Se existe hoje uma atriz capaz de atrair multidões aos cinemas por conta de sua presença em um filme e, ao mesmo tempo, agradar e receber elogios da crítica, esse nome é Jennifer Lawrence. Com apenas 24 anos de idade e uma carreira ainda relativamente curta, a americana já conseguiu se consolidar como um dos nomes mais fortes de sua geração em Hollywood.

Jennifer teve seu primeiro papel de destaque na série de comédia The Bill Engyall Show. A sitcom lhe abriu as portas para que ela começasse a trilhar seu caminho em filmes independentes, como The Burning Plain e The Poker House. Mas ela só chamaria mesmo a atenção em 2010, graças ao seu papel em Inverno da Alma, que lhe rendeu a primeira das suas três indicações ao Oscar.

Daí pra frente, Jennifer conseguiu balancear seu status como atriz através de papeis tanto em filmes menores quanto em grandes blockbusters. Sua participação como a Mística em X-Men: Primeira Classe (ainda melhor em Dias de Um Futuro Esquecido) e como a protagonista da série Jogos Vorazes lhe garantiram a ascensão (e o lucro) como celebridade. Basta assistir qualquer entrevista dela para conferir que o bom humor e o carisma naturais de Jennifer (e seu talento para cair em premiações) também ajudaram muito a firmar seu nome.

Se Jennifer Lawrence continuar escolhendo bem seus projetos, pode ter uma das carreiras mais notáveis de sua geração daqui pra frente. Por enquanto, já vale a pena dar uma olhada nessa breve trajetória da atriz e ver quais foram os seus melhores desempenhos nas telonas – e um que não valeu tanto assim o ingresso.

Os melhores:
3. O Lado Bom da Vida (2012), de David O. Russell

jennifer lawrence lado bom da vida cotoco

É fato que a consagração da atriz no Oscar de 2013 pelo filme de David O. Russell foi prematura, ainda mais quando se olha para as concorrentes daquele ano – nada supera a entrega angustiante de Emmanuelle Riva em Amor. Mesmo assim, Jennifer Lawrence é a melhor coisa de O Lado Bom da Vida. Mesmo que, no fundo, o filme seja apenas uma comédia romântica simplória, ele é elevado pelas atuações de Bradley Cooper e Jennifer, que brilha especialmente como a jovem viúva fogosa e problemática Tiffany Maxwell, assim compondo a galeria de personagens do filme, em que, cada qual a seu modo, beiram a loucura e a neurose.

2. Saga Jogos Vorazes (2012-2014)

jogos vorazes jennifer lawrence

Se filmes de gênero como Jogos Vorazes não fossem constantemente ignorados por premiações, a atriz também provavelmente já teria abocanhado pelo menos alguma indicação por seu trabalho aqui. Afinal, Jennifer de fato é Katniss Everdeen, a heroína do futuro distópico de Panem e o coração de toda a saga. É a atuação intensa dela que garante os melhores momentos do apenas mediano primeiro filme. Nos dois (bem melhores) longas seguintes, ela também evolui e se entrega um pouco mais, beneficiada pela direção certeira de Francis Lawrence. A cena final de Em Chamas e os momentos de angústia de Katniss em A Esperança – Parte 1 são provas das diferentes nuances que Jennifer consegue empregar em sua composição da protagonista que, no fundo, por mais forte que seja, não deixa de ser uma garota jogada em meio a uma guerra militar e midiática.

1. Inverno da Alma (2010), de Debra Granik

jennifer lawrence inverno da alma

Apesar de toda sua trajetória até aqui, o trabalho mais maduro e forte de Jennifer Lawrence continua sendo aquele que lhe abriu o caminho do estrelato. Inverno da Alma se passa nas montanhas de Orzak, nas entranhas de um Estados Unidos frio e miserável. É nesse cenário que Ree, a personagem de Jennifer, se vê obrigada a abandonar a adolescência e assumir a responsabilidade pela família, cuidando dos irmãos menores e da mãe catatônica. Quando descobre que a casa foi posta como garantia pela fiança do pai, um produtor de metanfetaminas, ela precisa encontrá-lo e garantir que ele apareça na audiência judicial.

A performance de Jennifer é segura, mergulhando num universo melancólico e condenado, e mesmo nos momentos de maior fragilidade, sua protagonista encontra forças pra seguir em sua busca. Com apenas um gesto sutil ou um olhar (como a troca final entre ela e o personagem de John Hawkes), a atriz consegue dizer muito sobre a situação hostil em que se encontra. Não é à toa que o papel a colocaria de imediato no patamar de grandes atrizes da sua geração.

O pior:
Trapaça (2014), de David O. Russell

jennifer lawrence trapaça

Confesso que não sou um dos maiores fãs de David O. Russell, e entre as várias coisas que me incomodam em Trapaça – além da vibe “mamãe-quero-ser-Scorsese” –, a atuação quase caricata de Jennifer é uma delas. Claro que a maneira como a personagem foi escrita também não colabora, mas aqui a atriz passa por vários momentos que se aproximam muito do overacting, exagerada ao viver a mulher louca que grita e explode o micro-ondas. Não chega a ser exatamente ruim, mas é um desempenho abaixo da média de uma excelente atriz em um filme fraco. Pelo menos, a personagem garante umas boas risadas.