Com o constante adiamento da estreia de ‘Mulan’ nos cinemas, a Disney decidiu disponibilizar sua magia em um live-action com ‘Artemis Fowl’ no Disney+. A decisão, entretanto, não poderia ser pior para o público já que o filme apresenta erros consecutivos desde seu roteiro até os efeitos visuais. Apesar de ainda possuir a tendência megalomaníaca do estúdio, aqui demonstrada na escolha do elenco, é verdadeiramente difícil encontrar um aspecto no qual o filme tenha sido bem-sucedido, tornando-se um dos piores da Disney nos últimos tempos.   

O filme acompanha a história de Artemis Fowl (Ferdia Shaw), um garoto de 12 anos extremamente inteligente que usa sua capacidade para roubar. Um dia, ele descobre o mundo das fadas, um lugar mágico onde seu pai (Colin Farrell) é mantido refém. Para libertá-lo, ele sequestra um elfo para ter o direito de negociar com seres mágicos. 

Bom, podemos dizer que o filme consegue prolongar bastante essa história, porém sem muito sucesso. Todos os personagens destinados a ajudar Artemis são extremamente superficiais, sendo até suas caracterizações dignas de pena. Eles estão ali apenas cumprindo o papel de quase figurante enquanto um protagonista nada carismático tentar ganhar o público. 

Enquanto todos defeitos do longa saltam para fora da tela, o roteiro força a boa vontade do espectador acrescentando várias criaturas aleatórias para encher sua história. Da mesma forma, as consecutivas cenas de ação são colocadas em prática com efeitos visuais sofríveis, sendo muito difícil ter qualquer tipo de abstração vendo o filme. 

DESPERDÍCIO DE ELENCO

Como seu primeiro trabalho na atuação, Ferdia Shaw não consegue carregar o pesado fardo de ser protagonista de uma história tão pobre. Aqui até a apresentação do personagem é mal feita com direito a sensação de que aquilo já foi visto anteriormente. Além de não conseguir cativar o público, Ferdia também possui uma grande dificuldade nas cenas dramáticas, sendo palpável o abismo entre ele e Colin Farrell, mesmo levando em conta a juventude do garoto. 

Ainda no elenco estrelado, porém, totalmente descartável pela completa falta de função em uma trama ruim, Josh Gad se esforça para fazer os momentos cômicos perdurarem, sendo basicamente em vão. Em contrapartida, as cenas mais dramáticas são dirigidas para Judi Dench, que após o fracasso de ‘Cats’ não poderia ter escolhido uma produção pior para estar atrelada. 

E, completando este compilado de mal aproveitamento, Kenneth Branagh assina a direção do longa, marcando um momento bem complicado em sua carreira. Se na década de 1990 ele foi indicado a três cerimônias do Oscar, agora além do fraco ‘O Assassinato no Expresso do Oriente’, temos mais um longa problemático para contar. 

Se para o público, a estreia de ‘Artemis Fowl’ foi ruim, para a Disney provavelmente foi até positivo considerando um possível prejuízo nas bilheterias. Entretanto, o seu lançamento parece mais um daqueles eventos que poderia ser feito de qualquer maneira, mas, ainda assim, seria ruim. 

‘Uma Família Feliz’: suspense à procura de ideias firmes

José Eduardo Belmonte ataca novamente. Depois do detetivesco – e fraco – "As Verdades", ele segue se enveredando pelas artimanhas do cinema de gênero – desta vez, o thriller domiciliar.  A trama de "Uma Família Feliz" – dolorosamente óbvio na ironia do seu título –...

‘Donzela’: mitologia rasa sabota boas ideias de conto de fadas

Se a Netflix fosse um canal de televisão brasileira, Millie Bobby Brown seria o que Maisa Silva e Larissa Manoela foram para o SBT durante a infância de ambas. A atriz, que alcançou o estrelato por seu papel em “Stranger Things”, emendou ainda outros universos...

‘O Astronauta’: versão ‘Solaris’ sem brilho de Adam Sandler

Recentemente a revista Forbes publicou uma lista com os maiores salários recebidos por atores e atrizes de Hollywood em 2023. O N.1 é Adam Sandler: o astro recebeu no ano passado nada menos que US$ 73 milhões líquidos a partir de um contrato milionário com a Netflix...

‘Imaginário: Brinquedo Diabólico’: tudo errado em terror sem sustos

Em uma segunda à tarde, esgueirei-me sala adentro em Niterói para assistir a este "Imaginário: Brinquedo Diabólico". Devia haver umas outras cinco pessoas espalhadas pela sala 7 do multiplex. O número diminuiria gradativamente pela próxima hora até sobrar apenas um...

‘Duna – Parte 2’: Denis Villeneuve, enfim, acerta no tom épico

Abro esta crítica para assumir, que diferente da grande maioria do público e da crítica, não sou fã de carteirinha da primeira parte de “Duna”. Uma das minhas maiores críticas a Denis Villeneuve em relação a adaptação cinematográfica do clássico romance de Frank...

‘To Kill a Tiger’: a sobrevivência das vítimas do patriarcado

“Às vezes a vida te obriga a matar um tigre”.  De forma geral, “To Kill a Tiger” é uma história dolorosa com imagens poeticamente interessantes. Um olhar mais aprofundado, no entanto, mostra que se trata do relato de busca de justiça e amor de um pai para com uma...

‘O Homem dos Sonhos’: criativa sátira sobre fenômenos midiáticos

Quando li esse título a primeira vez, pensei que deveria se tratar de mais uma história patriarcal romântica e eu não poderia estar mais enganada. Dirigido por Kristoffer Borgli e protagonizado por Nicolas Cage, “O Homem dos Sonhos” aborda de forma discreta o fenômeno...

Como ‘Madame Teia’ consegue ser um fiasco completo?

Se os filmes de heróis da Marvel vêm passando por um período de ócio criativo, indicando uma possível saturação do público em relação às histórias, a Sony tem utilizado os “pseudos projetos cinematográficos” do universo baseado em propriedades do Homem-Aranha para...

‘Bob Marley: One Love’: a vulnerabilidade de uma lenda

Acredito que qualquer pessoa no planeta Terra sabe quem é Bob Marley ou já escutou alguma vez as suas canções. Se duvidar, até mesmo um alienígena de passagem por aqui já se desembestou a cantarolar um dos sucessos do cantor jamaicano, símbolo do reggae, subgênero...

‘Ferrari’: Michael Mann contido em drama sobre herói fora de seu tempo

Coisa estranha: a silhueta de um homem grisalho, a linha do cabelo recuando, adorna um balde de pipoca. É Adam Driver como Enzo Ferrari, em uma ação de marketing curiosa: vender o novo filme de Michael Mann como um grande blockbuster para a garotada. Jogada inusitada,...