“Django não era o protagonista, e preciso ser o protagonista. O outro personagem era o protagonista! Eu dizia, ‘Não, Quentin, por favor, preciso matar o vilão!'”.

Essa declaração de Will Smith sobre o motivo de ter recusado ser o personagem-título de “Django Livre” ilustra bem como esse astro do cinema de Hollywood perde ótimas oportunidades pelo status em que a indústria e, acima de tudo, ele mesmo se colocou. Não pode ser à toa um sujeito como Quentin Tarantino escrever um personagem tão importante na medida para uma pessoa fazem de Will Smith uma verdadeira joia.

Poucos são os atores capazes de ter o carisma e o talento dele: a facilidade com que transita desde as comédias mais escrachadas passando por ser um herói de ação até viver dramas menos pirotécnicos aliada a uma aura popular e familiar sendo chamariz de público somente pela presença dele no filme.

Will Smith, porém, insiste em participar de filmes com intuito único de manter a fama de galã e astro mundial. Semelhante a Tom Cruise, os blockbusters protagonizados por ele são cada vez mais genéricos, sendo verdadeiras repetições de trejeitos e caricaturas de si próprio sem grande variedade. O bom moço capaz de demonstrar momentos de macheza com sensibilidade quando necessário e o bom humor a tiracolo para dar uma quebrada no drama.

A ausência de desafios fica ilustrada na carreira de filmes sem grande importância e na exclusão dele das indicações do Oscar desde 2007. Will Smith necessita se reinventar para o bem dele e do cinema americano por não ver uma das suas principais estrelas se tornar descartável.

Vamos à difícil lista das melhores atuações dele no cinema.

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5 – Eu Sou a Lenda

Quando a quinta melhor atuação de um ator no cinema é em “Eu Sou a Lenda” é que você precisa repensar seriamente a sua carreira. Aqui, Will Smith é beneficiado pelo passado trágico do personagem e a condução mais cadenciada de Francis Lawrence, o qual aposta no isolamento do protagonista em vez de criar uma sequência de ação atrás da outra. O ator aproveita bem os momentos de introspecção da trama para criar uma figura sombria.

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4 – Inimigo do Estado

Esta produção é uma das melhores dirigidas pelo saudoso Tony Scott. Will Smith aproveita cada segundo para fazer o que melhor sabe: aproveitar os momentos de tensão para quebrá-lo com o bom humor proveniente da sua verve cômica. Isso colocado em um personagem azarado que se mete com os piores tipos de criminosos por engano gera um filme extremamente divertido e ágil. Para melhorar ainda mais, a bizarra química com Gene Hackman faz de “Inimigo do Estado” um passatempo muito acima da média.

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3 – Ali

Ron Howard até pode exagerar nos traços sentimentaloides, mas Will Smith mostra uma dedicação impressionante para fazer do maior boxeador da história um sujeito crível e cheio de complexidades. Isso para não falar da própria caracterização física tornando-o mais próximo de Muhammed Ali. Neste filme, o astro fica um pouco de lado e entra o ator, caminho mais interessante de ser seguido se você realmente deseja ser grande.

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2 – À Procura da Felicidade

Sim, “À Procura da Felicidade” é um filme apelão, melodramático ao fazer o espectador chorar a qualquer custo. Mesmo assim, há de se ressaltar a boa atuação de Will Smith em um papel desafiador por fazê-lo se despir da vaidade de filmes como “Bad Boys” ou “Hitch” e trazer um excelente trabalho. Ajuda consideravelmente a química com o filho Jaden Smith, o que eleva a qualidade do desempenho de ambos e torna a produção mais próxima do público.

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1 – MIB – Homens de Preto

Antes de ser um ator dramático, Will Smith realmente encontra o timing perfeito na comédia. Ali, o ator consegue utilizar todo o seu arsenal técnico cômico seja nas pausas para obter o efeito desejado, gags visuais e a rapidez na fala, salvando várias produções do limbo. Apesar das boas sacadas do roteiro, “MIB” nada seria se não fosse justamente essas qualidades do ator e a parceria dele com o sisudo Tommy Lee Jones, gerando um resultado raro e extremamente eficiente.

O pior

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Sete Vidas/Depois da Terra

Duas tranqueiras em que Will Smith confunde intimismo com sonolência e cria personagens desinteressantes. Em alguns momentos de ambos os filmes, a sensação que passa é ver um sujeito disposto a estar em todos os lugares do universo, menos gravando aquelas cenas. O tédio do astro acaba sendo transportado para o espectador e a vontade de desistir do filme somente não passa pelo prazer masoquista de saber até onde vai aquela tortura.