Caio Pimenta apresenta os principais eventos, festivais e mostras do cinema amazonense nos últimos 20 anos.
Nos dois primeiros ciclos do cinema amazonense, festivais e eventos não eram tão comuns assim. Os mais célebres aconteceram durante a geração cineclubista dos anos 1960: em 1966, foi realizado o Festival de Cinema Amador, e três anos depois o Festival Norte de Cinema Brasileiro com uma homenagem a Silvino Santos no palco do Teatro Amazonas.
DO POPULAR AO ACADÊMICO
Já neste terceiro ciclo, o cenário mudou e vimos surgir diversos eventos ao longo dos últimos 20 anos. O mais célebre deles, claro, foi o Amazonas Film Festival. Realizado de 2004 a 2013, o evento era promovido pelo Governo do Amazonas em parceria com instituições internacionais. Para saber mais sobre o AFF, deixo um link para uma websérie aqui do canal que fala justamente sobre o evento.
Em 2002, surgiu o Um Amazonas, conhecido mais popularmente como festival do filme do minuto. A primeira edição teve coordenação do Sérgio Andrade, porém, o Júnior Rodrigues foi o nome mais associado ao evento. Em sua maioria, as produções eram amadoras, muitas vezes, uma piada filmada, mas, algo natural para uma produção ainda em fase inicial. O festival circulou por Manaus, cidades do interior como Maués e atravessou fronteiras chegando à França e ao México.
A última edição do Um Amazonas aconteceu em 2016, mas, ele rendeu frutos como o Umzinho, voltado para filmes produzidos por crianças, e o Curta 4, festival para produções com até quatro minutos de duração.
Também em 2002, surgiu o Festival Amazonas Filmes Curta Brasil que, mais tarde, se tornou Festival Cine Curupira. O evento visou estimular o audiovisual amazonense e trazer produções nacionais para Manaus; terminou em 2006.
Promovido pelo Navi – Núcleo de Antropologia Visual da Universidade Federal do Amazonas, a Mostra Amazônica do Filme Etnográfico teve cinco edições e homenageou nomes como Vincent Carelli, Jorge Bodanzky, Aurélio Michiles, Adrian Cowell, entre outros. O evento tinha um timaço na organização, incluindo, Selda Vale da Costa, Gustavo Soranz e Tom Zé.
DO UNIVERSITÁRIO AO MERCADO
Vamos agora para os anos 2010. A Mostra do Cinema Amazonense foi uma iniciativa do Fórum do Audiovisual Amazonense e servia para dar vazão à produção local após o fim do Amazonas Film Festival. Teve três edições e, na última em 2017, contou com o prêmio do Júri Popular para “Maria”, da Elen Linth.
Em 2018, surgiu o Olhar do Norte, festival de cinema produzido pela Artrupe Produções. As duas primeiras edições foram físicas, enquanto a terceira, em 2020, por conta da pandemia da COVID-19, teve que ser online aqui no canal do Cine Set e na plataforma Videocamp. “O Necromante”, “Vila Conde” e o paraense “Ari y Yo” foram os vencedores do prêmio do júri. O evento ainda conta com atividades de formação como oficinas durante os dias de evento.
Falando em formação, a produtora Picolé da Massa leva o projeto Cine Bodó para as periferias de Manaus. Durante o evento, crianças e adolescentes participam de atividades de audiovisual com profissionais locais do setor, aprendendo técnicas de filmagens e produção. Sessões de cinema e rodas de conversa completam a programação. Já o Pirarucurta é uma iniciativa recente, de 2019, da Faculdade Martha Falcão, e estimula o audiovisual no ambiente acadêmico.
Por fim, tem o Matapi – Mercado Audiovisual do Norte. Deixei-o por último por considerá-lo o mais importante de todos estes eventos. No evento promovido pela Dabacuri Produções e Leão do Norte, não há exibições de filmes; o foco está em contribuir para a profissionalização do setor com oficinas, palestras, masterclasses para quem atua na área e também em promover oportunidades de negócios para produtoras locais com players nacionais e internacionais. Ter um evento de mercado de audiovisual no Amazonas simboliza o quanto a produção amazonense evoluiu neste terceiro ciclo.
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Projeto contemplado no Prêmio Feliciano Lana, promovido pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa com recursos da Lei Aldir Blanc.