Em 1996, foi firmada uma parceria de trabalhos medíocres que, por uma daquelas inexplicáveis obras do acaso, se estenderia pelos dias atuais. A primeira vez de Adam Sandler com Dennis Dugan resultou em “Um Maluco no Golfe”. Três anos depois veio “O Paizão”, mas foi de uns cinco anos para cá, que as produções começaram a render frutos (podres) – ao dar vida a comédias como “Eu os Declaro Marido e… Larry (2007)”, “Zohan – O Agente Bom de Corte (2008)” e a pérola da vez “Cada um Tem a Gêmea que Merece” (Jack and Jill,2011).
Se você é do tipo que ainda aposta suas fichas em Adam Sandler, esperando que um dia ele consiga finalmente fazer algo engraçado, desista. O longa é uma prova viva de que o ator chegou às profundezas da fossa subterrânea do Rio Amazonas e está fadado a um caminho sem chances de retornar. O gênero de comédia é o que paga as contas de Adam, mas talvez o ator esteja desperdiçando um formidável talento.
Lembra do drama “Reine Sobre Mim (2007)”, onde ele interpreta com maestria um personagem traumatizado que perdeu os familiares no 11 de setembro e se tornou um afetado psicologicamente? Bem que ele poderia explorar esse aparente potencial. Mas, é só um palpite.
Desnecessário. Eis a palavra que melhor define “Cada um tem a Gêmea que Merece”, uma comédia que não mede esforços para investir em uma série de piadas óbvias e previsíveis. A história, pensada por Ben Zook (Eu Odeio o Dia dos Namorados, 2009) e escrita por Steve Koren (Click, 2006), exagera em composições bizarras e descarta qualquer possibilidade de contar uma trama plausível. Como é de praxe nas produções em que estrela, Sandler encarregou-se de escrever a barafunda de seu próprio texto.
Um Sandler incomoda muita gente, dois Sandlers incomodam muito mais…
Brincadeiras à parte, o filme conta a história de Jack Sadelstein, um publicitário de sucesso, que mora em Los Angeles, tem dois filhos – Gary (Chand) e Sofia (Tougne) – e é casado com a bela Erin (Katie Holmes). Todos os anos, às vésperas do feriado de Ação de Graças, Jack recebe uma visitinha dos infernos – sua irmã gêmea, Jill, ressurge para azucrinar o juízo da família. Em uma performance ‘eddiemurphiana’, Sandler ganha dose dupla e uma versão travestida de enchimento, dentadura e peruca, para interpretar a solteirona de QI reduzido, com voz insuportável e sem a mais ínfima noção de convívio social.
No enredo, um dos principais clientes da agência de Jack quer porque quer Al Pacino em um comercial da Dunkin’ Donuts. Quando o protagonista resolve fazer a proposta ao ator veterano, uma contraproposta deixa todos boquiabertos: o nosso poderoso astro, no auge da melhor idade, rende-se aos (des) encantos de Jill e propõe que Jack troque a irmã por uma participação na campanha. Não precisa nem dizer que Jack aceitou de imediato, né? Depois da gravação, Al Pacino diz a Jack: “apague isso, queime, jogue fora e garanta que ninguém nunca veja”. Muitos críticos defendem que o apelo da ficção deveria ter acontecido na vida real e que a passagem pode refletir uma espécie de autocrítica por parte de Dugan.
Se você resolveu dar uma chance ao filme e o assistiu só porque viu grandes nomes do cinema (leia-se “Al Pacino” e “Johnny Depp”) no elenco, assim como eu, com certeza teve uma decepção ainda maior. Oh raios, o que deu neles para participarem de um filme tão condenado ao fracasso? Sentaram no pudim? Viajaram na maionese e na batatinha? Enlouqueceram de vez ou será que a idade tem culpa no cartório?
As hipóteses são muitas mas, em um contexto geral, claro que os nossos fidedignos personagens estão há anos luz de serem os maiores problemas do filme – aliás, vamos reconhecer que, entre uma cena e outra, pode-se dizer que Al Pacino acaba tornando as passagens menos deprimentes.
O momento em que Jill quebra o único Oscar de Al Pacino, por exemplo, vale algumas risadas – pois, apesar de oito indicações ao prêmio, ao contrário do que parece, ele ganhou somente um. Sua conhecida técnica de interpretação o levou a soltar, aqui e ali, alguns diálogos dos clássicos “O Poderoso Chefão (1972)” e “Scarface (1983)”, o que também enriqueceu algumas cenas. Quanto ao Depp, em uma aparição efêmera e inofensiva, ele resolve dar o ar da graça em um jogo de basquete (vestindo uma camisa do Justin Bieber).
Apesar das piadas escatológicas, politicamente incorretas e preconceituosas em relação aos latinos, bem comuns na filmografia de Dennis Dugan, o filme ganha certa competência no quesito (d)efeitos especiais. Por um ângulo bem menos feliz, a trilha de Rupert Gregson-Williams, que vem se especializando nas comédias de Sandler, deixa a desejar ao atingir o cúmulo da obviedade em vários atos.
Enquanto isso, o figurino de Ellen Lutter valoriza o conceito de incoerência em Jill ao montar um guarda-roupa com uma salada de fruta de breguices, que varia de estilos que vão do colegial e jovial ao cafona e senhoril.
Mesmo com as críticas negativas, o novo filme de Sandler ainda conseguiu estrear com R$ 46 milhões na bilheteria norte-americana. Com um custo de R$ 141 milhões, é a pior estreia de uma comédia na carreira do ator desde “Little Nicky – Um Diabo Diferente”, com R$ 28 milhões, em 2000.
Sandler teve todos os seus filmes mais recentes detonados pela crítica americana, o que tem ajudado a reduzir cada vez mais a sua bilheteria. “Cada um Tem a Gêmea que Merece” não deve alcançar a marca dos R$ 177 milhões. Está mais do que escrachado: chegou a hora de Adam Sandler passear por outros gêneros, conhecer novos labirintos e se entregar a novas emoções.
Nota: 5,5
Pessoas que não tem o que fazer ficam criticando um ator ator do porte de Sandler, que afinal já emplacou grandes sucessos, sem falar que esse filme está com recorde positivo de bilheteria, não gosta é deixar pra lá e não ficar atirando pra todos os lados com criticas medíocres.
adoro filme com o Sandler o cara é 10. nem Deus agradou todo mundo porque ele tem q agradar.. por mim ele ficara sempre em primeiro lugar viva o SANDLER
De longe, o pior filme da carreira dele. Até que ele poderia dar certo, se tivesse um roteiro diferente… Tive uma sensação parecida com as piadas forçadas de “Gente Grande”… Destes últimos, o melhorzinho é “Esposa de Mentirinha”.
Nota: 2,25 (Pelo Al Pacino rsrsrsrs)
Essa Critica não tem cabimento,pelo contrario o filme é ótimo e super engraçado,perdi as contas de quantas as vezes eu achei graça nesse filme,e o protagonista como sempre e um ótimo comediante,penso que antes de criticarem procurem saber o que realmente agrada o publico.
Vai nessa trouxa se não sabe criticar não critique
Você nem deve ter visto o filme
Na minha opinião ele ganha nota 10 é muito engraçado vocês desse site de merda não reconhecem um filme bom pelo que eu vi alguns dos melhores filmes recebem criticas ruins.
Meu Deus, que critica pesada, tô afimzão de ver o filme mais isso até desanima, e discordo de um trecho da crítica, tem dois filmes do Sandler que são recentes e excelentes, Click e Como se fosse a primeira vez, sendo este último um dos melhores que ja assisti…mas talvez eu nao entenda de cinema, afinal, quase sempre acho os filmes que vencem os oscars de melhor filme umas merdas…afinal, indiana jones nunca ganhou o oscar de melhor filme, tao pouco missao impossivel, uma linda mulher, o naufrago…definitavamente nao entendo mesmo de cinema.
Também sinto saudade das comédias que não eram tão escrachadas ou exageradamente apelativas. Obrigada, Saul, por você iluminar este espaço com sábios pensamentos. O mundo precisa compartilhar essas ideias.
Antigamente boas comédias seriam Tootsie, Quanto Mais Quente Melhor, Mudança de Hábito… Apelavam para nossa inteligência, hj as comédias do Judd Apatow entre outros falam de baixarias o tempo todo. O fato de pessoas acharem graça nesse tipo de “produto” demonstra como a educação delas é rala, mixa, pobre mesmo, sao pessoas que nao tem background cultural e que todos os finais de semana lotam os centros de convenção da vida para qualquer show…
Muitíssimo obrigada pelo apoio, Laert. Isso que eu chamo de senso crítico! Seu comentário resume toda a essência do filme em questão.
Parabéns pela critica perfeita.
Já assisti praticamente todos os filmes de comédias.
E esse está entre os piores.
Verdadeiro lixo americano, cheio de preconceitos e piadas ofensivas.
Certamente a maioria dos que assistiram, sairam com a sensação de ter sido enganados pela chamada do filme, pelo elenco.
Que fazem Katie, Deep e Pacino neste filme?
O perfeito papel de idiotas. Mas ganharam bem para isso.
O que importa aqui é o dinheiro e não a arte, infelizmente.
Como pode alguém produzir algo tão ruim?
Ainda bem que é uma minoria que ainda encontrou alguma coisa nessa película…
Maxwell: obrigada pelo seu comentário. Se tem uma coisa que gera boas discussões, podemos resumi-la na palavrinha ‘gosto’. Mas, este espaço recebe e respeita as mais diversas opiniões.
Silvia: Os comentários, de um modo geral, estão dando uma vazão maior ao pensamento crítico. Felizmente, existem muitas pessoas que pensam como nós. Quanto aos que divergem, você fez uma observação importante: os argumentos deles, em sua maioria, baseiam-se simplesmente nas risadinhas do cinema – o que não é referência, claro, e não deixa de ser lamentável.
Lendo os comentários, percebi que o parâmetro para saber se o filme é bom são as risadas no cinema… ainda bem que não utilizo esse parâmetro… Concordo com a autora da crítica. Adam Sandler deveria enveredar por outras paragens. Rir de porcaria tbm não é comigo!
Nem tenho interesse de assistir a um filme com Adam Sandler. No tempo de “Embriagado de amor” era outra história.. o último que vi com ele(“Esposa de mentirinha”) com piadas desgastadas e forçadas não me incentiva a assistir qualquer filme com ele.
Vai entender a opinião das pessoas, é verdade cada um com a sua, assistir o filme a invenção de hugo cabret, juro que dormi várias vezes, ainda bem que não paguei cinema para assistir, a história é boa, porém o conteúdo que vi não tive muita empolgação.
Obrigada, Sérgio! De fato, já era de se esperar que “Jack and Jill” fosse caminhar rumo ao fracasso, assim como os demais filmes da dupla. A previsibilidade é sempre a convidada de honra, em cada etapa – desde a elaboração do roteiro e seleção de cenas aos resultados na bilheteria. Mas, tenha a certeza de que os milhões na conta do Sandler estão diminuindo (heheha). Mais uma vez, obrigada. 🙂
Emanuelle, ótimo texto, parabéns! A sua crítica revelou o que eu já suspeitava. Não perdi meu tempo, nem meu dinheiro com esse filme mas acredito em cada uma de suas palavras, vendo a filmografia recente de Adam Sandler é fácil perceber que ele se tornou um ator reacionário, está ali para ganhar dinheiro e mais nada, tanto que nem repara nas porcarias que anda fazendo. Espero que essas péssimas escolhas afetem um pouco a sua conta bancária para que ele se esforce ao menos um pouco na hora de atuar. Repetindo, ótimo texto. 🙂
Renata, concordo que todos merecem um momento de descontração, vez ou outra. Comédia não é o meu gênero favorito, mas sei dar boas risadas e, até mesmo, chorar de tanto rir diante de um enredo que não apele para piadas infames ou se sustente nos princípios do estereótipo. Mas rir de qualquer porcaria, sem uma percepção crítica, é um atentado nuclear à inteligência de qualquer ser humano. Infelizmente, a maioria das pessoas não se dá ao luxo, mesmo, de colocar a ‘cachola’ para funcionar nessas ocasiões. Logo, tenho a certeza de estar desempenhando bem o meu papel. E, sim, esse filme tirou o meu humor, me deixou frustrada e com uma vontade absurda de criticar (rsrs). Prometo ser mais positiva no próximo post.
Aff, que gente sem humor, frustrada, que adora criticar…um espírito de perfeccionismo!!! Às vezes precisamos das piadas simples, óbvias, e voltar a rir de coisas simples…Hoje no cinema ao assistir este filme, simplesmente estava lotado o cinema. Havia pessoas de pé, outras sentadas no rall do cinema. Isso significa que as pessoas rir.
…completando meu raciocínio: as pessoas querem rir também, nem sempre cultura e drama, ou uma obra muito bem elaborada trazem entretenimento e descontração a todos.
Bom saber que mais alguém de bom gosto concorda comigo, Fabiola! O mais lamentável de tudo foi, realmente, ver o lendário Al Pacino se prestando a um papelão desses. Eis a pergunta que não quer calar: como foi que o Sandler e o Dugan conseguiram convencer Pacino a estrelar neste desastre cinematográfico? Tem algo muito suspeito nessa história (rsrs)!
Emanuelle, vibrei com cada palavra dita por você. Perdi meu dia assistindo a esse filme. Simplesmente horríiiiiiiiiiiiiiiiiiivel! Um filme inverossímil. Sem graça. Caricato. Com cenas nojentas (principalmente a do suor da mulher que fica no lençol e Al Pacino deitado naquilo). E ver Al Pacino fazendo parte do metier é inacreditável!
Obrigada, pessoal, por todos os comentários que concordam ou discordam da minha humilde opinião.
Emmanoel Igor:
As críticas existem para mostrar, dentre outras coisas, o que está além das aparências. É muito fácil se espocar de rir, como um engraçado e ingênuo bebê, sem se dar conta das ideias que estão sendo vendidas por trás de uma piada. Qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico é capaz de perceber o vacilo da comicidade neste filme, no tocante ao preconceito.
Se você acha que insinuar, um sem-número de vezes, que os mexicanos vão aos EUA para roubar, trapacear e fazer o ‘escambau’ seja a coisa mais engraçada do mundo e livre de qualquer espécie de xenofonia, quem sou eu para discordar – não é mesmo? Fico feliz por você ter aproveitado o filme, ao máximo, e não ter saído do cinema com a sensação de que jogou o dinheiro do ingresso no ralo. Arrependimento é coisa para perdedores (rsrs). Mas, tome cuidado para você não se firmar no preceito: “ora, não seja careta, isso tudo é brincadeira” – é brincando que se dizem as verdades.
Desconsidero toda a crítica, pois todo o tempo do filme consegui dar muitas, digo, muitas risadas. E nunca vi uma crítica tão mal feita falando de preconceito contra latinos e figurino ruim. Gente, este filme é de humor e eu sou latino e não me senti vitima de preconceito.
O filme é ótimo e recomendo a todos a assistirem o filme nº 1 da bilheteria Americana. Certamente o público que sabe mais do que os críticos de cinema saberão coroar este excelente filme.
Ótima avaliação, Emanuelle. O Adam Sandler se tornou um ator esteriótipo: é o comediante sem graça. Esse novo filme repete fórmulas já desgastadas no cinema: o ator que se fantasia de mulher para viver um personagem ridículo. O Vovó Zona, do Martin Laurence, foi melhor. Não vale o ingresso. E eu só vi o trailer.
Contrário à crítica, pelo que vi no cinema, o filme fez o público rir o tempo inteiro, logo desconsidero essa crítica toda.
Contrário ao filme, ótima crítica. PS:O Adam não ia gostar de ler isso. Traduzindo: Isso é bom!