No dia 15 de março, cinéfilos do mundo todo comemoram o 40º aniversário de um dos melhores filmes de todos os tempos: O Poderoso Chefão, do diretor americano Francis Ford Coppola.

Abrindo as comemorações, o Rankings de traz os cinco filmes fundamentais do cineasta – e aquele que você só deve assistir sob a mira da Máfia.

Veja:

5. Drácula de Bram Stoker (1992)

Coppola nunca foi um diretor famoso pela modéstia. Seus filmes são grandiosos, detalhados, lembram mais as óperas de Wagner do que os westerns de John Ford. O que seria OK, não fossem os custos, também grandiosos, para produzi-los.

Em 1992,o diretor estava quebrado. A saída era filmar algo que desse lucro fácil e ajudasse Coppola a se manter no jogo. Felizmente, saiu mais do que isso: Drácula é a melhor versão do romance de Bram Stoker já levada às telas.

Com um grande trabalho de Gary Oldman no papel principal, efeitos visuais criativos (sem um pingo de computação gráfica) e referências ao cinema mudo, Drácula mostrou que Coppola, mesmo quando filma só por dinheiro, ainda é melhor do que 90% dos seus colegas cineastas.

4. O Selvagem da Motocicleta (1983)

Outra fuga ao estilo habitual de Coppola: O Selvagem da Motocicleta foi feito de forma independente, mais uma vez por causa de apuros financeiros.

Trazendo Matt Dillon e Mickey Rourke (então novatos) como irmãos que se reencontram após anos separados, o filme mostra um lado mais intimista e lírico do diretor.

3. O Poderoso Chefão (1972)

O filme mais famoso de Coppola é também o símbolo máximo da chamada New Hollywood: uma confraria de atores, diretores e roteiristas que mudaria os rumos do cinema americano.

Tudo nele é antológico: personagens, trama, sequências. Como esquecer a primeira aparição de Vito Corleone (Marlon Brando, que ganhou o Oscar pelo papel)? Ou o atentado que muda a vida de Michael (Al Pacino)? Ou ainda a retaliação de Sonny (James Caan) pela agressão à irmã?

Incrivelmente, este não é o melhor filme de Coppola. Saiba o porquê a seguir.

2. Apocalypse Now (1979)

Com dois O Poderoso Chefão no currículo, além do subestimado (apesar de excelente) A Conversação, Coppola estava com tudo: era considerado o melhor cineasta de sua geração, comparado a gênios como Orson Welles e Stanley Kubrick, seus filmes eram sucesso de bilheteria, e os maiores talentos de Hollywood dariam tudo para aparecer em qualquer coisa com o seu nome.

Com tudo isso a favor, Coppola retomou um projeto antigo, de antes de O Poderoso Chefão: a adaptação do romance O Coração das Trevas, de Joseph Conrad.

O diretor atualizou a trama para a Guerra do Vietnã, convocou nomes como Martin Sheen, Robert Duvall e Marlon Brando, construiu locações nas Filipinas – e enlouqueceu.

Com dinheiro e drogas aos montes, comandando uma equipe gigantesca durante meses sob o tórrido sol filipino, em meio à mata fechada, mosquitos e furacões – sim, um furacão arrasou as locações durante as filmagens – Coppola simplesmente pirou.

Vivia chapado nas filmagens, desperdiçou quilômetros de filme em sequências inúteis, e depois precisou de mais de um ano para montar o material. Apesar – ou por causa – disso, o filme é considerado um de seus trabalhos definitivos, o registro mais denso, sombrio e intenso jamais filmado da devastação provocada pela guerra.

Vencedor da Palma de Ouro de 1979 em Cannes.

1. O Poderoso Chefão – Parte II (1974)

O que fazer depois de um filme como O Poderoso Chefão?

Como dar sequência a um trabalho tão primoroso, e, como se fosse possível, superá-lo? Só Deus e Coppola sabem. Fato é que O Poderoso Chefão – Parte II conseguiu.

A trama ainda mais intensa, atuações ainda mais perfeitas (John Cazale mais do que todos), um número ainda maior de sequências antológicas em um filme ainda mais longo.

Mas são momentos de puro prazer cinematográfico, para ficar gravados nas nossas vidas.

Dê-se ao favor e gaste 200 minutos por uma vezinha que seja.

Você não se arrependerá.


Fuja!:

Jack (1996)

Os fãs de Coppola têm notado uma tendência irritante do diretor em suceder trabalhos de brilho, como O Selvagem da Motocicleta ou O Homem que Fazia Chover (1997) por filmes medíocres, feitos “nas coxas”. Nenhum mais do que Jack.

A história do garoto que envelhece muito mais rápido que o normal, devido a uma doença rara, foi jogada fora pelo diretor, que ainda teve a ajuda do “chatonildo” profissional Robin Williams como protagonista.

Sentimental, piegas, meloso, forçado – nem o enorme talento de Coppola conseguiu redimir esta bomba.