O filme de Gecylane Sampaio me remeteu ao Festival do Minuto, antiga mostra de filmes curtíssimos – o nome já diz – que oferecia oportunidades a quem quisesse se aventurar na produção audiovisual em Manaus.

Em sua maioria, esses curtas assumiam duas formas: ou eram versões filmadas de frases edificantes, de inspiração religiosa, que armavam um pequeno conflito para desfechar sua moral no espectador; ou então levavam à tela uma piada, tipo aquelas de revistinha, construindo em seus 60 segundos a oportunidade do personagem soltar a pérola. Beto e Susi, com sua comédia ligeira, efêmera como um lanche na esquina, é um perfeito exemplo do segundo grupo.

Trazendo a história do casal-título, vivido por Henrique Saunier e uma boneca (daí o nome da personagem), a satisfação com a obra depende do quanto você achar engraçada a interação entre os dois. Se o seu caso for favorável, a realizadora investe sem medo no escracho, com direito a brigas de casal e até uma cena de sexo envolvendo o brinquedo.

Para mim, trata-se de um formato tão sumário que dificilmente produz algo capaz de ficar na memória (A Profecia de Elizon, de Aldemar Matias, mesmo bem acima da média, não escapa a essa regra), e o humor de revistinha da trama de Gecylane (em parceria com Saunier) recebe exatamente a duração que merece. Câmera, trilha sonora, atuações, todas estão em sintonia com a ligeireza do curta. Resta torcer para que, ao contrário da maioria dos realizadores do Festival do Minuto, a diretora amazonense parta para projetos mais elaborados e desafiadores, com a mesma despretensão e objetividade de seu trabalho neste aqui.