Há uma série de boas ideias e grandes piadas espalhadas durante o novo projeto de Seth Macfarlane. Conhecido pelo sarcasmo e humor politicamente incorreto já visto nas séries “American Dad”, “Family Guy” e no filme “Ted”, o comediante aproveita para desconstruir o faroeste e seus clichês em “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”. No meio do caminho, porém, há uma série de baixarias e escatologias indignas até mesmo do pior “Zorra Total”, derrubando qualquer pretensão de ser marcante.

O filme acompanha de Albert (Macfarlane), um fracassado pastor de ovelhas dispensado pela namorada (Amanda Seyfried). A chegada de Anna (Charlize Theron) muda o rumo da vida dele com uma amizade que vai se transformando aos poucos em romance. A mocinha, entretanto, não conta um pequeno para o herói: ela é esposa de Clinch Leatherwood (Liam Neeson), maior pistoleiro do Velho Oeste.

Macfarlane sabe brincar com o universo dos faroestes imortalizado por gênios como John Ford e Sergio Leone. Se nos clássicos filmes do gênero, o herói é impecável ao atirar, Albert não consegue acertar o alvo nem mesmo a poucos centímetros de distância. Cabe à mocinha ajudá-lo, tirando as mulheres da posição de donzelas indefesas. Isso se mistura a brincadeiras irônicas como do jogo de atirar em escravos ou as piadas com os diversos tipos de mortes possíveis no Oeste. Também se destacam as piadas envolvendo o universo pop seja através de Mila Kunis e Ryan Reynolds e a participação surpreendente de um personagem querido da história do cinema. Essas desconstruções tornam o filme delicioso quando aposta nesses trechos, criando uma película acima da média mesmo com uma história para lá de previsível.

“Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”, entretanto, joga toda essa inteligência fora ao apostar nas piadas fáceis de baixaria. Para se ter uma ideia são quatro peidos em pouco mais de 30 minutos de filme. O auge desses momentos acontece próximo ao final da produção com direito a todo tipo de sonoplastia para simular uma diarreia e uma atuação envergonhada de Neil Patrick Harris expressa aquilo que sentimos do lado de cá da tela. A sensação clara desses trechos é que tanto Macfarlane quanto os produtores da Universal não acreditaram na capacidade do público e na própria história que tinham em mãos e optar pela escatologia seria uma forma de garantia de risos. Mediocridade pura.

Criado por um possível psicopata sexual, o título brasileiro poderia ser transformado “Um Milhão de Maneiras de Destruir um Filme” ou “Uma Milhão de Maneiras de Apelação”. Ficaria mais condizente com a realidade apresentada pelo filme.

NOTA: 5,5