Quando foi criado em 2013, o curso de Tecnologia em Produção Audiovisual surgiu trazendo uma grande esperança de Manaus possuir, finalmente, um curso de graduação na área, o que significaria um avanço sem precedentes na história do cinema local, trazendo capacitação para muitas pessoas.

Passado mais de um ano, muitas perguntas surgem sobre o futuro do curso, se ele já está dando algum tipo de resultado, qual é a sua estrutura física, e o que se pode esperar dele para o futuro. Algumas polêmicas envolvendo a falta de laboratórios, e materiais adequados para aulas, e o anúncio de que não haverá vestibular para o curso pelos próximos anos, deixa tudo numa nuvem de desconfiança, em que fica difícil fazer qualquer tipo de prognóstico.

Por isso, conversei com o coordenador do curso, Abrahim Baze Jr, que respondeu a uma série de perguntas. De acordo com as suas respostas, é possível esperar um futuro bastante promissor.

CINE SET – O curso teve início em 2013. Você acredita que já é possível ver algum fruto dele, seja com a capacitação dos alunos ou com os produtos oriundos da graduação?

ABRAHIM BAZE JR. – Sim… estamos finalizando a primeira turma em julho de 2015 e em fase de planejamento da segunda turma (vestibular 2014/2 para acesso 2015/1) que está em fase de aprovação nos conselhos universitários da universidade devendo ser divulgada pela instituição na campanha do vestibular. Os alunos tiveram oportunidade de trabalhar com professores locais e nacionais o que criou vínculos com instituições nacionais e outras ações. Tivemos projetos aprovados em festivais universitários nacionais, alunos que trabalham em produções locais e nacionais, conseguimos adquirir, através de licitação, os equipamentos para os laboratórios do curso e estamos em fase de abertura da licitação para o isolamento acústico e reforma estrutural das salas que irão receber os equipamentos, a universidade está concorrendo através do curso para receber um NPD – Núcleo de Produção Digital do MINC/Ministério da Cultura que irá atender o meio e o mercado local junto com os alunos com mão de obra qualificada e equipamentos de ponta através de editais de apoio a produção.

CINE SET – Na sua opinião o que mais deu certo no curso até agora? E o que deu errado?

ABRAHIM – O que mais deu certo foi a proposta de um curso modular, com atividades direcionadas, foi esse formato que possibilitou a vinda de professores e profissionais de ponta para ministrar disciplinas e oficinas aos alunos, do contrário (devido agenda de trabalho dos convidados) seria inviável realizar as atividades propostas. O que mais deu errado foi a licitação do isolamento e da reforma dos laboratórios, pois temos poucas empresas cadastradas no sistema da CGL/SEFAZ com todos os documentos regulares a área de atuação/prestação do serviço, isso provavelmente será concluído até o final dessa turma.

CINE SET – Há alguns meses surgiu a notícia de que o curso não iria continuar, que esta seria a única turma, pelo menos pelos próximos anos. Poderia explicar o motivo disso?

ABRAHIM – Como foi dito por todos os departamentos da universidade, as turmas de oferta/caráter especial, são turmas com início e fim planejados, é através dessas turmas que a universidade pode avaliar, adequar e construir resultados para criação efetiva dos cursos. Esse é o processo natural de criação das turmas e dos cursos. Creio que 90% dos cursos foram criados com essa proposta/modelo. Esses cursos são a base dos cursos de oferta regular da instituição, o que houve foi uma interpretação incorreta do modelo/proposta curricular da universidade em relação ao curso e sua oferta.

CINE SET – Hoje é possível dizer se serão abertas novas turmas do curso?

ABRAHIM – Podemos dizer que temos o curso aprovado em todas as suas instâncias e saldo muito positivo em relação a primeira turma. Podemos afirmar a vontade da reitoria e da própria instituição em firmar o curso e torná-lo regular. Podemos afirmar o apoio de diversas empresas de produção locais e nacionais para parcerias e atividades do curso. Podemos afirmar o interesse em desenvolver um projeto para criação de um curso na área da pós já em 2015, e da força de vontade dessa coordenação de efetivar a educação audiovisual no estado do Amazonas.

Um curso não se faz através da coordenação, um curso se faz através da união de todos em volta das suas ações, dos auxiliares de unidade, dos diretores, dos reitores, professores e principalmente através dos alunos, que acreditam e lutam todos os dias para se formar.

CINE SET – Qual o saldo do Unicine?

ABRAHIM – O Unicine é um festival jovem e como tal ainda enfrenta diversos fatores positivos e negativos. Somos um festival sem fins lucrativos, não geramos lucro (a não ser para empresas parceiras do evento) a proposta é que os apoiadores pagam as empresas parceiras por seus serviços prestados, gráficas e outros, e assim montamos o festival. O último Festival teve um saldo positivo em relação aos inscritos e negativo em relação a realização. Não conseguimos concluir algumas ações por falta de patrocinadores e como o evento já vinha sendo prorrogado a 2 anos tivemos que realizar mesmo com esse saldo, assim podemos trabalhar novamente para tentar firmar o Festival. Acredito que o que falta ao projeto é entrar em mais editais e ter um número maior de voluntários para realização, nós não recebemos pagamento para realizar, todos que trabalham no projeto fazem de forma gratuita, isso faz parte da Engenharia Cultural e ainda é uma área pouco explorada em fase de crescimento na cidade. Acho que o saldo é força de vontade e a coragem de meter a cara para produzir e realizar o evento. Mesmo com todas as críticas, temos que firmar o festival e só podemos fazer isso dando a cara a tapa e realizado o evento.

CINE SET – O que é possível esperar do curso nos próximos anos?

ABRAHIM – Um curso novo com nova grade, novas parcerias, novos equipamentos. Um curso forte, com peso, em processo de filiação ao FORCINE – Fórum das Escolas de Cinema e Audiovisual – que está em constante contato com as universidades e escolas de cinema nacionais, que busca os professores mais qualificados dentro das limitações da academia e do mercado profissional (boa parte dos grandes profissionais/professores não tem formação acadêmica o que impossibilita em alguns casos suas contratações pela universidade), um curso de imersão com aulas de manhã e atividades curriculares a tarde, um curso de produção que irá criar seus editais de apoio a produção local, um curso para o meio e mercado que insere o aluno nas atividades ligadas ao mercado audiovisual e novas mídias.