteiro fraco deste filme, principalmente da metade para o final. E ainda ter que suportar as atuações sofríveis do M. Keaton e Samuel L. Jackson (este último, considerando os filmes mais recentes,só mesmo o Tarantino para fazê-lo esquecer o lado canastrão). Que decepção.
Abre a geladeira, derrama katchup em sua camisa e terá o sangue!!! Deixa de besteira. Esse filme é bom, principalmente para um filme policial. Faz críticas com questões sociais e políticas com inteligência razoável para a proposta e diverte bastante. Se minha filha pode ver, ótimo, a levarei ao cinema para ver esse filme.
“Infelizmente, este filme virou um programa para a família no domingo, para que todos vejam um filme divertido, e voltem ilesos para suas casas com sua cota de entretenimento semanal preenchida.”
Filme de domingo? Tem um monte de questionamentos complexos e profundos (livre arbitrio, consciencia, transumanismo) que dao densidade a trama e ao personagem. Diego, esse filme nao eh um GI Joe ou Ironman, you missed the point!
Acabei de assistir o filme no cinema, e o pessoal parece que gostou, e eu também, quero assistir de novo. Acho que essa comparação do novo com o antigo é idiota, um não vai substituir o outro. Qual o problema de gostar dos dois?
Vi o filme. E concordo com o comentário da maioria dos meus amigos que viram o filme e, até mesmo do Marcos, citado neste post. Não é que não tenha cenas de sangue que não seja violento. A violência dele, na minha subjetividade está mais em uma ideia psíquica do que propriamente física.
O episódio em que Alex se vê somente com cérebro, pulmão, coração e uma mão é de uma violência visual absurda. Contudo se a censura deixou que esse filme fosse para uma censura mais familiar, enfim, que deplorável os avaliadores. Concordo com muita gente que disse e repito o dito: NÃO É PORQUE NÃO TEM SANGUE EXPLÍCITO QUE NÃO SEJA VIOLENTO.
A violência pode estar em palavras, atitudes, gestos, comportamentos, na estética visual, dentre outras agressões que transcendem a própria “pancadaria”.
É bom revermos nossos conceitos sobre violência até porque certos programas jornalísticos hoje são a clara e dura realidade da violência e nem todos mostram cenas de fato mas falam sobre os fatos e deixam as pessoas chocadas e aterrorizadas e, ainda por cima, passam em horários nobres, sem censura, em canais abertos, e com apresentadores que, vira e roda, soltam linguajares muito inconvenientes para o horário e a ocasião. E isso ninguém trata como violência, mesmo sendo.
Acabei de ver o filme! Muito bom. Sou fã do primeiro mas gostei mais do atual. Tem humor, ótimas cenas de ação e escancara como poucos filmes de ação a realidade geopolítica mundial. Esqueçam todos esses comentários repetitivos que a mulher é coadjuvante, que a primeira versão tem mais violência e humor, ou que a direção de Padilha é meio exagerada. Achei o filme muito violento por sinal, não é porque não tem sangue que o filme é para criança. Valeu demais o ingresso.