A carreira dos irmãos Andy e Lana (Larry, antes da mudança de sexo) Wachowski tem uma quimera: o sucesso extraordinário de Matrix (1999).
O filme, o segundo de Andy e Lana, foi uma revolução em seu lançamento. Tratava-se de uma fantasia poderosa sobre a reinvenção do homem, condenado por sua violência e ganância a um futuro de horror. Ambientado no mundo dos hackers e das festas rave, ágil, violento e com referências filosóficas e religiosas, o filme atingiu em cheio a sensibilidade hiperativa do fim do século XX, faturando mais de 400 milhões de dólares e gerando inúmeros imitadores. Tamanho feito criou nos irmãos a pressão por algo igual, por uma nova revolução.
Fica claro, para quem acompanha a carreira de Andy e Lana Wachowski, que A Viagem, uma trama (também) fantasiosa e alegórica, repleta (também) de alusões filosóficas e religiosas, é um filme dos irmãos, mesmo que o alemão Tom Tykwer (Perfume – A História de um Assassino, Trama Internacional) também assine a direção. Intercalando seis histórias, passadas em seis épocas diferentes, incluindo dois futuros terríveis, A Viagem radicaliza a proposta dos irmãos.
Acompanhamos um advogado ingênuo (Jim Sturgess) que viaja à Nova Zelândia e conhece a realidade da escravidão, no século XIX; um jovem e apaixonado compositor erudito (Ben Whishaw) que se torna assistente de seu mestre, nos anos 1940; uma repórter idealista (Halle Berry) que descobre segredos de uma usina nuclear, nos anos 1970; um editor de livros cínico e cascateiro (Jim Broadbent) que é trancado pelo irmão num asilo, em 2012; uma garçonete franzina (Doona Bae) que vira o pivô de uma revolução, num futuro distópico; e um caçador rude e supersticioso (Tom Hanks) que recebe a visita de uma astronauta, séculos depois da devastação provocada por essa revolução.
A teoria do filme é de que todas as coisas estão ligadas, e que nossas ações agora vão interferir de maneira irreversível no futuro. O mote é interessante, mas o filme martela esta mensagem de tantas formas – afinal, são seis histórias – que lá pelo final da terceira história você já está de saco cheio. Para piorar, o roteiro de Larry, Andy e Tom despreza qualquer complexidade, ao adotar um tom professoral e messiânico, pretendendo ser uma espécie de alerta para a humanidade. Onde Matrix apresentava um dos dilemas de Neo através do personagem Cypher, que, também coberto de razão, se opunha ao asceta Morfeu, A Viagem tem a grotesca pretensão de ser “a mensagem”.
O filme quase sucumbe a essa proposta, mas, ao longo de seus 172 minutos, consegue achar tempo para se ocupar dos dramas de seus protagonistas. E é nesses momentos que o filme produz cenas maravilhosas, tão belas quanto espantosas, pela queda de qualidade que vem logo em seguida. Os momentos finais de Robert Frobisher (Whishaw), o compositor, que observa o namorado aturdido, à sua procura; a garçonete Sonmi-451 (Donna Bae) encostando sua cabeça no peito do líder rebelde; a súplica do escravo Autua (David Gyasi); a fuga do asilo empreendida por Timothy. É a este último, aliás, que se devem os melhores momentos do filme: não só por ser o alívio cômico da história, mas também pela atuação extraordinária de Jim Broadbent, que, depois de décadas fazendo papéis de coadjuvante, finalmente tem a chance de roubar a cena. Também brilham o sensual Whishaw e a delicada Doona, com seus grandes olhos inquisitivos. Tom Hanks, Halle Berry, Jim Sturgess e Hugh Grant, todos atores experientes, emprestam sua eficiência habitual, mas nenhum se destaca dos demais.
Infelizmente, o filme precisa voltar à mensagem, e aí tome ruminações filosóficas sobre a natureza da vida, do amor, de Deus. Não sou contra esse tipo de abordagem; muito pelo contrário, adoro filmes que discutem ideias, que levam para o cinema novos conceitos, novas experiências – A Árvore da Vida, por exemplo, faz isso muito bem. Mas A Viagem fica preso a seu receituário New Age, de amor cósmico, carma e afins. Muito disso já estava presente no romance de David Mitchell, mas há uma ligação clara entre este filme e a série Matrix, especialmente o capítulo final, Revolutions, com sua crença no amor e na redenção final da humanidade. Pode ser um discurso bonito, mas, como naquele filme, a apresentação não é nada convincente.
Outro defeito é a quantidade de histórias. Para poder dar a elas espaço igual na trama, o trio de diretores é obrigado a abandoná-las, muitas vezes, em pleno clímax. É frustrante ver uma das tramas engrenar (especialmente as mais fracas, como a do caçador e a do advogado), ser “cortada” e vê-la voltar mais adiante, desprovida de fôlego. Também é frustrante ver que, assim como em outros filmes que tentam contar histórias paralelas (Babel), algumas são melhores do que outras. Chega a ser irônico que as duas menos ambiciosas e cheias de efeitos – a do editor e a do compositor – sejam também as duas mais bem-sucedidas. E o que é aquele personagem, esverdeado e de cartola, e ainda por cima chamado Georgie (Hugo Weaving)?
A parte técnica do filme, como seria de se esperar dos irmãos Wachowski, é impecável. Não sou fã de efeitos especiais, mas nesse filme eles se prestam à trama, diferente dos excessos de Speed Racer (2008) ou da série Matrix. A ideia de revezar os mesmos atores em todas as histórias é ousada, e, mesmo que a maquiagem pareça artificial em vários momentos – afinal, transformar Halle Berry em loira, Doona Bae em ruiva e Jim Sturgess em coreano não é nada fácil –, é preciso aplaudir a tentativa. A trilha sonora, que alterna a “roupagem” dos temas musicais conforme a época, e a edição de som também estão ótimas.
A Viagem marca um ponto decisivo na carreira dos irmãos Wachowski. Todos os filmes que sucederam a Matrix (o primeiro) falharam, cada um a seu modo, em repetir o sucesso da empreitada. Os irmãos também parecem cada vez mais interessados na criação de megaefeitos, de apresentações grandiosas, e descuidando do conteúdo. Se o próximo trabalho não reverter essa tendência, há uma séria possibilidade de que a genialidade, atribuída aos irmãos com o lançamento de seu magnum opus, comece a ser questionada. Pela ambição e por suas melhores cenas, porém, A Viagem vale a conferida.
Nota: 7,0
Tenho um olhar diferente… eu não vi o início do filme, peguei já no meio, após uma hora por aí…mas é surpreendente o deslocamento das histórias e percepção de quem está assistindo compreender o sentido da história…é como juntar um quebra cabeça…é complexo! sim…porém minha interpretação é o que te fato me interessa: …”os fracos são a carne que os fortes comem!”… de fato vivemos esse mundo nojento de corrupção, crueldade, nada mudou com a morte do Cristo…”…nossa vida não é nossa de fato – do útero ao nascimento – do passado ao presente e por cada crime geramos o nosso futuro…isso é profundo aos olhos do homem de hoje…será que nada vai mudar? …”..”um dia todos envelheceremos e a única coisa que nos resta é o amor, a verdade e a fé. e ainda dizem que o filme não é bom? é sua vida na terra! de uma forma complexa como é a sua mente…sem a profunda transcendência do sentido absoluto em Deus no coração do próprio ser…cada um pensa de um jeito…deve-se respeitar…mas até quando negligenciar a verdade? esses filmes são escritos por homens e não por máquinas… mesmo que seja pela razão…o sentimento existe na ficção… aprovei o filme que e mostrou muita coisa para refletir nessa vida… não existe liberdade sem luta e nem amor sem liberdade! Deus abençoe a todos!
É sem dúvida um dos filmes mais inteligentes que já assisti. Quem fala mal é porque não entendeu.
Quem diz que esse filme é bom deve ser porque não entendeu nada! Fala sério, foi o PIOR filme que já vi na vida! Os filmes Matrix e A Origem com Leonardo DiCaprio têm todo meu respeito por serem filmes inteligentes, mas esse “A viagem” só tenho uma definição: Uma merda foda! Se vcs querem refletir sobre a vida por causa desse filme, vão ler um livro que vcs arranjam coisa muito melhor.
Adorei o exercício dos neuróticos, o desafio de compreender um filme tão longo (não cansa), com tantos personagens e histórias, ao longo do tempo, para captar a mensagem da conexão que há entre tudo e todos, um convite claro à unidade. Só não quero crer na involução da humanidade… Seria cruel demais a consciência que pode chegar à 5ª dimensão nas próximas décadas, voltar ao canibalismo.
É um dos melhores filmes que eu já assisti.
Ele realmente não é indicado para pessoas que só querem passar o tempo ou sejam alienadas ou não estejam interessadas em coisas novas.
Esse filme é para gente interessada e realmente é cheio de mensagens extremamente grandes e importantes para a vida de todos, em muitos sentidos.
Discordo completamente com relação é fantasiosa ou alegórica, ao contrário do que a crítica fala absolutamente nada no filme é sem sentido ou colocado lá sem uma grande motivação.
Vê-se bem pela forma como ele interpreta a fala da porta e da morte que a menina oriental fala durante o filme. Que tem um sentido filosófico e espiritual extremamente amplo.
É um filme que não é mastigado para o público, é somente para pessoas que querem pensar nas coisas de verdade.
Adorei!
Muito bom! O público mais tosco ao achar que se tratava de mais um filme de aventura não tem a capacidade de enxergar outros valores
Gostei, apesar de confusa. Do meio para o fim a hisória ficou mais “visível” mas, resolvi ler algo para “entender”
mais claramente. Gostei de tua crítica e concordo com ela. Há momentos muito lindos no filme, os cortes são bruscos e a gente precisa se recompor para encaixar novamente. Enfim, tu analisou muito bem.
filme normal.nem tao bom nem tao ruim. cansativo. foi feita muita propaganda pra pouca coisa.
Fui ao cinema na expectativa de assistir um filme bom…mas para mim…foi decepcionante. Os atores são maravilhosos,mas tentaram atuar em um filme mediocre…
Filme muito bom ao contrario dessa critica sofrível que acabei de ler. Não vou entrar em detalhes, já que faltam compreensão e argumentos sobre misticismo, filosofia e até espiritualismo á aqueles que se metem a fazer criticas vazias.
Na verdade, esse filme é indicado a um grupo seleto de pessoas. Muitas não entenderão ou se cansarão e irão odiar o filme… Pra mim foi sensacional a mensagem!!
Pois é , um ótimo filme para quem gosta de refletir e pensar na vida!!!!
maravilhoso!
Pensei em sair no meio do filme mas desisti pra ver onde ía tanta filosofia…Em nada !! Uma porcaria!!! Só quem está drogado pra poder “ver” alguma coisa… Muitas frases boas, pra pensar e SÓ!
Esse filme é ótimo. Mas nem todos conseguem digerí-lo. Realmente, como disse um colega aqui, não é para público de BBB.
Quem não tem um mínimo de base de antropologia ou filosofia, ou então lhes tem aversão, não irá gostar.
Certamente não é um filme para ver apenas uma vez. Na segunda vez que eu assisti, compreendi ainda mais coisas que haviam passado despercebidas.
A crítica escrita aqui está fraquíssima. Há muitas coisas que o autor não compreendeu. Na minha opinião, falta bagagem intelectual.
Esse filme deve ser visto pelo menos 2 vezes, achei confuso no começo mas alguns filmes são assim e no final da história achei a narrativa muito interessante. Recomendo para aqueles que gostam de filmes cult.
Hoje assisti o filme e de uma coisa eu percebi: Não é apenas “um filme” com belas cenas, é mais do que isso. Deixa a mensagem que não importa o período de tempo, as emoções, atitudes e histórias humanas transcendem à tudo. Desde, que sejam verdadeiras. O filme em questão de duração é denso. O que causa um desconforto para quem é detalhista e gosta de assimilar todas as informações, mas nada que alugar ou comprar o filme para assistir em casa depois e analisar todas as histórias. Eu particularmente não sou um crítico, mas minha opinião é muito positiva e digo que meu ingresso foi bem pago. Qualidade de fotografia, ótima. Textos e mensagens com camadas inteligentes, filosóficas bem colocadas. Indico.
Horroroso,um filme longe de estar a altura de seus atores.Gente muito ruim mesmo. Quem quiser forcar a barra apara encontrar argumentos sabe que o filme e uma enrolacao de 3horas
Assisti dia 16 de janeiro, acho q é um filme q merece respeito antes de fazer uma critica simples tal como ,DETESTAVEL, HORRIVEL, opiniões se me permitem dizer, levianas. Realmente como um bom filne tem momentos cansativos, isso me lembra O Sr dos Anéis, onde aquele persongem, repete ” Sr Frodo, Sr Frodo”, ! Claro, sou suspeito, pois gostei do filme! Relembrei, MATRIX,BATMAN e BLADERUNNER,! Ele merece ser visto mais de uma vez, para apreciar a fotigrafia e compreender algumas nuances!
“A Viagem” vai exigir do expectador mais que só sentar e simplesmente esperar que o filme o divirta. Uma das edições mais inteligentes dos últimos anos exige atenção completa e conseguir se lembrar do que aconteceu 15 minutos atrás. Sem isso e pelo menos um interesse mínimo em filosofia pode tornar o filme “péssimo”, “horrível”, “longo”.
Se suas sinapses sofrem de ADHD-I ou ADHD-PI, etc. ou você nunca ouviu falar de Heidegger nem se interessa por tiradas filosóficas que atordoam a humanidade já faz tempo, não é o filme para você.
Vi o filme ontem, dia 18jan13.
Achei cansativo e de difícil, apesar de ficar nítida a mensagem sobre uma poder, ser supremo e o dom universal da vida. Gosto quando os filmes tratam esses “pilares”, mas… dessa vez foi cansativo. Um goiaba !
QUEM NÃO DORMIU, FOI EMBORA! SÓ SOBRARAM OS “INTELECTUAIS” PARA FALAR QUE GOSTARAM!
PODRE!PODRE!PODRE!PODRE!
Que grande publico você quer dizer? O brasileiro ne? Porque o filme e um sucesso em outros países nos quais o GRANDE público têm intelecto para apreciar filmes assim e não tão somente filmes de porradaria e putaria.
Realmente, para entender este filme tem que ter um conhecimento a mais. Simplesmente maravilhoso e quem quer refletir sobre a vida está aí.
A Viagem é um daqueles filmes que considero ser bem difícil traçar uma opinião. Creio que não se pode dizer que ele é ruim, de forma alguma, mas por ele ser grandioso demais, e por não conseguir chegar ao altíssimo lugar que almeja, talvez também não se possa dizer que é um grande filme.
Porém é inegável que ele possui momentos fantásticos, e tem uma das melhores montagens que eu já vi no cinema.
De uma forma ou de outra, com certeza merece ser visto, embora o seu ritmo deva irritar o grande público, que não demonstra ter paciência para filmes deste tipo.
O filme é muito interessante filosoficamente e toca em pontos bem polêmicos como: relação de poder; preconceito; religião; livre arbítrio; comportamento humano; etc. E, o que eu consegui perceber, é que ele provoca no espectador um enjoamento, talvez proposital, pela repetição de atores, estórias, tema. Acho que também peca pelo tempo…em muitos momentos o autor poderia ter finalizado o filme e já teria dado o seu recado. É uma boa obra, apesar de cansativa!
Adorei, filme inteligentíssimo!!!!!!
nÃO GOSTEI, MUITAS HISTORIAS QUEACABAM DEIXANDO A DESEJAR.!