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Sabe aquele ator excelente relegado aos papéis menores em bons filmes ou nas superproduções, conhecido por muita gente, mas que ninguém sabe o nome?

J.K. Simmons está nesse patamar: o do eterno coadjuvante. Lembrado por ser o pai de Juno e o chefe mal humorado do Homem-Aranha, o ator aproveita o grande momento da carreira nesta temporada de premiações. Vivendo o intenso papel de um professor de bateria detalhista e exigente no drama “Whiplash”, ele está perto do primeiro Oscar e, por ironia do destino, será na categoria de coadjuvante.

Em homenagem a essas figuras essenciais e, por vezes, esquecidas em detrimento dos grandes astros, o Cine Set traz uma lista dos grandes coadjuvantes do cinema na atualidade.

E depois desse texto, por favor, não os deixe cair no relento:

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Alan Arkin

Alan Arkin é tão tão tão coadjuvante que ele conseguiu ser coadjuvante em um filme brasileiro. Em “O Que é Isso Companheiro?”, o ator interpreta o embaixador americano sequestrado no Rio de Janeiro em 1969, Charles Burke Elbrick. Como não poderia deixar de ser, o único Oscar ganho na carreira foi (adivinha?) como ator coadjuvante pela comédia dramática “Pequena Miss Sunshine”. O mais recente trabalho de sucesso em que participou foi “Argo”, dirigido por Ben Affleck. Ou seja: de estatueta dourada, ele entende.

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Brendan Gleeson

Não será o recente trabalho como protagonista em “Calvary” capaz de tirar este ator irlandês dessa lista. Afinal de contas, Brendan Gleeson desde que chegou ao cinema americano sempre participou como coadjuvante de grandes produções: “Gangues de Nova York”, “Missão Impossível 2”, “Zona Verde”, “No Limite do Amanhã”. Isso para não citar a série “Harry Potter” em que fez o personagem Alastor Moody. Quando pôde ter um papel de destaque na comédia sarcástica “Na Mira do Chefe”, Gleeson acabou sendo ofuscado por uma das melhores atuações de Colin Farrell no cinema. Difícil a vida desse irlandês de Dublin.

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Catherine Keener

Era para Catherine Keener ter uma carreira apagada. Afinal de contas, ela começou a despontar somente aos 39 anos quando participou do insano “Quero Ser John Malkovich”. Encontrar papéis maduros e inteligentes com essa idade começa a ficar difícil pela adolentização costumeira do cinema americano. Mesmo assim, Keener conseguiu driblar os percalços e participou de importantes produções como “S1m0ne”, “O Virgem de 40 Anos”, “Na Natureza Selvagem”, “Sinédoque Nova York” e “Capote” (indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante). Apesar de nunca ter conseguido chegar a personagens principais, ela continua forte na indústria de Hollywood sabendo escolher muito os projetos em que se envolve (“Mesmo Se Nada Der Certo” e “À Procura do Amor” foram os acertos mais recentes).

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Frances McDormand

Muito da presença de Frances McDormand nesta lista se deve ao freio dado na carreira dela após a vitória como Melhor Atriz por “Fargo”. De 1997 para cá, a atriz esteve envolvida em ótimos projetos com bons papéis (“Quase Famosos”, “Garotos Incríveis”, “Terra Fria”) e bombas para serem esquecidas (“Aeon Flux” e “Transformers: O Lado Oculto da Lua”). Seus principais momentos acabaram sendo com os parceiros habituais, Joel e Ethan Coen, nos divertidos “O Homem Que Não Estava Lá” e “Queime Depois de Ler”. Por todo talento e ser uma atriz disposta a sempre fazer papéis fora da zona de conforto, McDormand precisa ter mais destaque nos filmes em que participa.

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John Goodman

Chega a ser triste ver um ator tão bom como John Goodman acabar relegado a papéis coadjuvantes. Cada aparição nos filmes em que participa chama a atenção pela capacidade em criar figuras impagáveis e com características próprias tão marcantes que, muitas vezes, rouba todas as cenas. E esses personagens excêntricos proliferam na carreira, como aconteceu em “Argo” e “O Voo”. Ninguém, entretanto, sabe mais o valor dele dos que os irmãos Coen em produções de alto nível: “Barton Fink”, “O Grande Lebowski”, “E Aí Meu Irmão, Cadê Você?” e “Inside Llewyn Davis”.

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Octavia Spencer

Se bons personagens femininos em Hollywood são raros, imagina para mulheres negras acima dos 40 anos? Octavia Spencer, entretanto, não se rende e consegue ter trabalhos com muita qualidade. Vencedora do Oscar de atriz coadjuvante em “Histórias Cruzadas”, ela teve uma sensível atuação no drama “Fruitvale Station” e no elenco da ótima ficção científica “Expresso do Amanhã”. Em 2015, Spencer está no filme “James Brown”, sobre o astro do rock americano. Longe de ser protagonista dos filmes que faz, a atriz, pelo menos, se mostra disposta a driblar os empecilhos do cinema americano.

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Stanley Tucci

De todos os citados, Stanley Tucci deve ser o mais popular e reconhecido pelo público. Não é para menos: “O Diabo Veste Prada”, “O Terminal”, “Um Olhar do Paraíso”, “Julie & Julia”, “Transformers: A Era da Extinção”, “Percy Jackson e o Mar de Monstros” e a série “Jogos Vorazes” foram as produções de sucesso estreladas pelo ator nos últimos anos. Infelizmente, em quase todos esses filmes, Tucci acabava sendo figura menor sem grande relevância ofuscado por um trabalho melhor (Meryl Streep, por exemplo, duas vezes). Quando acertava, como no caso de “Um Olhar do Paraíso”, Peter Jackson ia lá e estragava tudo com um projeto abaixo do esperado. Merece oportunidade de destaque.

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Tom Wilkinson

A elegância inglesa de Tom Wilkinson ao dizer as frases do personagem sempre com a entonação exata demonstra quão talentoso é este ator. Mesmo em filmes ruins como “O Cavaleiro Solitário” e “Besouro Verde”, percebe-se como ele consegue trazer credibilidade para estas obras. Quando acerta, então, o resultado se mostra um primor: “Entre Quatro Paredes”, “Conduta de Risco”, “Batman Begins” e “O Exótico Hotel Marigold”. Daqueles atores capazes de fazer valer o ingresso de qualquer projeto.

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Waldemar José Solha

Se você conhece a produção de cinema de Pernambuco, com certeza, você já viu o rosto de Waldemar José Solha. Com importantes filmes recentes na carreira como “O Som ao Redor”, “O Céu de Suely” e “Eles Voltam”, a presença dele acaba sendo uma demonstração de um artista inquieto em constante busca por se desafiar e o respeito da cena do audiovisual pernambucano de reverência a um artista versátil com obras na literatura, artes plásticas e no cordel.

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William H. Macy

Faz tempo que William H. Macy não participa de um grande filme, porém, o período que teve entre a metade final dos anos 90 com o início dos anos 2000 foi marcante. Foi o queridinho de Paul Thomas Anderson ao ter importantes personagens em “Boogie Nights” e “Magnólia”, conquistou o mundo com os irmãos Coen no suspense “Fargo”, derrapou no desastroso remake de “Psicose” e esteve no sensível “Pleasantville – A Vida em Preto em Branco”. Depois de “Seabiscuit” e “Obrigado por Fumar”, o ator embarcou em uma má fase capaz de levá-lo a fazer o constrangedor “Motoqueiros Selvagens”. Macy ensaia uma volta desde 2012 quando participou de “As Sessões”. Em 2015, ao lado de Jennifer Aniston, o ator está no drama “Cake”.

BÔNUS – Coadjuvante de Luxo

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Michael Caine

Michael Caine tem mais de 100 filmes na carreira, o que leva a uma filmografia de altos e baixos. Se foi capaz de ganhar o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante duas vezes por “Hannah e Suas Irmãs” e “Regras da Vida”, o ator inglês já protagonizou bombas como “Tubarão 4”, “A Ilha” e “Ashanti”. No início dos anos 2000, Caine vivia nessa inconstância (acerto em “O Americano Tranquilo” e erro em “A Feiticeira”) até cruzar o caminho de Christopher Nolan. O cineasta se encantou com ele e o tornou figura carimbada em suas produções: “O Grande Truque”, “A Origem”, “Interestelar” e, claro, a trilogia Batman. A presença desse veterano astro empresta respeito e credibilidade aos blockbusters comandados pelo diretor e mantém Caine ainda relevante no cinema mundial.

* Texto original alterado para substituir a equivocada expressão humor negro.