ATENÇÃO: A noite é escura e cheia de spoilers. Não continue lendo caso ainda não tenha assistido ao episódio “Stormborn”!

Dragonstone” foi marcado pela chegada de Daenerys a Westeros, em sua terra natal a qual deu nome ao episódio anterior. Dando continuidade ao foco na personagem de Emilia Clarke, o segundo episódio, “Stormborn”, já começou com muita retórica sobre política e confiança entre a Mãe dos Dragões e Lord Varys (Conleth Hill), além da oferta de aliança com o Rei do Norte Jon Snow (Kit Harington).

A atraente promessa de destruição dos Lannisters às líderes Yara Greyjoy (Gemma Whelan), Olenna Tyrell (Diana Rigg) e Ellaria Sand (Indira Varma) é um pequeno grande momento do episódio. A reunião de algumas das mulheres mais poderosas e inteligentes da trama discutindo as estratégias de tomada de poder apresentadas pela Khaleesi e e sua Mão da rainha, Tyrion Lannister (Peter Dinklage), foi um bem-vindo acontecimento numa série que já se aproveitou tanto da nudez feminina, por muitas vezes sem propósito algum para a trama.

Pena que o que a HBO dá, ela tira. A intensa batalha marítima entre Euron (Johan Philip Asbæk) e os navios de Yara marcaram a saída nada gloriosa do núcleo de mulheres de Dorne da série. As personagens, que nos livros originais eram exímias lutadoras, tinham mais proeminência e serviam a outras coisas além do male gaze, tiveram uma morte cruel nas mãos do Greyjoy. Ele, que levou Yara como souvenir, deve cair nas graças de Cersei depois do feito, o que deve também tornar mais assertivos (e cruéis) os planos de Daenerys para o cerco a King’s Landing – justamente o que Olenna sugeriu anteriormente. O gosto agridoce deixado pela morte das mulheres de Dorne foi suavizado, pelo menos parcialmente, pela montagem e fotografia interessantes dessa sequência, que dá uma noção do caos do ataque surpresa.

Cersei (Lena Headey), nesse meio tempo, também se prepara para mais confrontos. Ainda alheia à ameaça dos White Walkers, ela convoca seus aliados para a inevitável batalha contra Daenerys. A enorme balista apresentada a ela que o diga, acertando em cheio o crânio de dragão mantido em seu castelo. Isso dá mais suspense à temporada, uma vez que esta iniciou assinalando uma ampla desvantagem à Lannister por ela não possuir o “pequeno detalhe” de ter dragões como armas de guerra. Se levarmos em conta formas de matar dragões e o “fator Fogo Vivo”, fica mais fácil contarmos com Cersei até o episódio final da série!

Novamente trabalhando o espelhamento dos desafios de liderança, em Winterfell vemos Jon enfrentando a resistência de seus aliados à possibilidade de uma aliança com dois descendentes das casas mais problemáticas da série: Targaryen e Lannister. Uma maneira de demarcar quem dá a última palavra e, ao mesmo tempo, apaziguá-los foi colocar Sansa (Sophie Turner) como substituta de Jon enquanto ele vai até Daenerys. Quem gostou mesmo da novidade foi o Mindinho (Aidan Gillen), que promete gerar problemas enquanto o Rei estiver longe.

Stormborn” segurou o ritmo de roteiro delineado a partir de “Dragonstone”, dando um pequeno salto em relação ao anterior. Em meio a esquemas de poder e uma batalha em mar com desdobramentos importantes para o resto da temporada, tivemos ainda subplots queridos aos fãs, tais como a tentativa de Sam (John Bradley-West) salvar Jorah Mormont (Iain Glen) de sua doença e o romance entre Grey Worm (Jacob Anderson) e Missandei (Nathalie Emmanuel). No entanto, nenhum foi tão tocante quando o encontro de Arya (Maissie Williams) com um enorme lobo, o qual ela acredita que pode ser Nymeria, após decidir que seguirá ao Norte de novo, já que descobriu que seu irmão/primo é Rei.

No final das contas, “Stormborn” foi o que podemos chamar de “episódio família” padrão Game of Thrones. Daenerys relembrar o irmão, Arya esquecer a vingança por um instante para retornar ao lar dos pais, Yara ser capturada pelo tio e, ainda assim, esperar que seu irmão tenha uma atitude protetiva normal para com ela perante o perigo, Olenna se aliar a Danerys para vingar a neta… a guerra é toda movida pelo sangue que une os personagens, e não tanto pelo que eles derramam.