Em “Eu, Você e a Garota que Vai Morrer“, acompanhamos a evolução da amizade de um menino esquisitão e de uma garota que descobre ter câncer. Antes que você se contorça na cadeira, adianto que a produção nada tem a ver com filmes do tipo “A Culpa é das Estrelas” ou “Um Amor para Recordar” (ou ‘Love Story’, se você for mais velho).

Ao contrário da crítica tradicional, resolvi elencar aqui três pontos positivos e três negativos dessa simpática, porém um tanto quanto problemática produção:

1. A dinâmica entre os dois personagens é um dos pontos altos dessa produção. Greg e Rachel podem até ter um quê de clichezóide de filme independente norte-americano, mas a química entre Thomas Mann e Olivia Cooke vale os 105 minutos do longa. Como o jovem fã de cinema (mais sobre isso abaixo), Mann constrói um Greg apático e que vai, aos poucos, despertando para a vida graças à amizade de Rachel, que Cooke constrói com a dose certa de ironia e autodepreciação – e que é um contraponto interessante à mãe da personagem, vivida de forma caricata – porém divertida – por Molly Shannon.

Mas… Em compensação, não podemos dizer que Earl (RJ Cyler) é um personagem tão bem desenvolvido. Por mais que Rachel e Greg sejam uma dupla encantadora, o amigo-que-não-é-amigo do protagonista poderia ter sido inserido de forma mais presente no trio, e não relegado a alívio cômico. Seria bacana ver a amizade dele e Greg florescendo, bem como um desfecho mais marcante à sua história.

2. As referências a cinema são bem divertidas e fogem do lugar-comum que já virou Tarantino e Woody Allen (por mais que eu adore os dois, é verdade). Das menções ‘veladas’ a filmes (logo de cara, vemos referências no quarto e no vestuário de Greg) como “Os Incompreendidos” ao último projeto à la “Persona”, vamos vendo o protagonista amadurecer artística e emocionalmente.

Mas…. O recurso de dividir a história em capítulos acaba cansando o espectador, que seria perfeitamente capaz de perceber quanto tempo se passa sem letreiros na tela.

3. O filme acerta ao não apelar para uma história de amor chorosa à la “Culpa é das Estrelas” (ao qual ele tem sido injustamente comparado). É divertido como o trabalho engenhoso do diretor Alfonso Gomez-Rejon e do roteirista Jesse Andrews (que adaptou o próprio livro, de mesmo nome) parece se divertir ao pregar peças no público – será que eles vão se apaixonar? Será que ela realmente sobrevive? Será que Greg vai conquistar a menina ‘popular’ da história?

Mas… O final da trama parece um pouco apressado demais. Quando vemos, os créditos já estão rolando na tela. É só isso? Uma pena para uma produção que tenta dar novo fôlego às histórias de “esquisitões-que-descobrem-o-amor”, mas que acaba derrapando no ato final.