“Submergence”, uma peculiar história de amor do veterano cineasta alemão Wim Wenders, abriu nesta sexta-feira a 65ª edição do Festival de San Sebastián, onde o brasileiro “Arábia”, de Affonso Uchoa e João Dumans, disputa o Prêmio Horizontes com o chileno “Uma Mulher Fantástica”, de Sebastián Lelio.

O filme do consagrado diretor alemão, três vezes indicado ao Oscar, inaugurou a disputa pela Concha de Ouro, o principal da mostra, disputado entre 18 longa-metragens no festival basco, que distribuirá os prêmios em 30 de setembro.

Parte história romântica, parte thriller ambientalista, “Submergence” conta a saga de uma cientista, interpretada pela sueca Alicia Vikander, que busca comprovar a origem da vida nas profundezas do mar, quando conhece, por acaso, um espião que combate o extremismo islâmico, interpretado pelo escocês James McAvoy (“X-Men”, “O Último rei da Escócia”).

“É uma história romântica, construída de forma intelectual”, explicou Vikander, ganhadora em 2016 do Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme “A garota dinamarquesa” e que substituirá Angelina Jolie no papel da heroína de videogames Lara Croft no cinema.

Aos 28 anos, a atriz multifacetada aglutinou os flashes nesta sexta-feira no tapete vermelho de San Sebastián (norte da Espanha), por onde desfilarão astros e estrelas como Glenn Close, Arnold Schwarzenegger, Antonio Banderas, Penélope Cruz, Javier Bardem e Monica Bellucci.

“Uma especie de familia”, uma coprodução entre Brasil, Argentina, Polônia e França, sob direção do argentino Diego Lerman, também está na seção oficial na disputa pela Concha de Ouro, junto com outros 24 filmes.

Na seção Horizontes Latinos, destinada a promover longas-metragens produzidos em parte ou totalmente na América Latina, ou dirigidos por cineastas latinos, o brasileiro “Arábia” concorre com “Uma Mulher Fantástica” e outros dez filmes ao prêmio de 35 mil euros.

Terrorismo

Filmado em locações da Europa até o Djubuti – “o mais próximo que conseguimos chegar da Somália”, onde realmente ocorre parte da ação, explica Wenders -, “Submergence” tenta abordar o tema do terrorismo de uma forma séria e sem preconceitos, segundo o diretor de “Paris, Texas” e “Buena Vista Social Club”.

“Parte do problema é criado por nossa própria civilização (…) e tem a ver com o desequilíbrio entre pobres e ricos”, destacou Wenders. “Declarar guerra ao terrorismo em 2001 foi o melhor que pôde acontecer aos grupos terroristas, realmente criamos um monstro”, afirmou.

“Esperamos ver filmes maravilhosos e nos sentimos felizes de estar aqui”, disse o ator e diretor americano John Malkovich, presidente do júri da seção oficial, na festa de abertura da mostra, quando o diretor finlandês, Aki Kaurismaki, foi homenageado.

Presença latina

Presente em todas as seções do festival, a América Latina foi representada na abertura da mostra com a exibição, nesta sexta-feira, de “Uma Mulher Fantástica”, candidato chileno ao Oscar e ao Goya (prêmio máximo do cinema espanhol), que conta a história da transgênero Marina, uma garçonete e aspirante a cantora sobre quem recaem todas as suspeitas quando seu namorado morre repentinamente.

Além de continuar apoiando a América Latina na seção Cinema em Construção, que financia a finalização de filmes para que cheguem aos cinemas, o festival entregará o prêmio honorário Donostia a um dos atores imprescindíveis da filmografia regional, o argentino Ricardo Darín.

Ao lado de Darín, que aproveitará a opotunidade para apresentar seu último filme, “La cordillera”, em que interpreta um presidente argentino, serão homenageadas as trajetórias da atriz italiana italiana Monica Bellucci e da cineasta francesa Agnès Varda.

O festival apresentará uma novidade: pela primeira vez estreará um filme produzido pela plataforma digital Netflix, “Fe de etarras”, assim como duas séries de TV, uma delas do espanhol Alberto Rodríguez (“La isla mínima”).

da Agência France Press