O estilo discreto e despojado de Anderson Mendes contrasta com o barulho causado pelos dois curtas-metragens dirigidos por ele no início dos anos 2000. Com um olhar atento a histórias curiosas, ele comandou “A Incrível História de Coti: O Rambo do São Jorge” e “Picolé do Aranha”, trazendo figuras que caíram no folclore popular de Manaus e repercutiram muito além do circuito artístico da cidade. Até o Fantástico entrou na onda dos documentários de Anderson, gerando expectativas sobre os novos projetos do diretor.

anderson mendes cinema amazonasDesde o lançamento de “Picolé do Aranha” em novembro de 2009 e todos os prêmios ganhos no Amazonas Film Festival, Anderson Mendes não lançou mais nenhum projeto como diretor. Engana-se, entretanto, quem pensa que ele ficou parado no tempo sem fazer nada. “Nesse período, me dediquei à produção executiva. Desde 2012, produzi quase 20 curtas, enquanto em 2013, comecei a dirigir programas de televisão com pegada mais documental”, explicou.

Para a felicidade de quem gosta dos projetos desse amazonense como diretor, pode ficar feliz: dois documentários dele estão previstos para serem lançados em 2015. O primeiro será sobre a relação do artista Oscarino Farias Varjão com o boneco Peteleco. Com gravações previstas para começar em março, o projeto foi aprovado para receber verbas provenientes do Proarte.

Anderson Mendes explica que a ideia de fazer o curta surgiu em 2008 e está relacionada às memórias dele do período da infância. “Uma dessas lembranças mais antigas foi numa apresentação marcante da dupla no Centro de Manaus. Quero explorar essa ligação dos dois com a cidade. Durante a procissão de Nossa Senhora no ano passado, por exemplo, estava conversando com o Oscarino enquanto segurava o Peteleco em frente à casa dele. O tempo todo muitas pessoas chegavam até ele para tirar fotos e relembrar das festas infantis que animava. É um artista que merece essa homenagem em vida”, declarou Mendes. A previsão de lançamento do curta está para setembro de 2015.

anderson mendes pistolinoNovela em Porto Velho

Outro projeto a ser finalizado por Anderson Mendes neste ano é uma verdadeira novela cheia de reviravoltas. O documentário sobre o diretor de curta-metragens artesanais inspirados em Charlie Chaplin, Jair Rangel, conhecido popularmente como Pistolino, começou a ser rodado em Porto Velho em 2010. A ideia de Mendes era acompanhar os bastidores do novo filme do artista rondoniense, porém, uma história mais mirabolante se revelou.

“Na véspera de ir para Porto Velho, o Pistolino me ligou e disse que estava cancelando o filme. Mesmo assim, eu fui até lá e acabei mudando toda a proposta do documentário. Resolvi focar no primeiro filme dele, ‘O Pistolino, um Viajante e uma Presepada’, o qual ele iniciou em 1998 e ainda não ficou pronto. Meu projeto está relacionado a toda essa luta para finalizar o filme. São 12 anos de material rico, dezenas de VHS, DVDs”, disse Anderson Mendes.

O diretor amazonense revelou que o documentário sobre Pistolino chegou a ser montado quatro vezes, mas o resultado ainda não agradou da maneira como gostaria. Se tudo der certo, o projeto deve estrear até o fim do ano.

A busca por histórias de pessoas peculiares e com ideias diferentes motiva Anderson Mendes a fazer documentários pela forma como esses projetos podem inspirar os espectadores. “Hoje somos bombardeados por todo o tipo de notícias, principalmente as ruins. Acredito que contar boas histórias de vida ajuda a melhorar e estimular a vida das pessoas de alguma forma”, disse.

Com uma websérie em produção, Anderson Mendes inicia 2015 trazendo altas expectativas para o cinema amazonense na esperança de bom humor e histórias curiosas desconhecidas em documentários divertidos.

Assista ao trailer de “Pistolino e o Filme Que Não Acaba Nunca”, novo documentário de Anderson Mendes:

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O Cine Set traz as principais novidades do cinema amazonense para 2015 durante as próximas duas semanas. Matérias especiais com os principais realizadores do estado vão abordar quais curtas e longas de ficção e documentários chegam nos próximos meses.