Admito, não sou íntimo da franquia Sobrenatural criada por Leigh Whanell e James Wan (novo Midas do terror). Assisti apenas o primeiro filme da série, e lembro de ter achado um bom filme de terror. E então sou pego de surpresa por esse novo capítulo, o quarto entre aspas já que fiquei sabendo que apesar do filme ser continuação do seu antecessor, “A Origem”, ele é anterior aos dois primeiros. E se os dois anteriores forem no nível desse, já estabeleço essa como sendo uma ótima franquia de horror que cumpre muito bem a função de entreter e assustar.

A história é: Elise (Lin Shaye, sensacional), precisa voltar a sua cidade natal e encarar fantasmas do passado e um demônio que ainda reside em sua antiga residência. É justamente o passado da personagem que nos faz nos interessar pela trama, através de breves porém interessantes flashbacks, o diretor sabe como manter o espectador pregado na poltrona e ao mesmo tempo entendemos os dons da protagonista.

É interessante observar, mesmo que sendo um terror moderno, esse novo “Sobrenatural: A Última Chave” não abre mão de elementos que nos alerta que aquilo é fantasia. Seja uma pilha de bíblias antigas, coloridas e empoeiradas ou excesso de teias de aranha sem nenhum sinal de aracnídeos por perto.

Se você gosta de “jumpscares”, prepare-se: o filme usa e abusa do elemento, brincando com as expectativas, como se você estivesse dentro de uma atração de parque de diversões.

Desviar a atenção do espectador e do personagem e o susto vir de maneira inesperada é recorrente durante a projeção, ou ainda inserir elementos no canto do quadro ou por trás das colunas da casa assombrada, fazendo com que quem está assistindo fique apreensivo pelo personagem que não sabe o que está acontecendo.

Além disso o diretor Adam Robitel faz questão de dar ênfase ao som, seja no estalar da madeira, ou no ranger de uma porta. Até mesmo a bomba de petrolífera tem seu áudio amplificado para brincar com as percepções de quem está acompanhando o filme.

Para equilibrar e não pecar por excesso de tensão ou horror, o filme procura inserir elementos de humor, mesmo não funcionando muito bem em alguns momentos. A protagonista e a dupla de “sidekicks” (alguém avise a Leigh Whanell, que ele é roteirista e não ator), contrabalanceiam e fazem a trama pesada dar uma aliviada. As intervenções da personagem Elise funcionam melhor, mostrando a experiência da atriz e sua versatilidade em transitar de tensão para comédia.

Agora é engraçado como o filme carrega consigo um clima episódico, como se fosse uma aventura com o monstro/case da semana (mesmo sendo uma prequel). Com bons plot twists e sustos, o filme é uma boa pedida para os amantes do gênero e acredite: os sustos estão garantidos.