Desde quando “Pulp Fiction – Tempos de Violência” encerrou a temporada de clássicos sobre filmes de máfia no dia 29 de junho, há uma expectativa de cinéfilos Brasil afora sobre quais grandes produções da história do cinema serão reprisadas no Cinemark. O Cine Set mandou, todos os meses desde junho, emails para a assessoria da rede com o intuito de saber sobre a retomada da iniciativa.

Sempre de maneira solícita, a equipe do Cinemark retornou todos os emails informando que não havia ainda novidades sobre a temporada de clássicos. A justificativa para tamanho atraso e indefinição sobre uma possível temporada, entretanto, nunca chegou a ser dada apesar das perguntas insistentes do Cine Set.

O projeto ‘Clássicos do Cinemark’ foi uma das ideias mais bacanas surgidas nos cinemas brasileiros vista nos últimos anos. Poder assistir obras-primas como os dois “O Poderoso Chefão”, “Tubarão”, “Lawrence da Arábia”, “O Silêncio dos Inocentes”, “O Iluminado”, “Laranja Mecânica” em alta definição e com preços abaixo do mercado (R$ 7 a meia e R$ 14) eram um programão para deixar qualquer cinéfilo feliz.

Infelizmente, como um frequentador assíduo, pude constatar sessões esvaziadas atrás da outra. Públicos de duas, três pessoas para “Rastros de Ódio”, “O Poderoso Chefão – Parte 2”, “Se Meu Apartamento Falasse” e “007 – Contra Satânico Dr. No” eram frequentes. Casos raros eram salas lotadas como vi acontecer em “O Poderoso Chefão” e “Psicose” e quase cheia de “O Iluminado”. Se você pensa se tratar apenas de Manaus, engano seu: em pleno Shopping Higienópolis, no meio da elite paulistana, “Lawrence da Arábia” teve uma audiência modesta de pouco mais de 20 espectadores.

Fato que os horários durante boa parte do projeto não contribuíram. As sessões na madrugada de sábado para domingo marcadas para às 23h30 ou 23h50 eram cruéis assim como a hora da fome do domingo com filmes para 12h30. Com o tempo, o Cinemark melhorou a iniciativa e passou a ter sessões às terças e quartas de noite em bons horários.

Caso se confirme o fim do ‘Clássicos do Cinemark’, esta será a segunda ótima iniciativa na rede de cinema de programação alternativa encerrada. A primeira era o ótimo Cine Cult que trazia a cidades sem um circuito alternativo forte produções europeias, latinas, asiáticas, americanas fora de Hollywood e brasileiras além da Globo Filme. O projeto iniciado pelo paulista Roberto Nunes não teve sequência após a morte do criador em julho de 2014.

Torço que voltemos a ter a oportunidade única de assistir obras-primas nas telas do cinema. Projetos como a exibição de clássicos e cults atendem uma parcela do público, mesmo que pequena, cansada dos mesmos blockbusters de sempre. Em cidades como Manaus e outras fora do circuito alternativo, tais iniciativas acabam servindo para ampliar as opções culturais e são sempre bem-vindas.

Aguardemos!