Sei que muita gente acha a cerimônia do Oscar chata e que está mais interessado em saber quem ganhou ou não. Eu confesso que adoro todo o processo, dos primeiros burburinhos, assistir aos filmes (CLARO) até cada momento no palco. Se tem coisa feita para emocionar, aí é que eu gosto mesmo. Homenagens a grandes nomes da história do cinema, momentos inesperados, premiações históricas… É difícil condensar em apenas dez os momentos mais emocionantes dos 92 anos da premiação, mas esses abaixo são os que mais me tocaram seja assistindo na TV no dia da cerimônia ou depois, com tudo o que o Youtube proporciona. Vamos lá?  

“Moonlight” surpreende em dose dupla

Dose dupla porque o filme de Barry Jenkins não era o favorito para vencer o principal prêmio da noite no Oscar 2016, e porque, como todos lembram, essa vitória foi anunciada na maior reviravolta da história da cerimônia. Passado o choque, a emoção tomou conta e o combo reação da plateia, do elenco e dos produtores + discurso apaixonado de Jenkins não deixa ninguém incólume. 

Halle Berry faz história em 2002

A reação de Berry, a emoção de Sidney Poitier (premiado com um prêmio honorário naquela noite), o discurso que citou Oprah, Jada Pinkett Smith e, claro Dorothy Dandridge (primeira atriz negra a ser indicada na categoria vencida por Halle) e o choro na plateia e no palco fazem deste o momento mais inesquecível de uma cerimônia que reservou vários outros momentos emocionantes, como o prêmio de melhor ator a Denzel Washington e a homenagem ao próprio Poitier. 

 Charlie Chaplin retorna aos EUA e recebe homenagem emocionante

Em um dos episódios do Especial Oscar do podcast do Cine Set, o Felipe Haurelhuk, do canal Meu Tio Oscar, contou que esse foi um dos raros momentos a tirar o foco do prêmio de melhor filme. A homenagem prestada pela Academia foi o último prêmio entregue na cerimônia de 1972. Até então exilado na Suíça, o eterno Carlitos entregou um discurso emocionado e recebeu da plateia o amor que há tanto havia sido lhe tirado.  

Olivia de Havilland e o Álbum de Família em 2003 

Uma tradição que o Oscar ensaiou para seus anos de aniversários “redondos” e que, infelizmente (pelo menos pra mim, porque adoro esse tipo de coisa) não teve continuidade, foi o álbum de família com os atores que já venceram a estatueta. Em 1998, nomes como Gregory Peck, Shirley Temple, Walther Matthau e Jack Lemmon se juntaram a vencedores recentes como Anna Paquin, Frances McDormand e até Joe Pesci, que odeia essas coisas, em uma grande celebração da história da Academia. O negócio foi emocionante, mas de arrepiar mesmo foi a repetição deste momento em 2003. Única atriz viva do elenco principal de “…E O Vento Levou”, Olivia de Havilland fez uma aparição surpresa para apresentar o álbum e recebeu um demorado e emocionante aplauso de pé (e o Tema de Tara ao fundo fez tudo ficar ainda mais incrível). Nas cadeiras, outras vencedoras lendárias como Jennifer Jones e Louise Rainer (que ganhou dois Oscars de melhor atriz nos anos 1930!) foram homenageadas. Fica a torcida para que a Academia recicle a ideia na cerimônia do centenário, né?  

Martin Scorsese finalmente premiado

Scorsese pode até não ter vencido por uma de suas obras-primas, mas o prêmio finalmente recebido em 2007 foi comemorado por cinéfilos de todo o mundo. O diretor era o favorito naquele ano e, como de costume, a Academia resolveu caprichar na escolha dos apresentadores da categoria. Apresentados como os “três amigos originais antes de Iñárritu, Del Toro e Cuarón”, Steven Spielberg, George Lucas e Francis Ford Coppola entregaram a estatueta ao velho amigo da Nova Hollywood, não sem antes trocarem piadinhas com o fato de que Lucas é o único a nunca ter vencido melhor diretor. Pra deixar tudo ainda mais inesquecível, Scorsese recebeu o prêmio e discursou com aquele jeitinho que é só dele.

Hattie McDaniel é premiada em 1940

A vencedora do prêmio de coadjuvante por “…E o Vento Levou” foi a primeira mulher negra a ganhar um Oscar de atuação. Não que isso tenha sinalizado grandes mudanças na sociedade e na própria Academia. McDaniel não pôde sequer sentar ao lado de seus colegas de elenco, já que o hotel onde a cerimônia foi realizada tinha uma política de não permitir a entrada de pessoas negras – para que ela pudesse apenas entrar no local, foi preciso uma autorização especial. No discurso, McDaniel disse que aquele era um dos momentos mais felizes de sua vida. Em 2010, ao vencer na mesma categoria, M’onique fez questão de homenagear a pioneira ao usar gardênias no cabelo, em um arranjo semelhante ao usado por McDaniel em 1940.

Kathryn Bigelow ganha melhor direção em 2010

“A hora chegou”, anunciou Barbra Streisand, ela própria uma célebre esnobada da categoria que anunciava. Ao longo da história do Oscar, apenas cinco mulheres foram indicadas a melhor direção e, até ali, nenhuma havia vencido. Kathryn Bigelow chegou lá em um momento de arrepiar e que completa dez anos em 2020. Desde então, apenas Greta Gerwig foi indicada e a Academia não voltou a premiar uma mulher na categoria.  

Discursos de Tom Hanks em 1994 e Michael Caine em 2000

Quando o discurso é tão bom que vira mote para filme, não tem como ignorar, né? Foi esse o caso do primeiro Oscar de Tom Hanks, por “Filadélfia”. Já consagrado como um dos grandes nomes da indústria, o ator recebeu um caloroso aplauso de pé, e foi às lágrimas ao falar da esposa, Rita Wilson, e ao dedicar o prêmio às vítimas do HIV. Apenas três anos depois, o filme “Será Que Ele É?” estreou com uma história que parte basicamente de um discurso de um ator que agradece seu professor gay no Oscar, o que foi o que aconteceu com Hanks. Já em 2000, Caine venceu quatro nomes que certamente mereciam mais o prêmio do que ele, e aproveitou a oportunidade para fazer um grande discurso em homenagem a seus concorrentes, Haley Joel Osment, Michael Clarke Duncan, Tom Cruise e Jude Law. Foi pra rir e chorar ao mesmo tempo, ainda mais que ele disse a Cruise que atores coadjuvantes ganham bem menos.  

Oscar póstumo a Heath Ledger em 2009

A cerimônia de 2009 teve um toque de nostalgia, com a escolha de cinco vencedores entregando cada um dos prêmios de atuação. A reação de Anne Hathaway ao ouvir as palavras de Shirley MacLaine e a de Viola Davis com o breve discurso de Eva Marie Saint foram marcantes, mas a homenagem ganhou um significado ainda maior com a premiação de Heath Ledger por “O Cavaleiro das Trevas”. Morto um ano antes da cerimônia, Ledger foi representado pelos pais e pela irmã, que arrancaram lágrimas dos presentes. 

 Christopher Reeve surpreende em 1996

Em 1995, o eterno Superman Christopher Reeve sofreu um acidente que o deixou tetraplégico. Muito querido na indústria, o ator retornou aos olhos do público no Oscar do ano seguinte, fazendo uma aparição surpresa para apresentar um segmento sobre Hollywood e ativismo social. Desafio você a assistir esse vídeo e não ficar balançadx.