Sylvester Stallone completa 70 anos nesta quarta-feira (6), e a cidade de Filadélfia, onde se passa “Rocky: Um lutador” (1976), preparou uma série de comemorações para celebrar o ator e o personagem, um dos mais conhecidos da carreira do artista.

Stallone reviveu o personagem em outros seis longas-metragens: “Rocky II” (1979), “Rocky III: O desafio supremo” (1982), “Rocky IV” (1985), “Rocky V” (1990), “Rocky Balboa” (2006) e “Creed: Nascido para lutar” (2015). 

“Rocky e Filadélfia são o mesmo para muita gente”, disse Cara Schneider, coordenadora dos programas relacionados a Rocky Balboa da Visit Philly, instituição que iniciou uma rota para conhecer a cidade passando pelos cenários do filme.

Já faz parte da identidade da Filadélfia a história do descendente de italiano e boxeador sem futuro, que trabalha para um agiota até ganhar a oportunidade de enfrentar o campeão mundial no ringue.

A cidade americana se orgulha de servir de cenário para o momento mais memorável da saga, a corrida de Rocky (no primeiro filme, em 1976) do sul da cidade até o alto das escadas do Museu de Arte de Filadélfia.

O alto da colina, com a vista mais completa da cidade, deixa sem fôlego grupos de turistas, cinéfilos e equipes de atletas que treinam subindo e descendo os famoso degraus.

“Para muita gente, é bater a meta, chegar ao topo. As pessoas dão muito significado a isso, tentam correr pelas escadas como se ninguém estivesse olhando. Com os filmes, vimos a evolução da cidade. À medida que o personagem cresce, a cidade evolui. Fizemos esta viagem juntos durante 40 anos”, analisou Schneider.

‘Joia da cora de Filadélfia’
O primeiro filme foi “obscuro, doloroso, o início de tudo” e, conforme a saga avança, Stallone se consolida e Filadélfia floresce, como se vê por exemplo em seu perfil urbano, que desde 1976 incorporou vários de arranha-céus, acrescentou.

As emblemáticas escadas são comparáveis à “joia da coroa” de Filadélfia: o Sino da Liberdade, símbolo da luta pelos direitos civis. Ambas as relíquias têm um grande poder “inspirador” para comunidades de imigrantes que buscam um lugar nos Estados Unidos e para pessoas que tentam de superar desafios pessoais, disse Schneider.

Rocky, filho de imigrantes europeus (assim como o próprio Stallone), foi a primeira geração de sua família nascida nos EUA que tentou se integrar à sociedade americana com mais sucesso que os pais, que se mantiveram em comunidades fechadas.

Os Balboa viviam no bairro do Italian Market, o mercado ao ar livre mais antigo do país e que nos últimos anos viveu uma transformação: passou de mãos italianas para mexicanas, uma das maiores comunidades de Filadélfia.

No entanto, continua na mesma esquina o açougue onde Stallone socou a carne com os punhos de Rocky e também se mantém de pé o Victor Café, onde o próprio ator também comia fora do horário de gravação.

‘Herói da cidade’
Para o berço dos EUA, onde foi assinada a Declaração de Independência e discutida a primeira Constituição do país, “Rocky” foi como ar fresco nos anos 1970, 1980 e 1990.

“Queria que Philly [como a cidade é popularmente conhecida] tivesse um novo herói”, comentou a diretora do Escritório de Cinema da Filadélfia, Sharon Pinkenson.

Assim, a cidade adotou Stallone como novo filho e deixou que escrevesse seu nome na história da cidade. Pinkenson reconhece que quando assumiu o comando do escritório, “a última coisa que queria era ouvir falar de Rocky”.

Tudo mudou quando a contaram a proposta do novo filme, “Creed: Nascido para lutar” (2015), que Stallone defendeu como uma história derivada dos filmes anteriores e não uma sequência da saga original.

Na opinião de Pinkeson, Rocky é uma “figura icônica e um personagem maravilhoso para educar os filhos” pelos valores de esforço e superação que representa.

Com “Creed”, Stallone e Rocky retornaram a Filadélfia há dois anos, com uma grande repercussão que faz os moradores locais “se sentirem orgulhosos da cidade”, lembrou a diretora do Escritório de Cinema, responsável por coordenar a logística da filmagem.

O cinema já rendeu mais de US$ 4 bilhões à Filadélfia desde que foi criada a instituição de divulgação cinematográfica da cidade, em 1985, número que se deve em grande parte ao sucesso de “Rocky”.

da Agência EFE