Falar de “Parque dos Dinossauros” (ou “Jurassic Park”) é como falar de um velho amigo para mim. E admito que o filme é um dos pilares da minha formação como cinéfilo, inclusive o citei na coluna “O filme da minha vida”. Já se passaram 25 anos desde o dia que sentei na poltrona da sala 6 do antigo Cine Amazonas, hoje Kinoplex, do Amazonas Shopping.

Aproveitando uma sessão especial que houve recentemente no UCI do Sumaúma Shopping, levei a minha filha para conhecer esse clássico da maneira apropriada com o som, aquela trilha sonora, imagem icônicas e aqueles efeitos visuais aliados a um roteiro fantástico – ela tem a mesma idade que eu tinha quando assisti a primeira vez. Ela riu, chorou, se tremeu, mas, no fim, os dinossauros do Spielberg ganharam mais uma fã.

O quinto filme da franquia do parque temático amaldiçoado chegou aos cinemas nesta semana, prometendo ser o maior já produzido. Mas, uma coisa é certa: desses 25 anos para cá, a revolução promovida pelo fenômeno do filme de 1993 inspirou e criou novos cinéfilos, artistas, cineastas e até mesmo pesquisadores ou como já li por aí: “definiu a ideia de uma geração inteira sobre dinossauros”.

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

E pensar que o filme seria, em um primeiro momento, totalmente diferente de como foi concebido. Não apenas no roteiro, que foi alterado, mas nos efeitos visuais também. Originalmente seria produzido com técnicas de filmagem – trucagens – e stop-motion (sim, os bonecos de massinha).

Testes chegaram a ser feitos sob a supervisão de Phil Tippet (assista aos vídeos abaixo), grande especialista da técnica, que até tinha realizado um trabalho com animais pré-históricos. Mas, no fim, ele apenas trabalhou junto com paleontologista Jack Horner. Os dois foram incumbidos de trazer mais realismo aos movimentos e a aparência dos animais.

“Parque dos Dinossauros” fez o impensável: arriscou e abraçou um novo processo de tecnologia e computação gráfica, misturando o que tinha de mais moderno em efeitos visuais da Industrial Light Magic de George Lucas e os animatrônicos de Stan Winston. O resultado foi pessoas saindo das salas acreditando que o diretor havia descoberto de fato uma ilha em que os animais estivessem vivos.

CIÊNCIA E ENTRETENIMENTO

Adaptado do livro do saudoso Michael Crichton, a obra original não estava muito interessada em seguir a física e fisiologia das criaturas: em um certo momento, o T-Rex chega até a nadar. Spielberg preocupado com o realismo fez consulta com diversos especialistas, contratando um para trabalhar essa questão e gerando o que todos conhecemos.

Claro que pesquisas e teorias já atualizaram e bateram diversas teses como as das características dos bichos do filme. Um exemplo é que diversos dinossauros possuíam penas (o que não tem nos filmes) e outra é relacionada ao tamanho dos Raptores, que seriam do tamanho de um cachorro pequeno, além do T-Rex enxergar bem, ter um olfato invejável e correr bem menos da forma que foi apresentada.

O filme, na época, porém, seguia as informações disponíveis. Hoje, a desculpa da série para que os animais tenham a aparência apresentada é por conta da mutação do DNA dos bichos que é misturado com de outras espécies (como anfíbios e outros répteis).

Por fim a produção colaborou e teve relevância para que essas informações fossem no fim estudadas e posteriormente contestadas, além de até criar um interesse público em um assunto que roteiro toca: DNA. Muitos pesquisadores se interessaram pelo tema e sobre clonagem.

Com um custo de um pouco mais de 60 milhões de dólares – na época uma fortuna – hoje, troco de pinga para um blockbuster desse nível – o diretor e os produtores ainda ficaram receosos em um primeiro momento, temendo um fracasso que seria terrível para o estúdio. “Jurassic Park” obteve um estrondoso sucesso nas bilheterias, está entre os maiores sucessos até hoje e ganhou continuações, brinquedos, virou atração de parque e está no imaginário das pessoas.

Resta apenas agradecer Spielberg pela ousadia. Depois de assistir ao “Parque dos Dinossauros”, tem duas coisas: você acredita que os dinossauros estão entre nós e nunca mais olha para um copo de água da mesma forma.