Nascida em Maringá, Paraná, Sonia Braga iniciou sua carreira no teatro, ganhando destaque na montagem brasileira de “Hair”, em 1968. Na TV, brilhou em novelas emblemáticas como “Irmãos Coragem” (1970), “Selva de Pedra” (1972), “Gabriela” (1975), “Saramandaia” (1976) e “Dancin’ Days” (1978). Mas foi no cinema brasileiro que Sonia cravou seu nome no imaginário popular e se transformou em símbolo sexual.
Sua estreia nas telonas aconteceu em 1968, numa pequena participação no clássico do cinema marginal “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla. Logo depois, protagonizou o musical “A Moreninha”, de Glauco Mirko Laurelli, ao lado de David Cardoso. Desde então, iniciou uma carreira vitoriosa no Brasil e no exterior, que lhe rendeu três indicações ao Globo de Ouro, uma indicação ao BAFTA e uma ao Emmy, além de ser premiada com dois Kikitos no Festival de Gramado.
Em comemoração aos seus 70 anos, apresento uma lista com 7 filmes que deixam claro o porquê de Sonia Braga ser considerada a musa maior do nosso cinema.
Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976)
Dirigido por Bruno Barreto, o filme elevou Sonia Braga ao posto de musa do escritor baiano Jorge Amado (ela já havia interpretado Gabriela na novela homônima da TV Globo, no ano anterior, virando ídolo nacional). E ainda repetiu na tela a parceria de sucesso com José Wilker, com quem havia contracenado no longa-metragem “O Casal” (1975), de Daniel Filho.
Com mais de 10 milhões de espectadores, “Dona Flor e Seus Dois Maridos” se manteve no topo das bilheterias nacionais por 34 anos, recorde quebrado apenas em 2010 por “Tropa de Elite 2”, de José Padilha. Foi o primeiro flerte de Sonia com Hollywood, já que a comédia fez grande sucesso nos Estados Unidos, recebendo uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Sonia ainda foi indicada ao BAFTA, na categoria de Melhor Revelação, e voltou a trabalhar com Bruno Barreto na versão cinematográfica de “Gabriela” (1983), onde contracenou com o ator italiano Marcello Mastroianni.
A Dama do Lotação (1978)
Baseado na crônica de Nelson Rodrigues, o filme de Neville D’Almeida conta a história de uma mulher recém casada que, embora apaixonada pelo marido, não consegue manter relações sexuais com ele. Desesperada, ela passa a sair todas as tardes, buscando nos ônibus companheiros anônimos para afirmar a própria sexualidade reprimida sob aparente frigidez.
Lançado no mesmo ano em que Sonia Braga brilhava no horário nobre como a protagonista da novela “Dancin’ Days”, o filme atingiu imensa repercussão, fazendo mais de 6 milhões de espectadores e consolidando a atriz como a rainha das bilheterias do cinema brasileiro.
Eu Te Amo (1981)
Escrito e dirigido por Arnaldo Jabor, o filme faz parte da chamada “Trilogia do Apartamento”, iniciada com “Tudo Bem” (1978) e finalizada com “Eu Sei Que Vou Te Amar” (1986), e narra o intenso relacionamento entre um homem e uma mulher, que desejam loucamente se amar, mas tem medo de realizar suas fantasias eróticas.
Co-estrelado por Paulo Cesar Pereio, Vera Fischer e Tarcisio Meira, “Eu Te Amo” levou mais de 3 milhões de espectadores aos cinemas, uma marca impressionante para uma obra de cunho autoral. Grande parte desse número deve-se ao apelo popular de Sonia Braga na época e sua interpretação visceral, uma das maiores de sua carreira, que a levou a vencer o Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado.
O Beijo da Mulher Aranha (1985)
Baseada no romance do escritor argentino Manuel Puig, a coprodução Brasil e Estados Unidos dirigida por Hector Babenco conta a história de dois homens completamente diferentes que dividem a mesma cela em uma prisão na América do Sul e que, com o passar do tempo, aprendem a conviver e a se respeitar. Um deles é homossexual e distrai, através das histórias que conta, seu companheiro de cela, um preso político que sofre por estar longe da mulher que ama.
Estrelado por William Hurt e Raul Julia, “O Beijo da Mulher Aranha” estreou no Festival de Cannes, onde garantiu o prêmio de Melhor Ator para Hurt, que ainda levaria o BAFTA e o Oscar. Com mais três indicações ao prêmio da Academia (Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado), o longa consagrou Sonia Braga internacionalmente, levando a atriz para os Estados Unidos, onde participou de dezenas de trabalhos e vive até hoje. A brasileira ainda conquistou sua primeira indicação ao Globo de Ouro, como Melhor Atriz Coadjuvante, e iniciou uma parceria com o falecido ator Raul Julia, que rendeu quatro filmes.
Tieta do Agreste (1996)
Foi pelas mãos de Cacá Diegues que Sonia Braga voltou a filmar no Brasil, num projeto idealizado pela própria atriz, que deu vida à mais um personagem icônico de Jorge Amado. A obra, que já havia se tornado novela de imenso sucesso em 1989 (com Betty Faria no papel), narra a trajetória de uma poderosa mulher que fora expulsa da cidade conservadora onde nasceu e retorna anos depois para transformar a vida dos seus conterrâneos.
Com um belíssimo figurino assinado por Ocimar Versolato, Sonia surge deslumbrante neste que é um dos primeiros filmes da chamada “retomada” do cinema brasileiro, e que fora o representante escolhido para disputar uma vaga no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O elenco ainda conta com Marília Pêra, Chico Anysio, Claudia Abreu, Zezé Motta e Jece Valadão.
Aquarius (2016)
O longa-metragem do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho mostra a luta de uma jornalista aposentada que se recusa a sair do apartamento em que morou durante a vida toda, resistindo às pressões de uma construtora que deseja construir um novo empreendimento no local.
“Aquarius” figurou em várias listas de melhores filmes de 2016 em veículos importantes como o jornal The New York Times, além de render diversos prêmios nacionais e internacionais para Sonia Braga, que tem aqui um dos pontos altos de sua carreira.
Além da especulação imobiliária, “Aquarius” também aborda temas como memória afetiva, relações familiares e discute os padrões pré-concebidos para a mulher na terceira idade. O filme virou símbolo de resistência contra o golpe de estado que culminou com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ganhando repercussão mundial após o protesto feito pela equipe no tapete vermelho do Festival de Cannes. No mesmo ano, Sonia foi homenageada no 44º Festival de Gramado com o Troféu Oscarito, pelo conjunto de sua obra.
Bacurau (2019)
Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes e presença marcante em inúmeros festivais no mundo todo, “Bacurau” trouxe uma nova parceria entre Sonia Braga e Kleber Mendonça Filho, que codirige o filme com Juliano Dornelles.
A atriz se despiu completamente da imagem glamourosa de diva para surgir quase irreconhecível numa personagem diferente de tudo o que já fez: uma médica alcoólatra e amargurada, que se une aos outros moradores de um pequeno povoado ameaçado por violentos invasores estrangeiros, para lutarem contra o inimigo e defenderem sua própria existência.
Em um filme sem protagonistas, em que cada personagem tem sua importância e se destaca em um determinado momento, Sonia brilha em diversas cenas, sobretudo ao contracenar com o ator alemão Udo Kier, numa das sequências mais marcantes de “Bacurau”.
EU QUE SOU FÃ DESDE A ADOLESCÊNCIA AGRADEÇO E TE DOU PARABÉNS. TEM UM TRABALHO DE TV QUE EU ACHO O MÁXIMO QUE É A NOVELA ESPELHO MÁGICO, INFELIZMENTE DESTRUÍDA NO INCÊNDIO NOS ANOS 80. E NO CINEMA HÁ UM FILME MUITO BOM A VOLTA. ABRAÇOS.
Se fosse oito entraria ”Gabriela”,que vale pela presença de Marcello Mastroianni ao lado de nossa estrela maior.
Eu tiraria ”Tieta” e colocaria esse.