A Argentina teve predomínio no cinema da América do Sul no início dos anos 2000 seguido do boom brasileiro após “Cidade de Deus”. Quando a produção local parecia ter dado uma estagnada, eis que veio o Chile para um novo sopro de criatividade com uma ótima geração de cineastas. A repercussão internacional era imediata com a indicação de “No” para o Oscar (a primeira do país) e os prêmios de “Gloria” e “O Clube” no Festival de Berlim. O auge aconteceu neste domingo com a conquista de “Uma Mulher Fantástica” em Melhor Filme Estrangeiro.

Vencedor de três prêmios no Festival de Berlim 2017, “Uma Mulher Fantástica” acompanha a história da transexual Marina Vidal de forma inteligente. Não está ali um corpo meramente sexualizado ou discursos panfletários clichês: o que vemos é a busca de uma pessoa por respeito, de poder se despedir da pessoa amada, de ser tratada igualmente pelas autoridades, enfim, de viver normalmente. Tudo isso dentro de uma trama coesa e muito bem contada.

O filme, entretanto, nada seria se não fosse Daniela Vega. Não é preciso grandes arroubos dramáticos costumeiros em Hollywood para que sintamos a dor e humilhações de Marina; tudo é feito de maneira comedida e delicada como a obra de Sebastian Lelio pede. A decisão pela escalação dela, uma transexual, dá ainda maior realidade e impacto ao que vemos em cena.

Para períodos de tamanho retrocesso na América do Sul, ver a temática de “Uma Mulher Fantástica” ser reconhecida no maior prêmio de Hollywood é uma força para todos que lutam e um tapa na cara de quem insiste no preconceito.

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