Nova safra de filmes vistos na Mostra paulistana traz decepções e ótimas obras.

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O Grande Mestre

Kar-Wai Wong poderia ter feito o clássico definitivo sobre artes marciais. Beleza e cuidado não faltam nos figurinos, direção de arte e  coreografia das lutas. Tudo está colocado de maneira milimétrica para impactar o espectador. Ok, estética perfeita. E a história? Bem, eis a maior falha do indicado da Hong Kong ao Oscar 2014. O cineasta responsável por “2046” e “Amor à Flor da Pele” se perde no rumo da trama, apostando em flashbacks intermináveis que minam a história. Ainda traz um cena pós-créditos vergonhosa. /NOTA:6,0

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O Foguete

Gravado em Laos, “O Foguete” lembra bastante “Indomável Sonhadora”. A presença de uma criança carismática em uma trama com toques místicos, além da bela mensagem deixada no final da obra faz comparação ter sentido. Apesar do filme americano indicado ao Oscar neste ano ser mais denso e com uma direção melhor, o longa asiático consegue um ar de ingenuidade adorável. Por último, traz um coadjuvante memorável: o louco James Brown. /NOTA:7,0

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O Lobo Atrás da Porta

Eis o grande filme do cinema brasileiro em 2014! Sim, a estreia de Fernando Coimbra na direção de longas-metragens é arrasadora. Inspirado em “Rashomon” com toques de Quentin Tarantino, o cineasta cria uma elaborada história de mentiras e psicopatia com final surpreendente. Para completar, Leandra Leal traz a maior atuação da carreira, enquanto Juliano Cazarré estrela diálogos sarcásticos. /NOTA: 8,5

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À Procura do Amor

Comédia romântica nos EUA se convencionou em colocar Ashton Kutcher ou Katherine Heigl em papéis de imbecis e fazê-los se apaixonar por alguém. Por isso, chega a ser um alívio ver esta obra da cineasta e roteirista Nicole Holofcener. O maior acerto de “À Procura do Amor” é a dupla escolhida para interpretar os protagonistas: Julie Louis-Dreyfus (The New Adventures of Old Christine) e o saudoso James Gandolfini (A Família Soprano). Fora do padrão de beleza da cinema, ambos emprestam uma veracidade ao envolvimento amoroso dos personagens, o que ajuda a criar a simpatia do público com eles. Mesmo não sendo uma trama das mais originais, a história se desenvolve bem e prende o espectador até o final sem apelar para clichês do gênero. /NOTA:7,5

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Wakolda

O clima de tensão do indicado da Argentina ao Oscar 2014 é o principal acerto do filme dirigido por Lucía Puenzo. Seja pela ambientação histórica da tentativa de se criar uma parte da Alemanha nazista no país dos nossos hermanos ou pela escolha da fotografia e dos cenários escuros e frios. Porém, a trama falha em não conseguir catalisar toda esse nervosismo crescente da história e termina de maneira sem grande emoção, quase um anti-clímax. /NOTA:7,0