A perpetuação de algumas cinesséries é inexplicável. Fúria de Titãs (2010), remake de um filme dos anos 1980, recebeu muitas críticas negativas. Misteriosamente, ele ganhou uma sequência com deficiências graves em várias áreas.
Dirigido por Jonathan Liebesman, Fúria de Titãs 2 conta a história do herói Perseu depois de ter derrotado Kraken. Mais uma vez ele precisa salvar a humanidade. Isso porque o deus do submundo, Hades, e o da guerra, Ares, se uniram para derrubar Poseidon, senhor dos mares, e Zeus, deus dos céus. Além disso, os vilões planejam reviver o titã Cronos e acabar com os humanos.
A história rescalda a fórmula do cinemão de Hollywood. Nela, não há inovações nem reviravoltas surpreendentes. Percebemos desde o início que tudo vai dar certo, apesar dos percalços ali e acolá que dão tempero aos acontecimentos. A parte técnica também contribui negativamente para o todo. Francamente, ciclopes e gigantes com pele de borracha não convencem.
Também desaponta os figurinos à la Xena, A Princesa Guerreira. A fotografia, pouco inventiva, imita em muitos momentos God of War. Por exemplo, o plano-sequência em que Perseu mata um monstro alado que invandiu sua vila tem o enquadramento e um slow-motion parecidos com os do game. Só faltaram os comandos em sequência na tela.
Podemos não saber quem é Hefesto na mitologia grega. Mas God of War o mostra de um jeito imponente. Assim, intuímos a sua autoridade. Fúria de Titãs 2 faz magistralmente o caminho oposto. No filme, o deus da tecnologia parece ser um sujeitinho qualquer.
Infelizmente, tal descaso com a construção dos personagens e com a história ocidental domina as quase duas horas de projeção.
Liebesman conseguiu a proeza de distorcer a mitologia grega e, não contente, criar personagens de carisma e conflitos profundos como um pires cheio de água. Hades, o senhor do inferno, virou uma criatura afável. Zeus, o maior espírito de porco do Olimpo, é apresentado como um homem sábio, benevolente, humilde e partidário do perdão. Ares, o deus da guerra, tem carência e necessidade de autoafirmação patológicas.
Compreendo que Hollywood é uma indústria e, por isso, precisa de lucros. Sinceramente, não vejo problema nisso. Porém, desconfio de filmes que só querem o nosso dinheiro e se esquecem de nos entreter. Também não entendo como eles se perpetuam. Infelizmente, Fúria de Titãs 2 se enquadra nessa situação.
As distorções históricas e as falhas nos quesitos técnicos seriam desconsideradas se o filme não tivesse tantos maniqueísmos e lugares-comuns. Para completar, os produtores deixaram um gancho para um futuro Fúria de Titãs 3, para nossa agonia.
Caso você tenha interesse em mitologia grega e aventura, é recomendável jogar algum dos God of War. Você se diverte bem mais. Sério.
NOTA: 5,0
Tive a mesma impressão em relação a “God of War”. De uns tempos pra cá esses prentensos épicos gregos tem tentado se aproximar da estética definida pelo excelente jogo da Sony. Seria mais fácil então contratar o diretor da série de videogames e toda a sua equipe – especialistas nesse ramo de trabalho.
Nada contra filmes como “Fúria de Titãs” terem destaque nos cinemas. Só acho triste a maneira como as salas de Manaus subestimam o público local e não dão espaço para filmes de arte como “The Help” e “The Artist” que, quando exibidos, o são por um curto tempo e em horários específicos.
Thiago, muito obrigado pelo comentário.
Concordo com a sua opinião sobre os cinemas de Manaus. Felizmente, nós temos nichos para filmes fora do grande circuito, como os cineclubes da UFAM e da UEA.
Penso que não são poucos os cinéfilos manauaras que preferem baixar os filmes que não chegam “oficialmente” aqui em vez de esperarem eles entrar no circuito local ou – nossa, que antigo – chegarem às locadoras.
Esses sábios deveriam perceber que as pessoas que vão assistir filmes de ação não dão a mínima se a história é de acordo com a mitologia grega ou oque quer que seja. Eu quero é sentar no cinema colocar os óculos e ver explosão e efeitos pra todo lado. Se não eu iria ler um livro.
Não sabem bater um prego, mas criticar é a especialidade. Essas críticas não servem pra absolutamente nada. Gostei do filme, achei os efeitos 3D muito legais, a história é bacana, apesar de “distorcida”, mas e daí??? Faz diferença? Isso torna o filme ruim? Fala sério.
Concordo contigo Leandro.
É isso aí!
Essa coisa de pensar, cara, exige muito mesmo!
Que é isso!
Negócio mesmo é assim:
Filme de ação = explosão, tiro e mulher gostosa (algo como “Transformers”)
Filme de terror = se tiver aquelas paradas de câmera meio-real, tipo “Atividade Paranormal”, pode crer que vou pirar!
Comédia = só se for do Adam Sandler.
YEAH!
Esses caras que querem história….. sinceramente….
Leandro, muito obrigado pelo comentário.
Você tem todo o direito de achar que tudo o que falei é uma bobagem.
Por outro lado, tenho também todo o direito de pensar que, se você conseguiu se divertir com esse filme, você é uma pessoal forte, digna de admiração. Parabéns!
e eu pensando que a nota ia ser 3,0
acabei de assitir ao filme, não achei nada de mais mas foi legal ver um semideus, descer o braço nos titãs. esse tema tem dois problemas mitologia é uma grande obra, que por muitas vezes comfrantada á nossa realidade, pra mim o filme foi curto e isso explica as criticas, outra coisa, hollywood ganhou um brinquedinho novo (3D), ele quer se divertir com isso mas com o tempo vai sair coisa boa, pode acreditar.
Reginaldo, muito obrigado pelo comentário.
Concordo com o seu comentário a respeito do 3D. Aos poucos, já temos filmes que usam o “brinquedinho” com mais inventividade. Um exemplo é Hugo. Nele, o 3D contribui efetivamente para a imersão, a criação de sentidos e o direcionamento de foco do espectador.
Segundo o que vem sendo divulgado, O Hobbit também usará a técnica de um jeito que justifique o preço mais alto do ingresso.
Já vi o primeiro e foi uma droga, não pretendo ver esse segundo. Eu acho incrível como os brasileiros tem um pessimo gosto pra filmes, essa sequencia arrecadou tanto quanto o primeiro agora nesse fim de semana, e sinceramente ele parece ser mais do mesmo, apenas um monte de explosões e nenhuma história.
Alguns anos atras eu não me importaria muito com isso, mas eu sou cinéfilo, então depois de um tempo eu fiquei mais exigente com os filmes que assisto, não me contento com quaquer um por aí.
Rodrigo, muito obrigado pelo comentário.
Entendo claramente o seu desinteresse por Fúria de Titãs 2.
Também penso que ficamos mais exigentes conforme vamos assistindo muitos filmes.
Quanto ao gosto dos nossos compatriotas por filmes, não diria o mesmo. A arrecadação do primeiro filme só no Brasil não seria o suficiente para convencer produtores com trabalho de alcance global a fazer uma continuação da obra, penso eu.
(:
vai ter o filme de god of war?
muito ruim!!! e eu comprei ate uma pizza pra assistir=/
5,0 ? O Filme é o pior ja inventado até agora que retrata a mitolologia grega e a nota é 5.0 ?? 1,0 No maximo ! Teve diversos erros no filme … fora esses que você comentou, o diretor teve muitos erros na historia real, ele confundiu mts coisas e eu nao gostei do filme
Vi o filme fúria de Titans 1 e 2 e, por enquanto, prefiro o primeiro. O que me entristeceu no 2º filme: Agenor parecia mais o Jack Sparow. Agenor não soube fazer um personagem descontraído sem ficar com jeito de pagodeiro, achei desnecessário esse personagem. Já Andrômeda poderia ter sido mais útil no filme. Não entendi aquele beijo deles no final. Além de não ter sido um beijo bonito, para que ele tivesse motivo, deveria ter mostrado cenas que nos levasse a acreditar que entre eles estaria nascendo um romance, como cena com troca de olhares, um ajudando mais o outro… para esse beijo ser o “gran-finale” teria de ter havido cenas que nos levassem a esperar por esse beijo – o que não aconteceu.
O fato do filme ter cenas que pareciam ser de jogos achei até legal, fica mais divertido e nos faz lembrar dos jogos de RPG que, provavelmente, fez parte da vida de quem foi ver esse filme. Quem gosta de RPG com certeza gostou desse filme.
O que eu espero para o Furia de Titãns 3 é mais uma vez uma atuação brilhante de Sam Worthington e uma boa história para Gaia. Afinal, a parte divina ficou estranha, pois conforme o final do segundo filme Zeus, Poseidon, Hades, Ares e Chronos não existem mais e o senso comum da época do filme é que a humanidade não existe sem deuses. Se houve um Chronos no 2º filme, poderia haver uma Gaia no 3º filme e uma participação melhor para Andrômeda.