Chris Pratt tem quase tudo. É sério.

Astro da comédia? Check.

Já esteve em dramas consagrados? Check.

Encabeçou o elenco de algum blockbuster? Check.

O charme de Pratt, além de seu jeito bobo que faz sucesso entre homens e mulheres (você não precisa acreditar em mim, o Tumblr está aí para isso), é justamente sua versatilidade. Foi ela que transformou um coadjuvante querido de em uma série de modesta audiência no galã que você vê fugindo de velociraptors em um dos cartazes de Jurassic World, que tem tudo para se tornar a segunda franquia de sucesso estrelada por Pratt em apenas dois anos.

Nem sempre foi assim: o ator chegou a fazer testes para protagonizar Avatar e o reboot da franquia Star Trek e a experiência de perder os dois papéis (para Sam Worthington e Chris Pine, respectivamente) lhe fez repensar os rumos da carreira. Em uma entrevista cedida à revista Entertainment Weekly, ele comentou que precisou rever suas ambições nessa época. “Pessoas precisam trabalhar. Eu só não quero estar na p**** de um restaurante!”, afirmou.

Chris-Pratt-in-Parks-and-RecreationUm querido bobão

Foi “mirando baixo” que Pratt conseguiu o papel que mudaria a sua carreira: Andy Dywer, o adorável palerma da série de comédia estadunidense Parks & Recreation. Estava longe de ser sua primeira participação na TV pois, a essa altura, ele já tinha tido um papel de considerável destaque em Everwood (2002-2005) e um de curta duração na última temporada do hit adolescente The O.C. (2006), mas foi essa que o consagrou. De fato, Pratt impressionou tanto com seu Andy que o personagem, previsto para durar apenas seis episódios, acabou virando um dos mais queridos do seriado, aparecendo em todas as suas sete temporadas (2009-2015).

Pratt teria conseguido lidar com o papel somente com seu senso de humor e ótimo timing, principalmente na encarnação simples de Andy que apareceu nos primeiros roteiros, quando a intenção dos roteiristas era a de que ele fosse temporário. No entanto, o ator conseguiu dar uma graça inata ao personagem, abusando de um humor profundamente autodepreciativo totalmente desprovido de malícia, o que oferecia um contraste perfeito a April Ludgate, a cínica estagiária interpretada pela atriz Aubrey Plaza, que era seu par romântico na série.

O sucesso de Parks começou a fazer seu nome subir nos créditos de produções para o cinema. Se um ano antes da série, ele era coadjuvante em filmes como O Procurado, quando ela começou, ele já pôde ser o principal interesse das protagonistas de Noivas em Guerra.

Guardiões-da-Galáxia-2-terá-mais-personagensEm território de Oscar

Em 2011, seu lado dramático ganhou exposição ao conseguir um importante papel em O Homem Que Mudou o Jogo, filme que acabou concorrendo a seis Oscars e que lhe permitiu trabalhar com atores como Brad Pitt e Phillip Seymour Hoffman. Seu bom desempenho lhe garantiu participação em outros três concorrentes ao Oscar nos três anos seguintes: A Hora Mais Escura, em que interpreta um fuzileiro naval, Ela, em que faz um colega de trabalho do personagem de Joaquin Phoenix, e Guardiões da Galáxia, em que ele dá vida ao personagem dos quadrinhos Peter Quill, um mercenário que acaba fazendo a escola Han Solo de virar herói meio na marra (Nota do autor: o blockbuster concorreu a duas categorias técnicas no Oscar de 2014).

Guardiões provavelmente foi o filme que deixou todo mundo empolgado com a ideia de Pratt protagonizar o novo filme da franquia Jurassic Park: aqui, ele teve a chance de usar todas as suas habilidades cômicas em um personagem que consegue achar subtexto dramático mesmo em meio a todo o CGI (um trunfo do roteiro de James Gunn e Nicole Perlman), sem deixar de lado a ação desenfreada que um filme do Universo Cinematográfico Marvel requer. A produção está longe de dever seu sucesso exclusivamente ao ator, mas ele provê uma âncora ao longa e seu protagonista dá muito do tom debochado da aventura espacial mais surpreendente produzida pela Marvel Studios até agora.

Chris PrattPor que acompanhar?

A carreira de Chris Pratt se assemelha a de astros que vieram de filmes mais leves e alcançaram fama posterior combinando grandes filmes de ação e papeis dramáticos de sucesso, tais como Harrison Ford e Tom Cruise: Ford teve participações em filmes como Loucuras de Verão antes de emplacar Guerra nas Estrelas, Indiana Jones e Blade Runner, enquanto Tom Cruise passou por Negócio Arriscado antes de parar em Top Gun e Entrevista com o Vampiro. Falando em Entrevista, há um quê de Brad Pitt e até de Woody Harrelson, se relevarmos a aura indie deste, na transição que Pratt têm feito entre seus papeis ultimamente.

O que diferencia o ator de todos estes é a capacidade de, aparentemente sem esforço, passar uma imagem de inocente, de homem comum, que só ressalta as desventuras de seus personagens. Diferentemente de um Ford ou um Cruise, Pratt poderia ser seu vizinho, o cara com quem você matava aula na faculdade, ou aquele que sempre aparecia para comprar histórias em quadrinhos às sextas.

O que falta agora? Bem, com esse perfil, não vai demorar a produções com sérias chances de lhe levar à corrida pela estatueta de Melhor Ator começarem a lhe bater a porta, afinal, pode-se dizer que ele já está nesse nível. Até lá, como dito anteriormente, ele tem quase tudo.